terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A vez


Desde ontem,
desde hoje,
amanhã.
Desde o dia.
Até ao dia.




(by fibonacci's theory)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

confissão moldada


o Homem entrou no momento certo,
de olhos no chão, não fingindo interesse
pela carne ou pelo bem material...
Humildemente, por vontade própria,
entrou, e confessou..

O anoitecer da alma chega,
traz com ela o receio da destruição interior
é um duelo sem trégua à vista
onde cada movimento acaba
em solução sinistra.
Está tudo disperso.
o terror invadiu cada partícula
do físico ao escondido intocável.
O arrependimento ou a dor
a fome num alimento envenenado.

Só, confiante na tristeza, na incerteza
dos passos que não são dados
com clareza - vontades e saudades
são como suores frios
palavras e gestos são
preenchimentos vazios.

o Homem saiu no momento certo,
de olhos no chão, com uma fome imensa
por carne - o rasgar, o tocar, o saciar;
um desejo por alcançar tudo o que se pode
e também pelo que não se deve desejar.
A humildade foi deixada para trás,
saiu por obrigação, jurando nunca mais voltar.
A falsa paz terminou, esta é a guerra verdadeira,
a única que o satisfaz. Solto das amarras,
solto dos sentimentos dos quais é capaz,
Viverá para sempre, agora consciente de que sempre foi

um monstro.
 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

a fome da Leviatã

Grilhões pesados, fixados na mente
fixados no corpo...
uma imagem de culto, um respirar cansado
de quem já viveu de mais, de quem já procurou de mais,
O pensar beijou o sentir - surgiu o terceiro olho,
atingiu-se o sexto sentido.
o pequeno deus, o pequeno ser, cai morto.

Não se podem esquecer que os demónios
também precisam de alimento.
São sete pequenas criaturas, são todas as outras.
Na imortalidade das Eras
esquecem-se as mais importantes quimeras;
é a besta do horror, a fera que consegue rasgar o sol,
o céu e o mar são vermelhos...
A última lança perfurou a salvação?
Está escrito na pele, está envolto em veneno,
por hoje nada se faz, tudo se fará amanhã...
Não foi cedo, talvez tenha sido tarde..
Já está alimentada a Leviatã.

Arde o desejo nessa dança
à luz das chamas, à luz das trevas,
A verdade do espírito é pobre, é podre,
e que não se passe de hoje
sem que as ruínas virem cinzas.

Os meus irmãos, para os outros apenas imagens e escrituras,
as mais diferentes, as mais monstruosas criaturas,
rastejam, sucumbem,
a culpa não é de mais ninguém
mas agora já é tarde, estando-se vivo
é impossível ir embora...
Fomos destrancados da Caixa de Pandora.