segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Prison sex


Intro:
Não escrevia há duas semanas. Pensei que o mês de Dezembro estava amaldiçoado. Mas não. Foi preciso um abalo na alma. E estou de volta.
Este título remota a uma música que ultrapassa a beleza real da podridão humana. E de certa forma encaixa nalguns destes textos. Princilpamente no último.
Estive numa pequena prisão. Julgo estar de volta.
Se alguém quiser comentar apenas um ou outro texto, pode faze-lo.
É bom estar de volta.



a)

O frio fustiga-me o rosto.
Mas não é frio que sinto...
Não sinto nada. Fechei a porta e um nó na garganta
Propaga-se em poucos segundos, num arrepio que corre
O corpo todo até chegar aos meus olhos.
Um suspiro sufocado de quem tenta abafar um choro
Sustem-se no ar por um breve instante.
Lágrimas tímidas aparecem nos meus olhos
Retraídas mas fortes o suficiente
Para não se deixarem ir...
Mais cedo do que tarde apercebi-me que o barulho
Por si só não bastava.
O barulho por si só não chega,
Não aperfeiçoa. Mesmo pensando
Que a sua ausência magoe...
Preciso que sentias isto, que me libertes,
Que te confies a mim...

b)

Estou aqui enquanto aqui pertencer.
Depois estarei noutro sitio qualquer. Igual,
Diferente, ainda não sei ao certo. Saberei
Na altura certa. Na hora que tiver de perceber.
Na linha do tempo a taxa de sobrevivência desce para zero.
E para morrer qualquer dia serve.
E serve de qualquer maneira,
De qualquer dor.
Deus tenha misericórdia dos seus filhos...

c)

Tenho na minha vida um pentágono construido
Com base no tempo, nas situações, no conhecimento.
Alicercedo na raiva e no ódio e na evolução
Da minha espécie. Deu-me vida, deu-me confiança
Para voltar a erguer as costas, depositou energia nos meus
Musculos e voltou-me a fazer caminhar,
Sem medo, arrogante e convicto numa causa nobre
Chamada viver, lutar e aprender.
Renascido das cinzas.
Profeta, sonhador a quem o sonho não basta,
Divulgador. Eu próprio atenoador e recriador
Da minha própria dor.
Um pentágono com bases pouco tremidas,
Com cores carregadas que variam entre o negro
E o mais negro ao branco mais branco.
Sou a incógnita mais complexa na mais simples
Equação.
Degrau primeiro: barulho e melodia...
Degrau segundo: alguma escuridão.
Degrau terceiro: simplicidade envolvente.
Degrau quatro: inicio de aperfeiçoamento...
Degrau último: elevação.

d)

Tudo importa, tudo! até os...
Olhos que para várias direcções olham...e que para...
Olhos se deixam olhar, em todas as direcções..
Longe do que não importa, valorziando apenas o que vale a pena.

e)

Encontrei uma espécie de sanidade temporária
Neste sangue
(...) e restos da tua pele e carne que
Tenho nas minhas mãos. (Mas passa logo depois...)
Sublime.
Demorei tanto tempo a descobrir que nunca vou mudar.
É impossivel não alimentar esta adrenalina,
Esta vontade negra, mas que parece tão iluminada
Enquanto está a ser satisfeita...
Um pequeno monstro. Igual aos outros.
Mas saboreio...
Estou preenchido, mas finjo-me vazio...e tenho
De encontrar alguém, um mártir, capaz de
Me preencher, de me saciar seja qual for a vontade.
Penetro num mundo que não é de todo meu,
É meu apenas o tempo necessário,
Depois deito-o fora.
E dele não sobrará nada, nem mesmo uma recordação.
Pareces tão precioso...meu pequeno mártir,
Pronto para um ritual de sacraficio, só meu
E da minha vontade...
Encontrei uma espécie de sanidade temporária
Neste sangue
(...) e restos da tua pele e carne que
Tenho nas minhas mãos.
(Mas passa logo depois...Monstruisidade humana...o pior monstro.)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Central Testamento - Onde está a virtude

Existem dois géneros de sabedoria:
A encontrada ao simplificar algo visto como complicado,
E a encontrada nas entrelinhas, no centro, no meio.


Não foi por acaso que nasci humano.
Dotado de racionalidade, dotado de coração,
Capaz de escolher cada direcção, de procurar
a verdadeira verdade.
Não sonho com um mundo utópico, a utopia não existe.
Acredito na evolução e no auto-aperfeiçoamento.
Procuro encontrar-me, neste inferno paradisiaco,
Onde anjos e demónios brincam juntos no mesmo jardim.
Sou igual a todos vós: capaz do melhor e do pior.
Mesmo que me esforce no melhor o pior acontece sempre.
Errar humano, e o ser humano não vive sem o erro...
O erro é passo do homem, o fogo que queima,
O erro é com sorte o inicio, e não chega a ser a meta...
Uma planicie, uma árvore, nevoeiro...
Sinto a o cheiro da escuridão, que se move nas trevas.
Uma bola de cristal, um ponto de interrogação,
A verdade deitada na mentira, uma nuclear explosão...
Vivo nos sete pecados e nas sete virtudes.
Vaidade,inveja,ira,preguiça,avareza,gula,luxúria...
Humildade,caridade,paciência,diligência,generosidade,temperança,castidade...
Para definir o bem escolheram palavras compridas...
Para o mal palavras de fácil compreensão.

(..)

domingo, 29 de novembro de 2009

Melhor é impossível

"Sabes, fecho os olhos e vejo-te,
Com o braço esquerdo por cima
dos meus ombros.
Vejo-me encostada ao teu ombro
naquele simples banco de jardim...
Não preciso de muito mais para
relembrar a forma
como te viraste e me beijaste.
E acredites ou não
ainda que só a relembrar sinto
a mesma sensação daquele dia...
o mesmo friozinho, a mesma sensação de
faltar o chão..."

Não é ridiculo. Não é descabido.
Ridiculo é deixar as melhoras coisas da vida
passarem por nós.
Descabido é deixar fugir
a nossa outra parte.
Nem pensar.

sábado, 28 de novembro de 2009

Sleeping beauty (acoustic)

Acreditas em sonhos?
Só depois de os realizar.
De os sentir feitos.
Quero acreditar.
Mas só depois de os ver vivos em mim,
De não passarem de um desejo bom,
De serem verdadeiros na acção e no espaço.
Quando os tocar e quando começarem a fazer parte de mim.
Acreditas no amor eterno?
Não, mas quero acreditar. O ser humano é complexo
de tão simples ser. E tão depressa agarra a laranja
para espremer todo o seu sumo, que pode ser infinito ou não,
como a larga...às vezes ainda a encontra no chão,
outra vezes perde-a para sempre...
Acreditas no para sempre?
Acredito na imortalidade da alma, não na do corpo...
Porquê?
Porque é mais fácil...porque a alma não pode ter fim.
Porque quero.
Porque sou alma, e a alma não pode morrer.
Existes?
Estou cá sempre. Nunca desapareci.
Abandonaste-me?
Nunca. Sempre estive aqui. Foste tu que fugiste.
Saiste do meu raio de acção...foste embora.
Nunca te abandonei, e nunca o conseguirei fazer.
Serás sempre a pessoa com a qual nasci e vivi.
Lembranças dessas não se destroiem.
Mas foste embora...e isso não se esquece.
Mas lembra-te, quando recordares amarguramente
esse sentimento chamado saudade que foste tu que te foste embora.
Não posso reencontrar alguém que não quer ser encontrado...
Foste embora...
Aceitas o amor?
Sempre. E dou o meu melhor por ele.
Sempre.

Agarro a laranja com uma força sobrehumana!
Uma força louca.
Como se fosse a última vez que estivesse vivo,
E sinto-me vivo para sempre,
Por te ter encontrado.

E agora repouso, sossegado, e feliz,
E penso e sonho,
Mas um sonho de realização futura...
Felicidade.
No meu sono de beleza.

"I believe I can cure it all for you, dear...
...drag the demons from you...
Make it right for you sleeping beauty." (A Perfect Circle)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

o Teu nome

So long.´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´|No way to recall
We wish you well.´´´´´´´´|What it was that you had said to me,
You told us how you weren't afraid to die.|Like I care at all.
Well then, so long.´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´|But you were so loud.
Don't cry.´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´|You sure could yell.
Or feel too down.´´´´´´|You took a stand on every little thing
Not all martyrs see divinity.´´´´´´´´´´|And so loud." (Tool..)
But at least you tried.

o Teu nome foi rasgado em mil pedaços...
hoje tudo o que piso são cacos que foram
espalhados pelos que te julgam representar na terra.
o porquê da minha raiva? Como Tu, deveria perdoa-los?
não tolero escravos da cegueira, não tolero
cegos que conseguem ver...
o Teu nome é banal para eles...És para eles
razão de rituais, de ideais que nunca Criaste...
Saiam da minha frente, desapareçam e convivam
apenas no purgatório...quando lá chegarem...
Pois tão depressa não chegam a mais lado nenhum...
Comigo não Perderás tempo...seguirei humilde e sorridente
para o Paraíso...ou arrependido para o Inferno...
Mas não Perderás o Teu tempo...
o Teu nome às vezes utilizo em vão...
honestamente tento não ver nisso grande problema,
mas há quem o use para outros fins...e guiam massas
num rumo por Ti nunca planeado...
onde estás? Porque esperas para parar esta trágedia?
dizem espalhar amor e bondade...
vejo frustração desde tenra idade...
e uma maldade mesquinha, pior muitas vezes do que a minha...
espalham alegria? espalham dedicação?
não, não espalham...
Guardam apenas ganância, mediocridade...podridão...
dizei ajudar...mas não ajudam...
e guardam tudo para eles...
vivem no ouro e no ouro morrem...
Mas onde estás?
o Teu nome não é crença, não é para eles
razão de profunda e simples reflexão...
não...
o Teu nome é por eles sujo...atirado ao chão e cuspido...
o Teu nome é para eles uma razão de passar o tempo
em convívio...
e nem tudo é o que parece...
mas nem sempre posso estar errado...
o Teu nome...
o Teu nome.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Primeira vez

Isto já não é sentimento, isto já não é pensamento.
É apenas sofrimento.
Rimo o que sinto, tudo isto é alimentação
do meu instinto.
Ainda não estou extinto. Não minto,
Não iludo, não tiro o chão a quem me sente e pisa,
A minha rima é negra mas purifica, é luz na guarida,
A magia por ela própria se concretiza...
A minha sabedoria é quase nula,
A única vontade que exerço na verdade é a gula,
Não desisto às portas do total, não me rendo,
Quero e vou querendo
Cada vez mais, enquanto respiro, vou correndo.
Força demolidora, irmã gémea da primeira vez,
Construo uma história só minha
Tento escrever e fazer aquilo que nunca ninguém fez.
Defendo a poesia, como se fosse rei ou rainha,
É a minha defesa, o meu melhor ataque,
A força que faz correr o sangue e que no meu coração bate,
A minha alma, nesta luta, neste combate.
Ignoro a arte e a beleza fútil, detesto véus,
Ignoro Vénus, Zeus, apenas abraço os meus
e tento não desapontar Deus...
Em cada acto, em cada demonstração, autenticidade,
Respeito, admiro e venero a minha cidade,
Lisboa, a terra mais bela, mais pura,
Em cada pedra da calçada, em cada rua,
Sinto-o como se fosse minha, como se eu fosse sua.
É um céu estrelado sem nuvens plantado
nesta realidade crua.
Sinto o sol, assim como sinto a lua,
Guerreiro que beija as feridas, sempre revoltado,
Até conseguir tudo o que quero não ficarei calado.
Não sou doença, tão pouco sou a cura,
Não sou deserto nem sou floresta,
Sou beijo na testa, sou alma modesta,
Estou vivo, sou crítico, contrariedade certa.
Como na primeira vez, caneta na mão
Rumo à revolução, destruidor da desilusão.
Continuo um ser vivo amante revelação.
O pior sabor vive no arrependimento
Tão certo como a tempestade
estar associada à cor cinzento.
Neste monte, só meu, onde sinto a realidade,
Onde penso para depois escrever
Onde sinto para depois viver,
Tenho de vos perguntar: Que mais querem para além da verdade?!

domingo, 22 de novembro de 2009

Tragédia

Criticar-me é como tentar implantar um cancro numa estátua...(I.M.)

Queria que se alimentassem disto
Como um mendigo que procura minuciosamente comida no lixo.
Cada monstro domina a sua interior fera
Reservando-se à implosão da espera...
Olhem que nem tudo é o que o parece
Como num museu de cera.
Sinto vergonha de quase tudo o que tenho visto
Em cada acto, em cada palco, em cada paisagem,
Perco a noção da verdade com a qual cresci...
Temo a realidade julgando ser miragem, e caio
na calçada, caio de muito alto de olhos fechados
para ignorar a vertigem.
Engulo em seco, respiro fundo, de rosto duro,
Olhos esquecidos no pensamento,
Escrevendo momentos na mente, captando o sentimento,
Fora do casulo abro as asas cinzentas e vôo para o cinzento.
Não rezo o Credo. Não me sento no desespero.
Não seco os gestos das minhas mãos na hipocrisia.
Não me rio da morte. Mas não a temo.
O tempo é curto e corre muito depressa...
Como se mesmo antes de pensar no assunto
já tivesse terminado a conversa.
Sou estranho como o desconhecido,
Sou trágico como uma bala a trespassar um corpo,
Sou a loucura de um louco,
Sou a carne morta de um morto presa no bico de um abutre.
O ser humano jamais me poderá surpreender...
Já nasci chocado, preparado, racionalizado...
E se vos condeno é porque já nasci condenado,
Firme na vontade de ver o vosso reino destronado.
O ódio é de novo desenterrado!
Ascendo numa espiral que me solta os sentidos...
Viagem espiritual, consciência ética e moral,
Descontinuação de um ritual, se vos quero ensinar o bem
tenho de vos mostrar o mal...
Cristão, rasgo almas de quem faz parte de associações
religiosas, essas mentes fracas que se julgam poderosas,
Criam em mim um monstro sem amarras
Capaz das acções mais horrorosas.
A ferramenta certa apazigua a tentação
de desiludir o mundo...
Como se vocês precisassem de ajuda...
Diria eu em tom irónico:
Uma tragédia.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A marcha dos mortos - Sinfonia da destruição (inacabamento parte três)


Queria começar por esclarecer para as mentes mais futéis, para aquelas que mais depressa se rendem à facilidade de se ser cego, que eu, distingo com alegria pessoas
que às vezes são hipócritas (não fujo à regra...quem foge?) daquelas que vivem na hipócrisia. Interrogo-me até que ponto já terão pensado nisto...mais grave ainda, interrogo-me neste momento, depois desta explicação, até que ponto terão agora compreendido...

Minha querida irmã, também eu trespasso o pórtico e entro.
Mas eu apenas o trespasso quando nele se encontra
a total ausência humana e o total silêncio...
Os meus irmãos são de sangue, os meus irmão são de amizade,
Os meus irmãos são quem amo, os meus irmãos são aqueles
que sofrem a miséria no corpo e na alma...Os seus nomes?
Ainda não sei...
O músculo da minha memória reclama por mudança.
O meu ritual? Pensar com lógica.
O meu arrependimento? Tentar aprender com o erro.
O meu perdão? Para mim próprio.
O meu ódio? É todo vosso...

Caminha o senhor padre para o altar. Na mão direita segura a cesta destinada a recolher o dinheiro para os mais pobres...a cesta quase não pesa. Na mão esquerda carrega a cesta destinada à sobrevivência, humilde, apenas para pão e àgua, da Igreja. Mas esta cesta, pesa. Pesa o fervor das massas. Pesa a alma. Pesa, em suma, toda a fé, a bondade, dos fiéis.
Que comece o ritual...
Alguns com medo do julgamento humano alheio ajoelham-se. Os mais próximo do senhor padre nem sequer hesitam. E alguns, mas só alguns, cientes do seu potencial tamanho mantêm-se em pé. Este teatro, perdoem-me a honestidade mais pura, revolta-me. Revolta-me? Revolta-me.

Agora chega o momento de louvar ao Senhor. Todos cantam. Os que desafinam são olhados de lado. Os que não sabem a letra da música fingem cantar, para não serem julgados. E as crianças cantam por terem sido obrigadas a cantar.


Minha querida irmã, também eu consigo observar com nitidez as estátuas e personagens que me olham das paredes. Cobertas com o seu véu de mentiras.

Escolheu Jesus para seu copo, um objecto de madeira...
Mas não chega ao homem algo tão severamente simples,
Não!, o homem precisa de ser mais,
O homem precisa de ouro...
Na simplicidade da mensagem divina
Vocês preferem criar uma mentira tão complexa...
Tão pesada. Tão rica...
Por rica entenda-se vazia. Falta de preenchimento.

As aparências. O julgamento. Tudo diferente do que deveria ser.
Meus "irmãos"...continuamos a caminhar em sentidos opostos...
Meus "irmãos"...Como posso eu amar alguém que apenas finge amar,
Alguém que grita aos céus pela vida miserável que carrega?
Como posso amar quem é quem não quer ser?
Como conseguem vocês viver nessa ilusão que nem sequer
vos agrada?

Continua a mesma marcha de mortos nestas ruas do mundo...
Frustrados de fé, angustiados pelo sabor da hóstia,
O vosso ser repudia o excesso de viver
que se debate com a força de se manterem iguais.

O senhor padre segura no ar o pão,
E na fome dos que já não aguentam,
Solta-se um suspiro,
Entra um anjo pela porta principal,
E sem ninguém o ver, ajoelha-se,
Reza por força para o dia do Juízo Final.
O dia está belo e sem nuvens, apenas se sente o sol,
Dentro das almas mais cegas ruge um trovão...
Mas não passou de uma luz fraca, dada a escuridão...
Erguem-se os exércitos sem inspiração,
Pequenos seres vivos sem ritmo numa música de tambores
sem canção, um hino aos esqueletos que fingem caminhar neste mundo.
Que comece a sinfonia da destruição...

(texto a bold : Joana Garcia, http://memoriasrasgadas.blogspot.com/2009/10/recado.html . Obrigado!)

domingo, 15 de novembro de 2009

Angel song


Disseram-me certa vez: Por muitas nuvens cinzentas e grandes que tenhas em cima do teu céu, lembra-te, que mesmo que não pareça, o sol está sempre atrás delas. A aquecer. A brilhar.
O que não me disseram é que por vezes fugimos do sol...outras vezes andamos à sua procura...
Esqueceram-se da lição: O que fazer quando o sol nos encontra, sem nós estarmos à espera...

As mudanças na nossa vida dão-se tão depressa como...como...um eclipse do sol! Sim! Uns instantes nas trevas...e de volta a luz...
Momento.

Este texto é talvez um apogeu da minha desorganização poética. Não por falta de empenhamento, mas por ter tantas coisas para dizer, tantas ao mesmo tempo que acabo por ficar a pender de um lado, descompensando outro, e quando corro para o equilibrar acabo por colocar peso a mais, voltando a desequilibrar.

Não existem círculos perfeitos. Não existe só o céu, nem existe só o inferno. Eles complementam-se. Pode parecer estranho, mas é o que penso. Eu não acredito no mundo perfeito. Acredito que podemos melhorar, mas nunca ser perfeitos.
Não existem círculos perfeitos. Mas talvez possam existir...

Estava no autocarro...olhava a paisagem difusa: sombras tremidas de árvores, alguns semi-montes, e muitos faróis de carros. Era noite. Aprovei o facto de não ter ninguém ao meu lado para me encostar ao vidro e relaxar...Como se isso fosse possível. Como podemos relaxar sabendo que estamos a viajar na direcção errada? Saber que estamos a fugir do sitio onde de facto deviamos estar? Não é do sitio...

..Como podemos estar relaxados sabendo que a nossa vontade ficou presa a alguém que ficou para trás? E nós...a ir na direcção oposta...

-Está a dar a tua música...no rádio.
-Angel Song?
-Sim! Como sabes?
-Também estou a ouvi-la.

Acredito no destino? Sim. Mas acredito que o destino nos dá duas coisas:
Sinais (pistas, ajudas) e alguma hipótese de escolha. Para o bem e para o mal.
Consigo sempre ver os sinais? Quase sempre.
Existem alturas mais importantes para reparar neles? Sem dúvida.

Estavamos sentados...num café.
-Estás a ouvir a música?

"Something always bring me back to you..."
-Sim.
(A primeira música de que falamos...Não fosse isso já por si um pormenor engraçado na altura...)


As coisas mais simples são as melhores...e esta frase carregada de cliché faz-me sorrir tanto. Eu sou assim mesmo. Peço tão pouco. E peço tão simples. E quando encontro? Sou a pessoa mais feliz do mundo.

Para quê complicar equações? Às vezes a solução é só uma...


Nada é em vão, e nem só de recordação vive o homem,
E um dos melhores sabores que podemos provar
é sentir o sonho tornar-se realidade
a vontade tornar-se acção...
É no meu corpo sentir a tua respiração.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Complex mess

"But you can't escape the truth, no matter what you want to believe, it always comes back to you." LAM

No que nos tornámos?
De onde viemos, para onde vamos?
Nós não compreendemos...
Compostos de divindade, bem e maldade...
Eu não compreendo. Por muito que queira compreender.
Passadas tantas horas...tantos dias...e muitos segundos
Encontrei finalmente uma luz, que não é falsa.
E já decidi.
As trevas podem ajudar a reflectir...
Se mal usadas podem levar à escuridão.
Por isso não a acolho.
E eu não posso fugir à verdade.
Nem ela me pode fugir.
Não pode. Ninguém foge muito tempo à verdade...
Porque a verdade não é só teórica, acaba por
querer aparecer, e torna-se acção.
Quando a verdade devolve a audição a quem não tinha
Quando tira a corda que nos tapava os olhos
Quando retira o gelo ou o quente do nosso coração:
Aí sim, é a verdade verdadeira.

Estou nesta complexa desorganização,
Onde ainda procuro coragem de arrumação, e um sabor,
Uma luz.
Mas já estive muito,
mas muito
mais longe...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A letter to God

Porque não sei até que ponto conseguirá Deus fazer tudo sozinho...

{"De acordo com a Bíblia, os anjos são espíritos, assim como o próprio Deus é um Espírito. (Salmo 104:4; João 4:24) Embora sejam como os humanos na questão de terem personalidade e livre-arbítrio, os anjos não começaram a vida como humanos. Na realidade, Deus os criou antes mesmo do surgimento da humanidade — antes até da criação do planeta Terra. Quando Deus ‘fundou a Terra’, diz a Bíblia, “as estrelas da manhã [anjos] juntas gritavam de júbilo, e todos os filhos de Deus começaram a bradar em aplauso”. (Jó 38:4, 7) Visto serem criação divina, os anjos são chamados de filhos de Deus. Os anjos para ajudar o ser humano podem entrar no físico, na vida dos seres humanos de várias maneiras."}

Dear Father...


Hoje voltei a caminhar junto aos teus filhos,
Como me pediste...
Vestido todo de preto, fingindo caminhar na escuridão,
Como tu me pediste.
E chorei de tristeza, quando não aguentei mais
suster as lágrimas que me preencheram os olhos...
Sinto-me culpado por pensar, mas parece que por vezes
este teu mundo está desordenado. Amaldiçoado.
Sei que tu tens uma razão, até para mim desconhecida.
Mas mesmo assim...
Eu caminho por este mundo, por ordem tua,
E observo tanta tristeza...
Vejo rostos carregados de agonia, de ódio,
Cheios de força destrutiva. Para quê?
Porquê?
E por muito que tente levar cada um pelo seu
certo caminho a maioria já não me ouve...
Muitos nunca me ouviram...
Alguns afastam-me como se fosse perigo,
Outros fogem, nem me deixam ser cupido...Porquê?
A minha aura luminosamente clara começa a fraquejar...
E a tentação que se aproxima é desistir.
Porque estes teus filhos não agarram a vida,
Deixam-se levar...para lado nenhum.
E deixam morrer a chama, mesmo antes do corpo.
De que serve caminhar-se sem alma?
De que vale ter-se poder, senão se souber usar?
De que vale dar-se a escolha, se eles preferem estar
confusos?
Deste-lhes mãos para construir e agarrar...
Eles preferem matar,largar e destruir...
Para quê?
Deste-lhes a capacidade de ser felizes...de amar...
Meu Pai...o ódio é dono dos seus passos, acções
e coração...
Eles desesperam por serem fracos...ignorando
o poder que detêm...
E os que julgam deter mais poder do que o que têm
acabam entregues ao fim...
Carta triste é esta que te escrevo...Mas é a verdade.
E este planeta, esta prenda por ti dada,
Caminha para a destruição...
Querias que tratassem dele? Mas eles não tratam...
Nele ainda criam morte, devastação...Pai...
Sinto-me de mãos atadas...que posso mais eu fazer?
Caminho na rua e vejo tanta ganância, tanto materialismo...
Que contrasta com a fome e a solidão...
E quando os meus olhos brilham, avistando uma oportunidade
Logo me entristeço vendo nela mais um desperdicio...

Continuo por aqui o trabalho que me foi destinado...
Não fujo ao teu mandamento...nem à tua vontade...
Mas ouso sentir por vezes,
Que apenas aqui estou
para me mostrares o valor de ser teu anjo
e não um ser humano...
Porque tudo o que eu vejo, toda esta calamidade
cria em mim a vontade de sentir ódio...
Frustação...e quase pena da humanidade...

(Parêntesis inicial : http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090929112722AAA4U95)

domingo, 8 de novembro de 2009

Palavras para quê?

Eu digo-vos para quê.
As palavras ajudam-nos a comunicar...
Ajudam na saudade, ajudam a manter as coisas no devido lugar,
E na sua História.
Nem só de palavras é feito o mundo.
Mas elas estão cá para nos ajudar.

Estarão mesmo?
Não sei...mas quero estejam...
Porque há pessoas que fazem com que as palavras
valham mais que mil imagens...
Há pessoas que fazem das palavras actos,
E reflectem tanta força e honestidade
que as sentimos tocar-nos, sentimos o seu sabor.

Palavras para quê?
Porque existe quem as escreva...
E me faça elevar...
Tão próximo como uma mudança necessária...
Tão luminosa como uma religião.
Porque existem palavras, que são o que são...Como isto:

Tool
Reflection

"I have come curiously close to the end, now
Beneath my self-indulgent, pitiful hole

Defeated, I concede and
Move closer
I may find comfort here
I may find peace within the emptiness, how pitiful

And it's calling me...
It's calling me...(x3)

And in my darkest moment, fetal and weeping
The moon tells me a secret, her confidant
As full and bright as I am
This light is not my own and
A million light reflections pass over me
The source is bright and endless
She rescusitates the hopeless
Without her we are lifeless satellites drifting

And as I pull my head out I am without one doubt
Don't wanna be down here serving my narcissism
I must crucify the ego before it's far too late
I pray the light lifts me out

Before I pine away...(x4)

So crucify the ego, before it's far too late
And leave behind this place so negative and blind and cynical
And you will come to find that we are all one mind
And capable of all that's imagined and unconceivable
So let the light touch you, so let the words spill through
And let them pass right through
Bringing out our hope and reason

Before we pine away...(x4)"


Não, não é obsessão...é continuar a saber que vale a pena...

sábado, 7 de novembro de 2009

Mer de noms 8º : Sophie

Sophie o céu está próximo.
Já podes fechar os olhos, deixar a vida
para trás, podes soltar as asas e voar.
O céu está próximo Sophie,
Deixa-te ir, deixa para trás o que tem de ficar:
Quem amavas, quem te amava, todas as matérias que possuias.
Um lugar melhor? Espero que sim...
Um lugar perfeito? Dúvido...
Apenas melhor
(Como se isso foi assim tão dificil de alcançar)
Muito melhor.
Sophie escolhe bem as tuas últimas palavras
Pois serão ouvidas com uma atenção nunca antes sentida
E ficarão na memória de quem escolheu estar ao teu lado...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Agradecimento

Só para agradecer a todos os que comentaram o post Sentimento versus Razão. Em primeiro lugar agradecer a duas pessoas que apesar de 'seguirem' o blog costumam ficar na 'sombra', retraídas:
O meu primo João (esse grande maluco), e à C.C. (obrigado).
Agradecer à nova comentadora, Maggie.
E claro, às três pessoas que estão comigo desde o inicio:
Sofia, Joana, Liliana.
Estou a fazer este agradecimento pois fiquei satisfeito com o número de comments...apesar de serem quase obrigados. Foi uma boa meta.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sentimento versus Razão



(Agradeço que quem quer que seja que leia este texto ganhe vontade para o comentar, dado o seu conteúdo. Obrigado.)

Este é um texto já à muito aguardado. Um tema que está dentro de mim desde que nasci, e que hoje em dia, mais do que noutra altura qualquer, ganha uma dimensão e uma importância bastante relevante. É tema de discussão, de reflexão, é de certa maneira a essência da condição humana, tirando outro grande tema que é: Bem versus Mal.
Finalmente, passado tanto tempo, encontrei um texto capaz de preencher a imagem escolhida...que seja para o românticos, os sentimentalistas, a sabedoria a sair do coração...Que seja para os racionais, a força suprema da razão a dominar e a vencer o coração.
Não lhe poderei chamar um estudo, dada população escolhida, mas em conversa com algumas pessoas, seis para ser mais concreto, em que uma delas sou eu, cheguei à conclusão (se lhe poder chamar conclusão...) que o resultado final foi 3-3.
Este assunto, mais estas conversas todas, já me davam vontade mais do que suficiente para querer escrever este texto...mas ainda faltava algo. E foi então, que hoje, em revisão de alguns textos, encontrei uma frase por mim escrita, que deu talvez, o golpe fatal, e me aclarou de vez o espírito...A razão para mim, é a vencedora:
Mas nem só de felicidade vive o homem…

Eu, na minha "tese", declaro com uma simplicidade algo extrema a principal diferença
entre razão e sentimento. Na minha opinião a diferença reside no que "sentimentos", no grau\nível da nossa felicidade. Dito isto, resumo:
Sentimento\Coração : a nossa felicidade oxila entre ódio e o amor, a nossa felicidade pode alcançar o melhor e pior. É talvez incostante.
Razão\Cérebro: a felicidade é constante. Varia muito pouco ou quase nada. Pode variar entre alguma felicidade a mais , ou alguma tristeza.


Apesar de odiar, repulsar, tudo o que seja morno, abro uma excepção produtiva e importante no caso da razão...

Na minha opinião, outra grande diferença são actos.
Na minha opinião quem sente, o sentimentalista, o romântico, raramente pensa. E por amar, não se confunda com pensar...amar é agir, é sentir apenas...é dar tudo, sem pedir quase nada em troca. De certa forma, é o ser humano em expansão...Ao amar, nem sempre se pensa no que pode acontecer de bom ou de mau. Quem ama pouco ou nada pensa...pelo menos inicialmente. Quem sente é autêntico, não mede, não foge, apenas dá o melhor de si. Será sempre isso bom? Nem sempre.
O racional pensa muito e não se dá ao amor tão facilmente. O racional já conhece o sabor da amargura e já conhece o sabor doce, mas não se engana. O racional sabe o que é uma cicatriz e sabe ou tenta saber como evitá-las. O racional pensa, e isso faz toda a diferença.

Já não me iludo. E de três grandes frases populares, uma delas minha preferida, e dada por mim como verdadeira é:
O que não nos mata, torna-nos mais fortes. E por fortes entenda-se tudo o que escrevi anteriormente: pensar, não entregar tudo, pensar.
Se me arrependo de ter mudado? Muitas vezes...Mas sei que sou melhor assim.
Se por um lado vocês provam o sabor melhor da vida
Eu por outro não provarei o pior.

(Sinto que ainda falta muito por escrever sobre isto, para já fico por aqui)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mer de noms 7º : Catherine

Catherine esqueceste o passado.
Catherine venceste a negação...
Trazes nas mãos a contrucão do teu fado, do teu destino.
E pergunto-me, de vez a vez, onde estarás escondida.
Não voltaste a casa, não mandaste carta.
Estarás tu algures perdida?
Sempre te reconheci uma sorte farta, mas mesmo assim...
Onde estás?
Seguro nas minhas mãos uma carta imaginada,
Onde contas a tua vida, os teus feitos,
As tuas conquistas...
Respondi-te...numa morada infinita.
Catherine...agora que penso em ti
só me recordas desilusão.

domingo, 1 de novembro de 2009

Espelho contraditório

Quando olho para o espelho vejo a minha cara. Como se fizesse uma lista de compras, coloco defeitos e qualidades. Depois olho para os meus olhos...Que fazes tu desse lado, tão perto de mim mas ao mesmo tempo tão longe...
Pois tudo não passa de falta de ocupação, como se amar alguém não fosse mais que um passatempo, uma brincadeira deste jogo chamado vida. Pois talvez até estejam certos, pois talvez eu esteja errado. Talvez, quem sabe, estejamos ambos errados.


Quando me vejo ao espelho
Não vejo quem sou, vejo o que os outros vêem.
Eu mesmo, sempre mais velho, mais desigual.
Um retrato pintado a tintas vivas que se mexe
ao sabor do tempo. Sento-me à margem desse rio enorme
chamado oceano olhando, sem fazer quase nada.

A paz que detenho é uma paz inglória, nada fiz para a merecer.

(a música embala-me enquanto passeio entre hesitações)

Não...
Mas desta vez fui apanhado sem querer,
Em algo mais forte nunca antes sentido...
Algo novo? Será esta sensação de todo desconhecida?
Até que céu conseguirei eu chegar
se me deixar ir ao sabor da brisa?
Por vezes esqueço...
Nós seres racionais esquecemo-nos de amar...
E os que amam, esquecem-se de pensar...E depois,
Sobra sempre ignorância, de quem não quer tentar.
Ou de quem vive tentando, sem conseguir.
No fundo, caminhamos todos para o mesmo fim...
Apenas caminhamos por estradas diferentes...com pessoas
diferentes.
E tudo o que vos posso ensinar é o que sinto,
O que penso, o que já fiz.
Tudo o que vos posso pedir é apoio para chegarmos
mais longe, mais fundo, onde mais ninguém esteve.
Esqueço-me...mas é a verdade,
Por vezes pensamos tanto tempo na maneira de fazer...
Que nos esquecemos de fazer de facto.
Dá-me as minhas asas...
Volto-me a ver ao espelho...o que mudou?
Nada...cresceram-me asas negras, num corpo humano...
Estarei certo? Ou serão asas brancas num monstro?
O que me importa? O que vos importa?
O que te importa?!
Importa-me ser...
E para já não quero ser nada...
Ou mais nada...



(Este texto começou há muito tempo a trás. Ficou guardado e foi completado hoje.
A ideia do espelho contraditório, não tem nada de especial. Tirando o facto de ter sido uma tentativa algo falhada de uma nova compilação de textos, que nunca existiu. Desde essa tentativa, apenas surgem poemas espalhados, sem ordem ou lugar, ou lógica de seguimento. O blog é o exemplo disso mesmo. Na practica, a ideia, a imagem que imaginei são dois espelhos frente a frente, criando aquela imagem bela de "infinitos" espelhos, dentro de espelhos dentro de espelhos...simbólicamente: o nosso infinito...a ausência de limites. Ficou a ideia registada. O contraditório...enfim...serve para todos nós um pouco?)

25\05\09 - 01\11\09

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vingança (Acto Terceiro)

"We spend our lives destroying, hating.." (LAM)
Desta vez, o único réu, sou eu.

Não cheguei a acordar do pesadelo...
Quando dei por mim, estava apenas a vivê-lo.
Os sonhos saboreiam-se até se ser reconhecido
a sua impossibilidade. E cai nessa altura
um trago amargo na minha garganta...
Como fui capaz de levar o sonho tão longe?
Mas o ser humano finge erguer-se,
Finge ganhar forças...
Finge tentar novamente.
Já o disse, há muitos anos, sou diferente
de vós por ser um monstro consciente.
As garras afiadas penetram carne humana,
Umas vezes para salvar, outras para deixar
menos viva.
Rasgo a realidade por tentar aplicar nela alguma cor,
alguma magia. Não algo ilusório. Algo com significado.
Por vezes consigo. Outras vezes mancho a realidade,
Com nódoas bruscas de tons cinzentos e pretos.
A minha pele é dura, mas a dureza tem pouca espessura.
E por dentro da pele, existem várias camadas.
Algumas estranhas, outras usuais, outras melhor limadas.
O desejo de encontrar algo pelo caminho é muito forte,
E quando encontro quase largo tudo, muitas vezes por nada.
Mas o ser humano chora, o ser humano finge ter aprendido
com o erro...
Eu não choro, eu não finjo ter aprendido. Ainda não aprendi.
Porque razão devo mentir? Devo colocar-me aos vossos pés,
Com uma face comovida, fingindo-me renascido?
Não...
Prefiro viver no meu pesadelo.
Existem duas saídas para quem vive com uma sombra de parceira:
Sair dela, mais forte,
Ou ficar nela, apodrecendo...
Se olharem para mim, como mero criador de frases,
Nada vos custará. Não vos voltarei a fazer sonhar,
Nem a querer mais do que o que podem.
E os meus olhos?
Os meus olhos valem pela clareza...
Olha-me nos olhos e verás o que sinto.

Vingança. Ultimamente vivo rodeado
de desilusão, tento agarrar pequenas peças,
Mas é tentar em vão.
E a frustração acompanha-me, em passos largos.
E quando penso...penso muito mal.
E por muito que queira,
o rancor, e a raiva, e o ódio,
Estão cá.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Wings for Marie

Hoje foi um dia estranho. Sobrou no meu espaço e tempo, capacidade para absorver músicas que me fazem sentir, sentir mais longe, transcender o normal de mim próprio.
Como vivo, como me alimento de sentimentos, que tão depressa aparecem, e não desaparecem logo...Ficam a bater no peito, sempre um pouco mais do que o necessário.
Penso sempre: serei só eu? Serei apenas eu que sinto isto? Acabo por ficar sem resposta. E mesmo que me ajudem, que me digam aquilo que sentem, continuarei igual...porque a resposta é minha. E terei de ser eu a mudar-me.
Mas fico sempre a pensar. Onde terei falhado, onde terão falhado.
E é por isso que cada vez mais tento ignorar o facto de me querer aproximar, de tentar escavar mais fundo. Porque mesmo sabendo que o tesouro está lá, mesmo que muito enterrado, prefiro parar a escavação, abrir portas ao ódio, e deixar-me ficar.

O meu maior medo, neste momento, neste instante, nesta fase da minha vida, é só um:

O medo de estar errado.
Não suportar errar novamente.
Ficar preso aquele que erra sempre.

E em tantas músicas, em tantas letras,
Revivo-me numa frase:

"Terrified of being wrong..." (The grudge - Tool)

(inacabado)

domingo, 25 de outubro de 2009

Na tua ausência

O sentimento de saudade não precisa de justifação,
É uma ausência que faz tremer a alma,
Que me comove a sensação.
Alimenta-me, preenche-me.
Pacifica toda esta pequena aflição...
Nunca devias ter chegado,
Sabendo que ias partir,
Deixando-me deste lado num fogo tão alastrado...Porquê?
O equilibrio, a verdadeira existência,
estando tu a meu lado...Porquê?
A felicidade traz com ela um enorme vazio?
Faltas-me. Tanto tempo
estive aconchegado,
Agora estranha-me o frio.
Prefiro o ódio, prefiro a raiva,
Prefiro tudo o que me deixa sentir
E não aquilo que me faz ficar sentido.
E o silêncio...a tua ausência...é tudo tortura.
Foge desejo...foge para longe,
Onde não exista necessidade de ser e estar,
Onde não encontre a tua presença...
Na tua ausência acabo perdido, sem lugar onde
aguardar, e sem querer acabo num lugar esquecido.

Longe dos olhos, longe do coração?
Enormes incultos, enormes sonhadores...
Eu quero aquilo que eu quero,
Aquilo que ninguém me pode dar...
E repito vezes sem conta, até que regresses
dessa tua ausência.
Pequeno pedaço divino, pessoa,
onde me deixo envolver, sem
pressa, sem lentidão,
Onde começo, onde sou, onde fico, onde acabo...

Porque não lutas por mim?
Já lutei.

Porque me olhas assim?
Porque nunca te olhei...esse véu, essa realidade,
E a verdade magoa...mas nem sempre.

Acabei de te reencontrar.
Eu sei.
Todo o tempo do mundo,
agarrado, fugido, tempo vagabundo.
De ti sobra algo que nunca terei,
Acaba por sobrar
teu o sonho de te querer,
E de fazer o que nunca tentei, não pude nunca.
Ficas comigo, apenas e só,
nesta ilusão, e sobras em mim
apenas na tua ausência...
Sem nunca ter agarrado a tua essência...
E sobras em mim apenas na tua ausência.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Bater no fundo para depois sentir a gravidade (3º e último)

(1ª parte : http://versologista.blogspot.com/2009/07/bater-no-fundo-para-depois-sentir.html
2ªparte : http://versologista.blogspot.com/2009/10/bater-no-fundo-para-depois-sentir.html)

Pequena nota final:
Cada um é livre de pensar o que quiser, mas quero explicar que este filme para mim não é um fanatismo, nem uma obsessão, sei apenas que é algo que de facto vale a pena. Passar, para este blog com palavras minhas, os seus melhores momentos, é apenas uma forma de vos tentar elevar a alma e o pensamento, nem que seja por breves momentos, como me fez a mim...Infelizmente, este é o último grande momento que encontro para descrever. Espero não ficar por aqui. Que ainda encontre outras formas de conseguir explorar e divulgar tudo aquilo que descobrir.
O filme da minha vida, Fight Club.

(Constituição escrita do filme.)

Estava irritado. E ninguém é perfeito. Mesmo querendo evoluir como ser humano, continuo e serei sempre um ser humano. E hoje senti-me posto de lado, quando o Tyler criou o Projecto Destruição...depois, senti ciúmes...Fui o sentido de rejeição do Jack...Isto para dizer que estava irritado. Durante mais uma sessão no Clube de Combate, numa luta normal, desobedeci a umas da regras...Gritaram : pára!, mas eu não parei...continuei a esmurrar a cara do rapaz que estava no combate comigo...não consegui parar...toda a minha fúria foi direccionada para o rosto do rapaz...as palmas e os uivos dos outros participantes foram diminuindo ao ver o estado facial do pobre coitado...mas eu não me apercebi disso...na minha mente só tinha ódio, e os meus pensamentos eram tão trágicos e maus como os efeitos de cada murro que dava:
Quero colocar uma bala entre os olhos de cada panda que não é capaz de procriar só para manter a continuação da especie...Quero encher de petróleo todas as praias francesas que nunca vi na vida! E no fim, o mais drástico...QUERO respirar FUMO!
O silêncio tinha-se instalado à minha volta...agora conseguia ouvi-lo. Olhei para a cara do jovem...estava desfeita. Alguns dentes tinham saltado...
-Levem o rapaz para o hospital. Disse o Tyler. Ondes estavas com a cabeça rapaz psicótico?
-Apeteceu-me destruir algo belo...Foi a minha resposta.
Seguido este momento, ambos entramos num carro. Fomos dar uma volta. O Tyler conduzia e eu ia no lugar do morto. Vinham mais dois participantes do Clube de Combate na parte de trás do carro. Passados uns minutos o Tyler:
-O que se passou contigo? Está tudo bem?
-Não, não está tudo bem! Porque não me contaste sobre o Projecto Destruição?!
-Então isto é sobre nós os dois?!
-Eu só gostava de estar informado sobre algumas coisas...fomos nós que começamos isto!
-Nós somos iguais aos outros, não somos especiais! É isso que tentamos mostrar aos outros...
-Mas eu só queria estar mais informado! (A conversa começava a irritar-me.)
-Cada um é que sabe o nivel de envolvimento que quer ter. O Tyler respondia-me de forma exagerada. Como se eu não fizesse bem o meu papel. E continuou:
-O que é que tu queres afinal? O que pensas da tua vida?
-O queres dizer com isso?
-Se fosses morrer agora, o que pensavas da tua vida? O que querias ter feito de facto e que nunca fizeste?
-Não sei!
O Tyler começou a deixar o carro passar muito devagar para a faixa contrária...via agora faróis que vinham na nossa direcção...Perguntei:
-O que estás a fazer? Estás doido?
-Se a tua vida acabasse agora, o que pensavas?
-Não sei! E pára com as brincadeiras! Volta a por o carro na faixa certa!
O Tyler continuou na faixa errada, alguns carros buzinavam e desviam-se do nosso:
-Diz-me, o que pensas da tua vida?
-NÃO SEI! O que queres ouvir??
O Tyler virou-se para trás e perguntou aos nossos amigos...
-Rapazes, o que foi que nunca fizeram mas que queriam fazer?
-Construir uma casa!
-Pintar um retrato!
-E tu?
-Não sei, DESVIA-TE!
Um camião desviou-se apenas alguns metros de nós e o Tyler voltou para a nossa faixa. Estava farto daquilo tudo:
-Porra para ti! Porra para o Clube de Combate! Merda para a Marla e para todos neste mundo!
O Tyler ria-se:
-Tu não sabes ao certo o que queres...Tão pouco te conheces. E ainda temes perder toda a esperança para conseguir tudo...Falta-te coragem, para ser aquilo que queres ser! Aos poucos, o Tyler começou a mudar de faixa, mas mais devagar...
-O que estás a fazer?
-Às vezes temos de nos deixar ir...
-Volta para a nossa faixa! O que estás a fazer?! Comecei a virar o volante...
-Olha para ti! És patético! Tens medo de tudo, há coisas que não podemos nem temos de controlar!
-Eu o quê? Não...
-Sim para de ser assim! Ganha coragem e enfrenta o mundo. Não te deixes perder na solidão de pensamento! Luta! E deixa-te ir!
Voltei a tentar puxar o volante...
-DEIXA-TE IR!
-Ok...Ok...
-Rapazes...apertem os cintos...
O carro continuou...o Tyler já nem segurava no volante...o carro ia a uma velocidade constante, 60\70Km hora...a chuva o vento...fazia o carro andar de um lado para o outro...a dada altura aparece do nada um carro parado...choque...

Passados uns minutos estavamos fora do carro. Todos partidos, mas bem...
-Sim!,gritou o Tyler. Estamos vivos!

Fim.......................................................................

O cabo do medo

Um casaco preto guarda uma pessoa, sentada em cima de uma rocha.
Sentada em todo um tédio existêncial.
As respostas, as perguntas, todos os ensinamentos.
Uma vida, algumas experiências...
Um rosto fustigado pela chuva aguarda sinais de tempestade.
Tudo o que pode fazer é reter o medo interior,
E aguardar, sentado numa rocha, ignorando o aborrecimento.
Simplificando...
O arrependimento não mata, mas faz doer...
A ignorância não mata, mas magoa-me.
A hipócrisia rasga-me a paixão de viver bem.
Incompleto.
Sou paciente...era paciente. Agora luto contra os ponteiros
do relógio, na vontade de os apressar...
Sempre gostei mais de ensinar, de mostrar melhores caminhos
a quem me rodeia...falta de humildade num ser inconstante.
Sorte tenho, em tudo aquilo que não quero observar,
E neste cabo do medo, vendo as ondas crescer,
A fúria pequena que me embala,
Mostra-me quem realmente sou.
Não reprimo ódios, solto-os, sem medo.
Não reprimo amor, mas já não o solto mais.
Conhecido por gostar de estar sempre acompanhado,
Apesar de estar quase sempre sozinho,
Procuro na vida algo que me atinja fortemente,
Que me faça agarrar tudo com toda a força,
Quero voltar a sentir o que já não sinto há muito tempo.
Não me considero perdido, estou apenas esquecido,
Um desencontrado à procura de um verdadeiro sentido.
Poucos conhecem o verdadeiro amor, que entra em nós,
Que se transforma numa luz forte, capaz de remover barreiras.
Quero voltar a sentir, vida a entrar e a sair de mim,
Como se fosse oxigénio.
Quero encontrar pessoas que façam por mim o que eu faço por elas.
Não que o faça pensando ter algo em troca...
Conhecido por simplificar todas as complicações criadas
por outrem, por tornar o complexo em algo mais
acessivel...mas começo a querer complexidade.
O mundo mais simples, a vida mais simplificada,
Começa a não fazer sentido...mas temo que
tornar tudo isto mais complicado não seja
de facto a solução.
Por vezes primitivo de pensamento, humano de instinto,
Sinto falta de ser importante. De fazer falta.
Saudades são para quem deixa fugir,
O importante é agarrar...aproveitar o fruto,
Nunca esquecendo que a verdadeira beleza
está no interior e não na casca.
Elogiado pelas frases que escrevo,
Por algumas frases que digo,
Continuo sem perceber o que me fica a faltar...
Várias fases, várias mutações,
Tudo na mesma pessoa.
A minha capacidade de destruir, de acinzentar cores,
Está-se a tornar uma constante, uma sede.
Mas não será por muito mais tempo.
Na teimosia de sonhar sem lógica, na verdade que magoa,
Começo a encontrar a saída da minha negridão.
Sou igual a todos vós...com a diferença
de querer ser diferente.
Não se iludam e não me iludam.
Um casaco negro afasta-se do vendaval. O mar acalmou...
E mesmo que volte a rugir, já não estará ninguém
para comtemplar a sua fúria...

Mer de noms 6º : Jimmy

Como foi veres a face da tua estabilidade,
Do teu equilibrio? A tua outra parte...
Mas quando voltas a olhar estás só,
Deixaram-me sozinho, esperando a morte...
Deixaram-te sem nada, sem esperança...
Porque não interessa a forma como aceitas o destino
Interessa sim a forma como o modificas,
A maneira como te serves dele para ser feliz, e melhorar...
Como foi veres a face da tua estabilidade?
Quando voltas a olhar, ela já se foi embora...
E tudo o que te resta, é gritar, mostrar reconhecimento no teu erro,
Para que Deus ouça a tua compreensão:
AHhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...

(Inspirado na música Jimmy (Tool))

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Bater no fundo para depois sentir a gravidade

(1ª parte : http://versologista.blogspot.com/2009/07/bater-no-fundo-para-depois-sentir.html )
(Constituição escrita do filme.)

Ontem o Tyler disse-me que ao menos a Marla estava a tentar bater no fundo...levei a mal. Como se eu não tentasse...De momento estamos na cozinha desarrumada do Tyler. Ele está a fazer sabonete caseiro. Não vos passa pela cabeça a origem da melhor gordura para fazer sabonetes...Isso mesmo, gordura humana. O Tyler está a mexer nas panelas, com uma luva amarela na mão.
-Aproxima-te. Senta-te.
Sentei-me à frente do Tyler, virado para a mesa de madeira rectangular. A mesa estava cheia de objectos e substâncias dais quais eu não fazia a minima ideia da sua função.
- Dá-me a tua mão.
Eu dei-lhe a minha mão. O Tyler pega na minha mão e beija-a com um ar de respeito.
-Para que foi isso? Perguntei eu.
Ele pega num recipiente branco e antes de colocar o seu pó na parte de cima da minha mão diz:
-Isto, é uma queimadura química...
MAS O QUE É ISTO? QUE DOR! PÁRA! PÁRA! O QUE ME ESTÁS A FAZER?! Isto pensei eu, numa agonia dolorosa, porque da minha boca só saiam gritos, gritos de uma dor imensa.
O Tyler segurava-me na mão, com uma força também imensa. E a dor não me permitia encontrar resistências para a puxar da mão dele. A minha dor abafava qualquer ruído exterior...Estava sozinho com a minha dor...mas não seria por muito tempo. Vou-me refugiar longe disto...fechei os olhos...tentei ignorar a dor...foi isso que me ensinaram nos grupos de ajuda...Aqui estou eu...a entrar na minha caverna escura, a manter a calma...O Tyler começou a falar:
-O que estás fazer?! Não a ignores! Essa é a tua mão! A tua mão! Não a tentes ignorar! Aceita-a! Estás-me a ouvir??
Eu não queria ouvir...voltei-me a concentrar na caverna...na ausência da dor...sim...quero sair deste sitio...O Tyler deu-me um estalo na cara:
-Estás-me a ouvir? Estás a desperdiçar o melhor momento da tua vida! Aceita a dor, não fujas dela!
Eu ainda concentrado na minha dor (estranho seria não estar) não sabia que estava prestes a aprender mais uma lição da minha vida...O Tyler continuou:
-Não deves temer a dor, é a tua dor, tens de te deixar ir, saber que é tua, aceita-la, e só depois estarás livre...primeiro deves aceitar. Nós vivemos num mundo destruído, em ruínas...Já viste o que os nossos pais nos deixaram? Deixaram-nos todo o lixo para limpar! Os nossos pais confiaram em Deus...olha como estamos hoje! Achas que Deus gosta de ti? Que Te protege? Tens de colocar a possibilidade de Deus não pensar em ti! Eu digo, nós não precisamos de Deus!
-Não?! Gritei eu...não queria ouvir...queria acabar com a dor.
-Tens de colocar a possibilidade de Ele nem sequer gostar de ti!
-Dá-me água! POR FAVOR.
-Ouve-me...(o Tyler falava muito calmamente...como se soubesse o que eu estava a sentir)...Podes por água e piorar a dor...ou colocar vinagre e acabar com a dor. Mas primeiro tens de aceitar a dor!
-TU NÃO SABES O QUE ISTO DÓI!
O Tyler não me disse nada, mostrou-me a sua outra mão e na parte superior via-se uma cicatriz com muito mau aspecto...do tamanho da minha actual nova ferida.
-Tu tens de aceitar. Primeiro tens de aceitar.
Reparei na mesa que estava repleta de coisas estranhas...estavam todas espalhadas no chão devido aos movimentos de dor que dei, de um lado para o outro.
-Tu tens de aceitar a dor, só depois disso estarás livre.
O Tyler com a garraja de vinagre na mão olho-me nos olhos e disse-me:
-Para ganhares tudo, para conseguires seja o que for, primeiro tens de perder tudo...toda a esperança. E só depois estarás livre.
Olhei para a minha mão...porque não enfrenta-la? Para quê fugir? Isso é o que todos fazem...e nunca os leva a lado nenhum. É preciso aceita-la? Pois que assim seja...parei de tremer. Se fosse uma dor para sempre, teria de me habituar...se não, estaria ali a suporta-la, até acabar. Parei de tremer. Estava a sentir a minha dor, na minha mão. A minha dor. Aceitei-a. O Tyler aos poucos foi largando a minha mão...acabando por larga-la completamente. Deixou-a suspensa durante uns segundos...
Eu soprava de dor...mas uma dor aceite. A diferença, acreditem, é imensa. O Tyler colocou vinagre em cima da ferida...
Caí de lado no chão, a segurar a minha mão, a minha nova ferida. Aliviado. Não por estar sem dor, mas por ter percebido a importância de a ter ultrapassado.
-Agora sim, já bateste no fundo...

My Last Breath (finalização)

"Quantas palavras já ditas em vão...
Quanto tempo é que precisas para chegar a uma conclusão?" (STK)

Despeço-me desta realidade...
Foi-me aberta uma janela, uma saída,
Que foi fechada logo de seguida...
Desperdicio...
Segredo vitalicio, erro propicio
ao fim dos meus dias, nesta realidade.
Quantidade pouca, qualidade menor,
Frases, palavras sem conteúdo...
Gastas em vão, sem reflexo nas pessoas,
Sem nenhuma reflexão.
É o risco que eu corro,
Correr até ficar sem fôlego,
Na busca inalcansável de um universo bem melhor...
Não resta mais nada nosso...
Já nada me sobra para te ensinar...e como eu gostava
de ensinar.
A vida passa, a evolução cega almas, cria barreiras.
Já não tenho mais nada para te ensinar.
Na vergonha de me esconder na escuridão,
Assino uma despedida
No meu último momento de respiração.

domingo, 18 de outubro de 2009

My Last Breath

"Can you hear me?
Holding my last breath..." (Evanescence - My last breath..)

Despeço-me desta realidade...
Foi-me aberta uma janela, uma saída,
Que foi fechada logo de seguida.
Eu ainda não aprendi. Continuo a cometer o mesmo erro...
Um erro que já é só meu. Não levo mais ninguém atrás...
Aqui, neste erro, sou só eu.
Sozinho, em toda a mediocridade, em toda a totalidade,
Só eu a fazer-me mal, só eu a destruir o mundo,
A destruir cada lar, cada sentimento.
Neste erro sou eu o anjo negro, o monstro reconhecido,
A cara tapada, a facada no segredo...
Despido de verdade, despido de razão.
Esmago o sentimento, como se fosse vidro,
Crente ateu, destruido, com sede, desiludido.
Não fugi, apenas me desencontrei.
Continuo desencontrado. E não sou procurado.
Não quero piadade, quero reconhecimento.
Não sou nulo. Sou positividade...rodeado de negatividade.
Não sou esperança. Não sou fê.
Não sou cura para ninguém...Nem quero ser.
Sou lógica irracional...mas vocês não me percebem...
Porque eu não me sei explicar.
E porque escrevo...dói, não escrever. Mesmo falando...
O tamanho da minha alma é quase inexistente.
Sinto-me frustrado, neste momento sou ninguém,
Degrau que falha no pé, nuvem que esconde o sol,
E amarro o meu ser, numa vontade louca de não dar o melhor,
Por razões infantis...porque tenho raiva contra quem não merece.
Em agonia constante com fantasmas, por razões idênticamente
infantis...
Sou uma pessoa com margens sem rio.
Não sou cego, mas às vezes prefiro ser.
Luto por aquilo em que acredito, mas às vezes desisto.
O meu último fôlgo permanece por muito tempo,
Pela mesma razão de não acabar logo:
Não sobra nada para ser utilizado.
Encontro em mim a capacidade de amar os defeitos dos outros...
Mas o vazio ultrapassa as fronteiras da minha vontade.
Pensava que era superior a tudo o me deixa
enterrado nas verdades que me destróiem...mas não.
O meu último suspiro surge.
Para trás ficou aquilo que nunca fui.
E arrisquei.
Mas não estou morto.
Estou vivo.
E estou para errar novamente...

(Frase a itálico , da C.C.)

Des-comunicação


Se por um lado: "Cold silence has a tendency to atrophy any sense of compassion."(Tool)
Também estou ciente que: as experiências que vivemos às vezes são pequenos vazios, preenchidos de pouco nada...

A dor é uma ilusão. Miragem para apaziguar a rotina.
Se vivermos na dor, vivemos na mentira de ultrapassá-la.
Parado. Visitei sentimentos, memórias.
O que sobra de mim é a experiência.
Dolorosa? Nem sempre. Feliz? Raramente.
Supostos amantes giram numa espiral...
Tenta agarrar-se, as mãos quase tocam,
Mas é em vão.
As peças encaixam...mas não será hoje.
Tão pouco sei o dia, a altura certa.
Descobri que a sombra chega às cores de todos,
Umas vezes demora-se...outras vezes desaparece
tão rapidamente como apareceu.
Sinto-me vento, outra vezes poeira...
Não queria começar de novo,
Quero começar onde já estou.
Nunca estamos demasiado velhos para a vida,
Podemos é estar demasiado novos para a morte.
E até que a sorte se esgote, temos de espremer
cada fruto, na sua totalidade.

Não tentem chegar até mim...às vezes sinto
que já não tenho mais nada para dar.
Não me descubram, não se aproximem.
Para quê perder tempo?
O tempo perdido, morre esquecido, no passado.
Mas não quero começar de novo.
Eu quero aquilo quero, aquilo que ninguém me pode dar.

Respiro imaginação, sonhos de impossível concretização,
Nostalgias brancas, banhadas em escuridão!
Sinto-me preto, mas inalo todas as cores!
Desgosto, desconforto...des-comunicação!
Os dissabores, neste mar de acontecimentos, deixam-me
à mercê da fraqueza. Porque sou mais forte quando
estou longe de sensações...
Seguro nesta luz...enquanto não se apaga.
E logo tu...que tanto nada tinhas para dizer,
Encontras em mim mais um ser humano.

Não faz parte da minha natureza ser diferente
do que sou. Por muito que quisesse...
A revolta, a agonia, a mágoa...
São pequenas ondas cravadas num lago
depois de pedra deitada na água.

Des-comunico, crio a des-comunicação,
Porque os sentimentos não são escolhidos
Tão pouco aparecem em vão, mas âs vezes
estamos perdidos, e o que sentimos
São meros conflitos de existência
que só demonstram o verdadeiro monstro que
está dentro do nosso coração...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Vingança (Acto Segundo)


"Just pain and hate and tear filled sighs
and the question in the end is "Why?" ." (LAM)


...Não julguem nada sem antes compreendê-lo.
Quero tanto e não consigo dizê-lo.
Acordei de um sonho, mas parecia um pesadelo...
(Transpiro recordação enquanto abro os olhos...)
Mas volto a adormecer.
Sinto-me. Invado cada parte do meu coração
para sentir com mais força, sem medo de ser
ignorado por essa fome de desgraça. Sinto-me.
Afinal sempre nos voltámos a encontrar...
Saboreio, por momentos, a minha felicidade.
A raiva explodiu no céu, e cai em forma de chuva...
Molhando tudo à minha volta.
Sinto-a. Como uma respiração constante,
A palpitar, junto ao meu peito. Ligada aos meus actos.

Deita ao chão todas as armas que seguras na mão,
Deita ao chão toda a covardia, toda a ganância.
A ignorância consciente não é bencão, é maldição.
Sou fruto da união de dois mortais,
Fui moldado por quem amo...Fui tirado à utopia dos meus ideais
Graças a todos vós. (Mas não será para sempre...)
(Sinto-me a elevar, por breves momentos, enquanto marcho
em sentimentos em alto-relevo...)
Mas acordo, e de olhos fechados, mãos
e pés atados tento manter o equilibrio.
(Suspiro...nunca me cansei de tentar...mas agora...)

Continuo sem me cansar. Sei distinguir obsessão
daquilo que realmente vale a pena.
A minha fúria às vezes parece divina,
Mas não passa disso mesmo...um sossego merecido,
Depois de montanha escalada.
Cego para quem só merece redenção além humana,
Mantenho olho vivo nos defeitos e qualidades
de quem está perto...
A minha sombra ofuscava-me os movimentos...agora estou livre
para poder agir. Quero-vos ver de perto.
E encontrar conforto na vossa tristeza...
Sorrir na vossa fraqueza.
Mas não. Espero conseguir esperar mais um pouco...
Como se fosse um homem louco que redige um diário
sem dias, um diário de impressões digitais marcadas
Por pessoas que não reconhecem os erros.
(Mexo-me. Intensifico-me...no sono.)

Não fiz nada por ti. Nem nunca o hei-de fazer.
O que faço hoje, é por mim, e por todos
os que sentem da mesma maneira.
Expulsa as tuas armas injustas das mãos...
Aproxima-te...Desiste ou luta. (Mesmo que não valha a pena.)
(Mesmo que seja em vão...)
Mas não vires costas por pensar que não vale o esforço de tentar.

Se eu me importasse...tudo faria para ser diferente.
E eu importo-me...Por isso um rascunho,
Uma pequena linha, faz parte da minha vida.
Por muito pequena...por muito simples.

(Suspiro exausto. Solto os pés e as mãos, e os olhos dóiem-me...porque é a primeira vez que os uso realmente. E no centro deste pesadelo, um sonho verdadeiro, levanto-me para tentar. E neste caso concreto, tentar, vale muito.)

(frase Itálico : Matrix)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

You've Got Mail (adaptado da vida real)

Intro:
Este romance de 1998, com os actores Meg Ryan e Tom Hanks, foi um dos primeiros sinais de que algo hoje em dia está a mudar. O amor é o mesmo sentimento que existe desde a criação do ser humano, mas hoje em dia expressa-se e\ou começa de muitas formas diferentes. Umas vezes mais trivial, outras mais sério. A verdade é que a internet, para o mal ou para o bem, quer se goste quer não começa a ganhar terreno no inicio de grandes amizades e amantes.
A minha opinião...nada contra. Se duas pessoas poderem ser felizes, julgo não importar onde se conheceram, mas sim o que sentem. Mas, e um grande mas, é necessário não esquecer que é muito importante viver ao vivo também. Estar junto de verdade, etc.
Ora, hoje, o meu sujeito poético re-escreve uma história de amor. Não se habituem mal. É só desta vez. Dizem que quem conta um conto acrescenta sempre um ponto...vou tentar dominar-me.

A Luísa e o Luís conheceram-se na internet. Possivelmente nesse sites vulgares onde todos colocam fotografias e aquilo que mais gostam, ou naqueles programas que nos permitem conversar via online com as pessoas que queremos.
Falaram, conheceram-se. Digamos que existia uma certa química. Com o tempo, Luisa pensou: este é sem dúvida o homem da minha. Para alguns poderá parecer estranho. Para outros menos. Como é que alguém que está a Kms de distância, que escreve num teclado o que lhe vai nos pensamentos, que tem um pequeno quadrado com a sua fotografia, poderá ser o homem da sua vida?
Mas o Luís arranjou alguém mais próximo dele e mais "real" (entre muitas aspas).
A Luisa sofreu. Afinal de contas, começava a nutrir um forte sentimento por este homem. E o tempo encarregou-se do resto...afastaram-se.
Certo dia, para ser mais concreto, dia 31 de Dezembro, Luisa lembrou-se de desejar um feliz ano ao Luis. Conversaram. Ela perguntou como estavam as coisas com a sua namorada...ele respondeu: não estão.
"É agora. Tem de ser agora. É agora ou nunca!" - Pensou Luisa. E voltou ao terreno da conquista. Lutou. Conseguiram encontrar-se. E foi uma surpresa.
Foi recebida como uma boa amiga de longa data por toda a familia de Luis. Quando deram por eles estavam a namorar.
Hoje estão casados.

Esta história é real. Começam a existir algumas nos tempos que correm. Algumas acontecem e correm bem, outras correm mal. A vida é assim mesmo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A marcha dos mortos - Sinfonia da destruição (inacabamento)

Agradecia que guardassem a vossa vontade
de tentar ensinar os outros
num silêncio resguardado e agradecido...
Que me ouvissem com todo a vossa atenção
e com a réstia de senso que vos sobra.
A vossa pequena luz não me cega,
Apesar de estarem cegos por essa luz que tanto
evocam...
Dez mil dias. Em sofrimento.
Pelo deserto, colhendo fé, força para o próximo passo.
E vocês, fraca imitação de vida e sentimento,
Deixam-se embalar nessa melodia que destrói almas,
E vos obriga a chegar mais baixo.

Deus perdoar-me-á toda esta minha obsessão para convosco...
Verdade seja escrita, que vos odeio, das profundezas e das superficies
do meu coração. Mas o prazer que me dá, observar cada movimento vosso,
Cada destruição, cada mentira...
Confesso que dominam a arte da hipócrisia.
Venero-vos, sim venero-vos, em todo o meu imenso ódio, desprezo
e repulsa.
Não, não me julgo superior a vós.
Mas se for superior a vós, será por muita altura,
Muita postura, muita dedicação na verdade.
Eu não atiro a primeira pedra.
(Perceberam a mensagem? Perceberam?)

Demorei anos a aprofundar na vossa mentalidade,
A perceber como realmente agem.
Fui cego durante muito tempo. Acordei tarde, mas acordei.
Hoje tento seguir-vos de perto, encontrar mais razões
para vos odiar, para destruir os vossos enraízados
alicerces para poder de certa maneira construir uma nova paz.
Uma divisão justa.

Constante no que sinto, constante no que aprendo,
Aprendo com os vossos erros para saber como
não devo agir como ser humano.
Esforçador, em boa causa, seguro uma luz humilde,
Muito pouco iluminada...ainda. Talvez.

Escusam de me temer em cada esquina,
Vou exactamente atrás de vós...
Uma pequena sombra branca, que se confunde
com os raios de sol e da paisagem.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Mer de noms 5º : Olympia

Estás sentada no teu alpendre, na tua casa de praia.
Olympia nunca desististe desse teu sonho, que
carregaste desde criança, construir uma casa bela,
Na praia, junto ao mar, junto ao teu precioso mar.
Hoje, deitada nessa rede de baloiçar, sentes a brisa
desse teu mar. Tão teu.
Recebes a brisa de braços abertos, de olhos fechados,
Coração aberto.
Os teus filhos descansam no teu colo...felizes,
sossegados como o mar (nalguns dos seus dias mais calmos).
A tua outra parte, apanha conchas para ti.
Tu recebe-las sempre alegre, porque todos os dias
têm uma forma e uma mistura de cores diferente.
Olympia, és a primeira pessoa que conheço que tem tudo
para ser feliz e que de facto o é.
Não desperdiças momentos. És autêntica.
Estás sentada no teu alpendre, na tua casa de praia.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Mer de noms 4º : Rose

Tento preservar cada pétala tua.
Sinto essa necessidade, como se protegesse parte
deste mundo.
Não é obsessão. É saber que vale a pena.
Neste mundo, mais do que em outro qualquer,
Devemos dar o valor correcto a cada pessoa.
E tu mereces. Tento dar o meu melhor,
E mesmo assim sinto que é pouco.
És parte de mim, fui teu fardo, tua obra,
Serei tua lembrança neste mundo quando partires.
Eu e outros. Fizeste tudo o que pudeste,
E fizeste-o melhor do que ninguém.
Amo-te, respeito-te e ouço-te.
Fazes-me falta. E o mundo devia aprender muito contigo.
(A verdade será sempre tua aliada.
E a razão está sempre do teu lado...)

domingo, 4 de outubro de 2009

Mer de noms 3º : Mary Jane

Nunca falhei para sentir dor...
Por isso mesmo, talvez nunca tenha falhado.
Apagada a luz, sobra o negro como cor,
E queima-se a nostalgia e os sonhos de quem
sonhou acordado...
Se tivesse um tumor dava-lhe o teu nome,
Se inventasse uma sensação dava-lhe o teu nome.
Agora de olhos (bem!) abertos, livre de ser
hipócrita, posso caminhar em paz.
Recordo sim...é claro que recordo,
Ninguém consegue apagar tanto de uma só vez,
Mas continuo em frente.
Mary Jane...as palavras não bastam,
nem as não-acções,
Mary Jane digo-te adeus desta vez
e desta vez para sempre.
Porque não me dói pensar...
E digo adeus, com um tom indiferente.

sábado, 3 de outubro de 2009

Mer de noms 2º : Christina

Para os sensatos sou ilusão,
Pequena lágrima derivada do esforço
de tentar sentir a sensação.
Sou apenas...confusão, defeito, destruição.
No deserto sou o único rio,
A luz que vem no caminho mais sombrio...sou apenas.
Christina vêm-me buscar, leva-me para longe,
Onde não existe perfeição, onde não existe amor,
Onde apenas existo eu e aquilo que eu quero.
Mas não tentes...faz e consegue...
Porque se tentares morre agora mesmo.
Porque tentar sem fazer é algo que não tolero.
Pobre Christina, cuja missão no mundo
é guiar todo aquele de coração cego.
Mas eu, a ti me entrego.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Mer de noms 1º : Elizabeth

Foi criado o vento, que deu força a esta maré
que sobe suavemente a areia, em direção aos
meus pés. Todos os sinais estão no céu,
nos animais e nas consquências.
Seria um gesto maravilhoso descobrir-me,
Abrir portas diferentes.
Não me cabe a mim amar mais longe, ver mais perto.
Dependo dos outros...mentira.
Mas queria depender. Mentira.
Ambos queremos o mesmo, mas de maneiras diferentes,
Acabamos por perder todo o caminho pálpavel.
Rendo-me à paz, triste cobarde,
força demolidora,
Corpo postura dura
numa alma onde a chama já não arde...
Querida Elizabeth:
"O meu sonho acaba tarde,
Acordar é que eu não queria..."

(Frase final dos Madredeus)

Mer de noms

Começo desta maneira uma pequena nova forma de texto. Quero com estes poemas não dizer nada. Não que diga algo nos outros, mas nestes não me esforço por dizer nada. Por isso, e ao bom jeito de homenagem ao cd dos A perfect circle, estes textos têm como título um simples nome próprio.
Gosto de simplicar aquilo que os outros tornam complicado, mas nestes poemas queria complicar o simples, e sentir aquilo que todos vocês sentem...
Obrigado.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A falta que nós fazemos

"My fear begins to fade.Recalling all of those times.
I could have cried then. I should have cried then.

And as the walls come down and
As I look in your eyes
My fear begins to fade
Recalling all of the times
I have died
And will die.
Its all right.
I dont mind
." (H. da nossa banda)

A falta que nós fazemos...nunca pensei.
Agora sorrio repleto de sabedoria,
Nunca pensei que nós fizessemos tamanha falta.
Julgamos ser os piores, aqueles que todo o universo
julgou, criticou, desejou ver longe...
Mas não.
Nada é o que parece.
Nós possivelmente até fomos os melhores,
Apenas não sabiamos, ninguém o sabia.
Imagem vocês que somos tão preciosos, tão precisos,
E o mundo lamenta hoje já não nos ter.
Estamos longe, por vezes voltamos para recordar.
Depois sobra nos olhos de quem nos perdeu
uma recordação exercitada, um sentido de loucura aproximado.
Quem diria...
Gosto tanto de vos ver. Sentem-se por um bocado,
Falem, surpreendam-me com o passado e o presente,
Tentem-me a fazer parte do vosso futuro.
A mentira é o contrário da verdade,
Mas eu aligeiro-te a realidade, se cais de altura alta
torno a queda suave, por vezes inexistente.
A falta que nós fazemos...
Queria chorar, mas não quero,
Quero abraçar-vos, quero abraçar-te,
Conta-me tudo o que aconteceu entretanto.
Por outras palavras, noutros assuntos,
Louva por mim, dá-me respostas,
Sinto a tua falta. Desde que partiste nunca mais te vi,
E durante a tua passagem para o outro mundo
nunca derramei uma lágrima...mesmo na tua morte.
E um dia, num pequeno compartimento,
Vi um conjunto de imagens tuas...parecia ter sido
reunido para alguém o ver. Nesse dia sorri
para não ganhar saudades. E uma lágrima dançou sem cair.
Tudo o que sei é fazemos uma imensa falta,
Desde aqueles que nos sentem ausentes,
Desde os que pensam não sentir.
Mas eu continuo aqui, vim para ficar,
Recordar, saudar, e fazer pequenas histórias.

Imaginem um mundo sem nós...
Nem sequer podia ser chamado de mundo,
Planeta terra...esfera azul que gira.
Não meus amigos, somos nós precisos.
E nós fazemos falta.
Tamanha falta.
Mesmo a quem não queremos.
Dizem que a morte acaba tudo...
Enganam-se...nós fazemos tanta falta,
E as saudades ultrapassam, subjugam a morte.
As saudades, a recordação, pisa e deita por chão
tudo.

TUDO. Somos humanos, sejamos modestos, aceitemos
a verdade do no nosso ser.
Seja recolhida e ingorada toda a ignorância exterior,
Seja abençoada cada criança, cada alma, cada acto distinto.
Cada pessoa que seguio o seu instinto, que perdou, que se vingou,
Que enlouqueceu por amor, por dar, por ser.
A falta que vocês fazem, a falta que eu faço...
De tudo o que vejo, sinto, cheiro,
De tudo o que quero, sinto, revolto,
TUDO.
Não desejo mais nada, não quero o nada.
Todo esse nada recordado, não feito, não exigido,
Apenas me deixa aborrecido.

A falta que nós fazemos...ela existe,
Por muito que se tente ignorar.
Não ignores quem foste, apenas adapta-te ao que és.
Sinto-me em casa, e dirijo esta marcha de companheiros,
Pela mesma razão que vocês me guiaram:
Pela falta que nós fazemos.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quando a dor dói


"I've never failed to feel pain..." (Do grandioso Kurt Cobain, Nirvana, para sempre estarão no meu coração. Vocês fizeram parte da Mundança.)

E não, não encontro cobardia nem fraqueza nesta música. Vejo alguém que sofre, mesmo não sabendo porque sofre. Vejo alguém que se quis afastar. E quem sabe até, seguir em frente...
Obrigado Joana Garcia.

Doooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooor!
Sinto-a. Sinto-a como se estivesse dentro de mim,
Como se ela e eu fossemos o mesmo ser.
Causo dor,
Crio dor e divirto-me com ela.
Eu sei que vocês veneram vê-la de longe...só que não admitem.
Ganhem senso, ganhem verdade, e abram o vosso pensamento,
Porque esta dor que vai e vem um dia não volta mais...
A pergunta que me resta é somente esta:
Ficaremos felizes sem dor?
Ou será a nossa vida para sempre triste sem a sua vivência
ou recordação?
Dooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooor!
A dor dói, e faz-me sentir mal, mas vivo, mas dói-me.
Não terei de me esconder nunca mais, se a dor estiver comigo,
Terei de tentar ir mais longe, ultrapassa-la, e seguir em frente...
Porque a dor nem sempre está connosco.
Se magoo causo dor fisica, se odeio causo dor sentimental.
Ando de mãos dadas...
Porque magoas?
Porque existem essas mágoas que causam dor?
Doooooooooor...do que precisas?
Convida-me. Nunca mais te deixo.
Dooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooor.
Quero-a, vai-te embora!, suja-me.
Detesta-me, se isso te faz sentir bem,
Magoa-me.
Escrevi sobre tudo o que queria, mesmo sobre aquilo que mais queria,
Mas é impossivel, não consegui definir dor...
Deixo que vos doa!

(Por de trás de todos ruídos, muito ao longe, ouve-se um grito abafado:
DOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOR!
E tu sabes que sempre estiveste certa. Mesmo quando não estavas.)
Porque esta dor não é só minha...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Puzzle


Sei que as peças encaixam mas continuo sem encontrar maneira de as fazer encaixar..

"Deep in this blackened void,
the space that used to be my soul...

Cause, It's not enough. I need more. Nothing seems to satisfy. I said, I don't want it.
I just need it. To breathe, to feel, to know I'm alive.!"
(LAM e banda do costume)

Largaram-te no chão, desfeita, sem pistas de encaixe,
Não te movias, não conseguias quase respirar,
Estavas sozinha.
Olhos nos olhos, olhos no chão,
Figura colossal aterradora, fome avassaladora,
Resta-te tentar não morrer...desfeita.
E os corpos encaixam, tão perfeitamente...
E os lábios encaixam tão correctamente,
Sentir as peças a separarem-se é obescuro.

Desde que existe memória, desde que se escreve a história,
Foste colocado no centro do mundo como se dele fizesses parte,
E tudo girou em vários sentidos, acabando por terminar no mesmo lugar.
Luz e fogo, sangue e trevas...
E quando me olho ao espelho, com um rosto lavado e novo,
Tento encontrar maneira de vos encaixar.
Simplicidade...simples, não aguento a vossa pressão. O vosso
peso.
Constante vivência entre pessoas.
Pedi-te que guardasses uma dessas inúmeras peças na mão.
Deitas-te-á fora. No chão, como se não valesse nada.
Como todas as pessoas.
As peças deviam-se mover todas para o mesmo lugar,
mas fogem umas das outras.
Uma velocidade de avalanche toma conta delas...
Deus queira que haja futuro, que exista evolução,
E que essa não dependa de mim, peça parada,
Nem de vocês que parados estão...
Foste crucificado, culpado sem razão.
E a pergunta permanece em todos nós...nos que acreditam
ou não.
A vida é um puzzle inacabado, talvez impossivel de acabar,
Resta a esperança de quem acredita na vida depois da morte
de conseguir chegar ao seu fim.
Sou essa peça esquecida, perdida por de baixo do tapete...
Aquela que tu pisas sem querer, na qual tropeças.
E por muito simples que fosse montar qualquer puzzle
Nunca o conseguirás montar
Porque eu sou aquela peça que falta e que tu nunca vês.




Ficou aquém das minhas expectativas. Mas não sabia que volta lhe dar.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Elogio

(Nota: elogio - dedicatória feita a alguém que morreu.)

"and ive been thinkin
but it hurts me thinking..."
(Konstantine)

Cheguei agora a casa, a porta fechou-se tão bruscamente...
Terá sido o vento? Terei sido eu?
Receio tanto estar errado.
Ter cometido o erro...
Arrenpendido de não ter encontrado a razão mais cedo.
As minhas acções esconderam-se nos meus sonhos
e viveram lá eternamente.
Nunca disse que isto ia ser fácil.
Levar-te a casa, ver-te lá ficar sozinha, para sempre.
Longe.
Para sempre...
Cheguei agora a casa, a porta fechou-se. Fechou-se bruscamente.
Encontro-me sentado a escrever, com o cigarro meio acesso
meio apagado, a sufucar em fumo, a ignorar um possivel rumo,
Sou um fruto seco, complicado, que já deixou de dar sumo.
Tentei equilibrar na balança o sentimento e a razão,
Perdi tempo. Pensei ter passado por tudo isto, mas não,
Fiquei preso à esperança. Fiquei preso ao momento,
Estou desligado.
Acordo-te. Afinal já estavas acordada.
Tento imaginar-te a moveres o teu corpo por sitios onde
nunca fui, onde nunca irei.

Cheguei a casa, escrevi o elogio que quero que leiam
no dia da minha morte. Algo simples, correcto, sentido.
Verdadeiro...por uma vez na morte, já que não o tive em vida,
Quero sentir a verdade a entrar nos vossos corações,
Abalar-vos todo o espírito.
Quero que me sintam. Que me vejam.
Serão apenas letras. Vagas frases. Uma imagem minha...
Espalhada em letras, em frases vagas. Serei eu...um pequeno eu.

Dói-me pensar. Dói-me sentir.
Mas quero sentir e pensar, estar aqui.
Preciso disto. Preciso de vocês. Vocês precisam de mim.

O tempo cura tudo...mas às vezes demora tanto.
E as respostas não surgem. Surgem perguntas.
Os sentimentos originam sentimentos.
O amor dá lugar ao ódio, o ódio volta a dar lugar ao amor,
E não saimos desta roda que gira e gira e gira e gira...

Gira o mundo, sem dar lugar a nada melhor,
Afasto as folhas do meu caminho, largo a tinta,
E deixo-me ficar, sentado a olhar para mim,
Sem arrependimentos, descansado de sentimentos,
Sem pensar em nada.

E vivo aqui, sem procurar-te, sem esperar-te,
Apenas aqui.
Rasgo o elogio. É cedo de mais para marcar a data
da minha despedida.
Poderás imaginar?
Poderás tentar mudar, ser mais?
Agarro-me. Seguro-me. Quando menos espero
adormeço. Nem uma criança dorme tão bem...

Aos poucos deixas de sentir a minha presença.
Descobres que estavas enganada este tempo todo.
E sofres, sabes que já é tarde.

Adormeci. Nem uma criança dorme tão bem.

(Lá no céu, nas nuvens, no centro ou na ponta do Universo, seja lá onde for,
Deus sorri e pensa: mais um passo dado na evolução humana...)

Ficou assim. Assim ficou.
Desci as escadas e fui caminhar.
A porta fechou-se em silêncio, sem pertubar...

sábado, 19 de setembro de 2009

A Primavera da minha vida


"I regret the times I didn't spend
Watching the flowers grow..." (Silence 4)

O que faz alguém perseguir a pessoa que ama?
A loucura, o amor, a vontade...

Cheguei a este estado de alma,
Onde receio não existir retorno.
Primavera da minha vida.
Sentado neste campo verde, encostado a uma árvore,
Recordo-me do teu sorriso, e gosto de vê-lo dentro de mim,
Antes que desapareça, devido ao tempo que passa,
Tornando-se num sorriso como outro qualquer,
Numa face de qualquer pessoa comum,
Num rosto sem expressão...
Atrás de mim tocam um piano, muito ao de leve,
Acompanhado de uma aragem de vento muito suave,
Sabe bem estar aqui.
Desejava-te aqui.
Tenho a tua voz trancada e presa por amarras
na minha memória, tão viva.
Vou por passos pequenos para chegar mais devagar.
O tempo que passo a desejar é tempo que perco
a fazer de facto. Misericórdia.
O piano toca agora um pouco mais depressa,
Vai criando em mim uma vontade de escrever
um poema ou uma música. Pode ser sobre ti.

E peço ao piano que não pare de tocar nunca,
Que seja sempre Primavera, a união perfeita entre frio
e calor, entre aquilo que amo e daquilo que mais fujo...
Sentimentos partidos recordam-me que ainda não estás aqui.
De repente o frio entra nos meus olhos,
E seguro pela rédeas o meu coração acesso.
Muito ao longe ouço partir uma peça de porcelena...
Alguns dos seus pedaços acabam por chegar aos meus pés,
Uma peça destruída, dividida, sem retorno.
E tu não estás aqui.
É como se fosses essa peça ao longe,
De ti só tenho pequenos pedaços que caíram por sorte
aos meus pés.

E o piano toca uma melodia alegre,
E eu agradeço.
A minha alma está azul, com alguns tons de cinzento,
Mas o piano tenta puxar-me para a força, para a luta,
Para uma ignorância, um esquecimento completo da tua pessoa.
Piano, doce música a tua: Primavera da minha vida.

Quando me levanto, depois de sacudir-te para fora do meu corpo,
Da minha memória, do meu desejo,
Olho para o piano,
Aceno com agradecimento...
E fico comovido, triste e delicado,
Pois és tu que estás a toca-lo.

sábado, 12 de setembro de 2009

Sem título ( Insanidade intemporária )


("Olá a todos...O meu nome é Diogo". Um coro de vozes responde: "Olá Diogo!" No canto da sala observo uma pequena mesa com bolachas e copos de café suficientes para matar um elefante com um enfarte. Vejo alguns restos mortais de cigarros no chão e aproximadamente quatro dezenas de rostos eufóricos à espera para ouvir a minha história. "Eu...tenho um problema...". Faço uma pausa. É tão dificil admitilo, dizê-lo em voz alta. Todos esperam, com as mãos trémulas, desejosos de bater palmas. Enfim, lá terei de vos dar esse consolo. Continuo: "Eu tenho um problema...(mais um curto silêncio para depois lhes proporcionar o auge)...sou um ser humano." Aplausos, fortes aplausos, sorrisos, muitos sorrisos. Chegou a hora do café...)

Sou forçado a desistir, quando na verdade queria continuar,
E de nada me vale tentar fugir, ou negar, aceito-o,
Como um mendigo aceita a sua pobreza e solidão,
Aceito-o.
Volto a adormecer para não me desiludir.
A exautão já não me cansa, já faz parte de mim,
Já nem me imagino sem ela.
O meu melhor amigo é o ódio. Está comigo quando preciso,
Vem me buscar quando julgo estar perdido.
E tudo aquilo que eu mais quero
E tudo aquilo que não tolero
E tudo aquilo que eu mais quero
E tudo aquilo que eu não tolero,
Tudo trancado numa jaula, uma fera sedente.
Nem sentado, nem deitado, como se não encontrasse
A paz activa que tanto procuro em nenhum lado.
E o tempa passa, levado pelo vento
Como um cigarro esquecido no chão cinzento,
Nós fazemos as nossas escolhas, pensamos saber sempre
a melhor maneira de caminhar na vida.
Julgo que estamos enganados.
Refugiamo-nos na vida para fugir à morte,
Na solidão para não amar,
E quando pensamos no que somos
não encontramos resposta que nos alegre.
Tento trepar o conhecimento e a verdade como se fosse um monte,
Mas nunca chego a meio caminho,
E não desisto, nesse mesmo meio crio um ninho,
Onde procuro um pequeno momento para não estar sozinho.
Conto histórias ao destino na tentativa de o enganar
Mas ele é sábio, tenho de desistir.
A energia que necessito está guardada dentro de outros,
E um pouco dela está dentro de mim,
Por isso acabo por morrer de sede, de fome, e não encontro ajuda,
Fico sozinho, como se aquilo que me dessem não me bastasse.
Não me levem a mal...a vida é assim mesmo:
uma bela trama, uma teia, uma bela história.
Quando o amor se mistura com o ódio
o meu coração acorda, revela-se, dá de si,
Encontra apoio, e volta a bater,
Como que ressuscitado.
E quando bate, tenta bater muito forte,
para não voltar a adormecer,
Mas mais tarde ou mais cedo o sono vem...
E que posso eu fazer?
Eu queria fazer muito,
mas contento-me em nada fazer.
Resta-me respirar e encontrar novos caminhos,
Porque sou humano, e os humanos conseguem:
Viver, matar, e tudo ao mesmo tempo;
Querer e tirar, e tudo ao mesmo tempo;
Fazer e destruir...tudo ao mesmo tempo.
Quando nos voltaramos a encontrar estarei diferente.
Prometo.
E palavra de ser humano vale mais que outras mil palavras.
Os meus olhos não vão faiscar ternura,
A minha postura vai estar direita, recta, correcta,
Serei diferente, serei menos acessivel, e tudo o que possa
ser serei.
Uma nostalgia preenche-me, não sei quando será
a última vez.
Fico à espera.
Ficarei?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vingança


"Não deves julgar aquilo que não conheces." (LAM)




(Suspiro curto)
Vou recomeçar. Lembrar-me como tudo aconteceu,
Detalhar cada momento na minha mente,
Ressussistar as mágoas, as traições, a tortura...
(Suspiro um pouco menos curto)
Vim até aqui para te tirar as armas das mãos,
vim até aqui para te demover as ideias.
Vim até aqui para te mostrar um outro lado,
Diferente do usual, para lutares sem armas
basta não as ter na mãos.
(Começo a transpirar ódio...minha força, minha fraqueza?!)
Como se não te bastasse reunir exércitos sem inspiração,
Pequenos seres vivos sem ritmo numa música de tambores
sem canção, um hino aos esqueletos que fingem caminhar neste mundo.
Como se não te bastasse segurar na mão essa luz grotescamente falsa,
Isso não é luz nenhuma!, isso é escuridão clara..
(Respeito! Caminha! Respeito?...Caminha!)
Melodia calma, embuscada, sorte condenada,
Vejo-te encolhida, a transbordar uma aura tão sagrada..
VINGANÇA! E agora...VINGANÇA!
E vocês que me perderam, não esperem em paz,
A minha guerra só ganha asas, só expande admiradores.
Enquanto vocês pensam ter a vitória, e gozam numa paz aparente,
Eu corrigimo-me, esforço-me, não me rendo à arrogância.
Como se as palavras bastassem...não minha gente.
Nem de longe nem de perto.
(Suspiro um tanto mais longo......)
Não, as palavras não bastam. E não se atrevam a julgar-me.
Não se atrevam a colocar-me abaixo de qualquer coisa,
Deixo-vos ignorarem-me, porque mais tarde ou mais cedo
isso terá de mudar.
Porque por muito que se tente ignorar um corte na pele
a verdade é que ele não desaparece.
Lembrem-se disso.
Estarei sempre à espera do vosso erro, e logo vocês que tantos cometem.
Começo a encontrar nesta luta falta de dificuldade,
Entristece-me ver num ser tão francamente normal a todos os outros
uma força tão esmagadora e real comparada com vocês.
Deveras este mundo é estranho.

As tuas asas nem cheguei a ver abrir
já tu para longe partias.
Um dia passa, seguido de muitos dias,
E por muito que eu quisesse tu
nem as asas abrias.

Não julguem nada sem antes compreendê-lo.

Quero tanto e não consigo dizê-lo.
Acordei de um sonho, mas parecia um pesadelo.

(Limpo o suor do rosto. Quase que me sinto mais aliviado...)

Doença

Quando me vejo no centro dessas nuvens cinzentas, onde o ar me estanca a respiração, onde não encontro sossessego, onde tudo o que me resta é o medo de sair desse cinzento.
Porque o medo de sair dele é quase igual ao medo de o suportar, e por isso, mas só por isso tornamo-nos cinzentos, começa-mos a fazer parte dele. Às vezes não nos apercebemos, deixamo-nos ir...é demasiado fácil deixarmo-nos ir. Resta-nos a sorte rara de alguém nos puxar a tempo, de alguém chegar e soprar com muita força, para a afastar as nuvens cinzentas, derrotar essa pseudo-mãe-natureza-humana. Louvadas sejas essas pessoas, dispostas a estender a mão, a continuar ao pé de nós mesmo quando o cinzento já de nós fazia parte.
Tudo o que quero neste momento é voltar a casa. Sentir o cheiro da minha casa, do seu pó escondido que se esconde do aspirador, da vassoura. Quero sentir o calor farto do meu quarto nos dias de Verão. Quero pegar na minha gata e agarrá-la com força para saber que está viva e ao pé de mim.
Quero ficar na varanda, ver os carros e as pessoas a passar. Quero sentir uma paragem de autocarro cheia de pessoas vivas.
Porque o cinzento ainda não entrou dentro de mim. Mas já o senti de perto. Pode voltar talvez. Mas espero estar à altura dele.
Dele...dele...dele...

Esclarece-me as minhas dúvidas mais importantes,
As que me interessam, as que mais receio.
Porque essa dúvida, esse estado de alma que te percorre
o pensamento também me procura por vezes...
(Ninguém está só...)
Quando ignoras o mundo, e a parte que dele te influência,
Quando te recolhes ao teu espaço de pensamento,
Quando vives sobre telhados de acontecimentos que te infurecem
que te revoltam, que te fazem pensar deveras a sério,
Quando não encontras resposta esses mistérios...
Porque morrem, porque sofrem, porque sofrem e morrem...
E sentes uma inquietação na alma, sentes uma tristeza
inexplicável que te faz aproximar da janela para comtemplar a rua
com uma lágrima a escorrer.
Não a ignores. És humana. Sentes. Estás viva.
Ainda não te tornaste uma pedra. Ainda não te tornaste um músculo
escravo de outrem.

Afasto-me das nuvens cinzentas, pois sei que para lá delas nada de bom me espera. Raiva, solidão, pena de mim próprio. De sair agora, pelo meu próprio pé, ou com ajuda de quem de mim gosta, estarei a fazer um favor a mim mesmo.
Se as ultrapassar, se viver para além delas, nunca mais serei inocente, serei para sempre culpado.

Esta doença, de desconhecida natureza
faz-me pensar...