sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A minha humanidade

Quando um homem mau tenta fazer algo bom...

Não resulta em nada de bom.
Sorte? Planeamento?
São palavras soltas que voam desastradamente ao vento
e caiem ao chão com uma força tremenda,
com um barulho demasiado pesado...
Sou apenas o pior mentiroso, mais um imbecil,
um homem mau numa acção de esperança
despedaçada no centro do nada.
Pedia um pouco de fé. Um pouco de fé pedi,
porque estes sinais do destino são fatais
são incertezas incoerentes numa população
incoerente, fraca, sem ganancia por algo melhor,
mais correcto, um estado de elevação.

Descansa, vira-te e dá-me a mão...
Não fujas, não desapareças não te condenes...

A minha humanidade está cansada,
triste, quase derrotada.
Quase ia esquecendo Deus para depositar esperança
na acção humana...mais uma falha minha
mais tarde condenada.

Sinto-me longe, sem razão porque ficar quente
ou gelado, neste meio termo ridiculamente resumido
a um sumido suspiro fraco, quase morto.

Descansa, vira-te e dá-me a mão...

"Não querias saber o que sou. É dificil de o ser."

Afasta-te ou agarra-me enquanto me resta tempo...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Revivido

Não nasci perdido
mas ainda não me encontrei totalmente.
Fui deitado à terra, pequena semente,
Solto, arrancado ao vento, lógica sem sentido.

Num mundo algo frio
rezo para que o sol todos aqueça...
De forma quente, escaldante, para que seja sentida
a sua força, a sua presença.
Precisamos de contacto para não sermos um espaço
amplamente vazio.

Acústico, embalado ao som do luar...
Poeta, alma descrita em linhas
linhas puras que nada querem enganar.
Não me consigo sossegar inteiramente
sem ti aqui.

Fome louca, voz rouca
que já tentou morrer, parar de gritar.
Não. Os anjos estão no céu
e estão na terra.
Sou o mapa do mundo.
Caminha-te até aqui.

Revivido onde a vida se encerra.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Nunca falhei para sentir dor


Título: frase carismática de Kurt Cobain. Disse ele na música "You know you're right" : "I never failed to feel pain". Esta música existe quem diga que nem sequer por ele é cantada. A realidade é esta, quem conhece o estilo musical, a força como canta e mesmo a letra, não pode negar que ao ouvi-la...enfim...é mesmo o Kurt Cobain. Era um doido? Mas quem não é? Era diferente? Óptimo. Suicidou-se? Lamento. Não vou deixar de sentir cada letra, nem cada música. Considerada uma das melhor vinte cinco bandas de sempre, assim como o seu CD 'Nevermind' considerado por muitos o melhor CD de todos os tempos.
Os Nirvana são daquelas bandas difíceis de explicar. No que toca à minha história, apareceram na minha vida num momento mais conturbado. E ajudaram-me a sorrir como a expelir ódio em boas e produtivas camadas.

Sobre esta música...Não a considero preenchida de fraqueza. Pelo contrário. Raiva, força para dar a volta. Deixem-me. Talvez para mim a melhor música deles. Cinco estrelas. Sintam-na.
Descansa em paz, se isso for possível.


Nunca foi tão difícil engolir.
Sinto um peso no meu corpo todo,
Mas não o consigo apontar...está por todo o lado.
E custa-me engolir em seco.
Como se não bastasse saber que estou errado
ainda têm de me pegar no braço. E se esse braço
não chegar? Têm o outro.
Nunca falhei para sentir dor.
Se soubesse a dor que este erro me ia causar talvez
nunca o tivesse feito.
Mas agora? Agora é tarde demais.
E a verdade entrega-me aos monstros que aguardam na jaula,
aqueles que querem saciar-se da culpa dos outros
seja esta consciente, seja esta alheia,
seja esta sem querer...

E as nossas escolhas estão marcadas.
Serão absorvidas e observadas.
Testadas. Modificadas...e por fim:
DESTRUÍDAS.
Por isso, para quê cingir-me ao erro?
Quando posso com ele doer-me?
Incoerente conclusão.

Estou aqui. Não a lado nenhum. Por muito
errante que seja num caminho errado.
Falhei? Terei de me corrigir.
Fugi? Não. Dei-me a conhecer.

É uma falha tamanha afastar pessoas que nos amam.
É uma falha para toda a alma. Todas as almas sofrem
com o afastar de pessoas que são importantes.
Mas eu não falhei para sentir dor, senão não teria falhado...
Pelo menos tão concretamente, são abertamente.
Assim, à frente de quem mais amo.

Somos humanos...e isso quase basta,
para justificar os nossos actos mais primários,
mais selvagens...

Se não vos basta o que sinto,
o que digo, vivo e escrevo,
o que demonstro,
a força que vos quero dar,
o que quero convosco aprender...
Então terei de falhar..
e com isso,
sofrer...

Talvez.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Distância afastada

"To consume you 'til you
Choose to
Let this go...
" (Tool-The grudge (álbum Lateralus)

A proximidade do sentimento, a proximidade da racionalização
coloca-nos num patamar novo: a capacidade de nos deixarmos ir.
Ficar presos aquilo que éramos, travar aquilo
em que nos sentimos melhor é um crime pessoal,
Capaz de nos fazer sofrer para sempre.
Censuro, julgo todo aquele que prefere ficar aprisionado,
fixado em algo que só o retrai,
que só o influência a escolher o caminho mais fácil...
e o errado, em quase todos os casos...

É uma distância afastada, este que nos mantém tão próximos.
Estamos fora da vista, da realização,
A uma distância maior que os cento e oitenta graus que separam
o sol e a lua, fora da órbita deste universo qualquer.
Porque a distância física é forte sim...mas não é nada.

E alguma coisa tem de mudar...deve mudar...
Porque tudo muda tudo, e o que é para melhor deve
ser fortemente agarrado.
Quem me dera...
Conseguir...
Demonstrar...

Não é escrevendo que me liberto ao ponto
de ser eu próprio, o mais próximo de ser quem sou,
mas já é uma ajuda.
Distante. E vem o frio do norte, com toda uma chuva irritante,
um ar fresco que me gela as mais simples acções.
Tudo por ser de fácil movimentação...

Queria pois ser vento.
Queria ser tempo, sem tempo para falhar.
Queria ser acção.

Já não sou prisioneiro. Aprendi depressa.
A facilidade com que me deixo ir é natural,
eficaz e concreta, é certa na evolução...
Foi preciso aprender à distância,
Foi preciso alcançar por dentro um estado raro
de auto-reconhecimento, foi preciso abrir a alma
a outrem. Foi preciso deixar-me levar...
Quando dei por mim a distância não deixou de existir
mas passou a ser curta.

"Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go
Let go!
" (Tool-The grudge) ( O mais difícil é soltar a primeira asa...)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um homem melhor

Melhor do que se ser monstro?
Só sendo um homem melhor...

E não consigo.
Entrego-me, e deixo-me ir rendido.
Tornei-me no que mais temia:
Mais um corpo morto que caminha vivo.
O que mais me revolta
é ver à minha volta que a felicidade
não é um alimento escasso...
Por isso, como podemos nós procura-la
como se fosse um finito pedaço
escondido de baixo de toneladas de coisas
imensas de tamanhos vários?
Quem sou eu para vos criticar?
Todos. Sou todos. Sou um monstro
sem piedade, sem maravilha, sem sentimento
e por vezes sem racionalização...
Desde tenra idade deixei fluir um pequeno
monstro...Era um ser vivo humildemente iluminado,
Satisfeito com a miséria quotidiana.
Deixei pessoas saírem da minha vida
e deixei outras entrar.
Recordo-me do mundo como foi, e vivo o mundo
como este é. E por vezes baloiço neste
tentativa sorridente de o tentar modificar
num futuro mais colorido.

Só um homem melhor pode ser feliz
e fazer os outros felizes.
Só um homem melhor, que se deixe encaixar
na história do mundo.
Na história de alguém...sem medo de ser apenas
mais um, de ser apenas outro,
Um homem que se deixe ir, até onde for possível.
Quem sabe até ao fim...Eterno. Amor. Para sempre.
Mas volto-me a vestir de escuridão...
E o ódio alimenta-me.
E o ódio tolera-me.

E fico só, como uma chama, ardendo-me,
Como uma vela esquecida, que vai morrendo
ao sabor de pequenas correntes de ar
de uma janela aberta...
E fico contigo, como duas chamas que se unem
numa gigante alegria...

Nada do que possas dizer poderá mudar o já dito,
E nada do que possas fazer mudará o já feito...
Porque não admitimos?
Porque somos cobardes...
E a morte espera na esquina destinada. Pacientemente.

E tudo o que quero

só alguns me podem dar...
E tudo o que eu quero
tenho feito por conseguir, esforçando-me arduamente
em pequenos gestos, e vontades de amar,
Em pequenas melhoras,
Tudo entregue ao nada ou ao quase nada.
Porquê?
Porque o homem melhor nunca nasceu...
E não sei quando chegará...
Temo que este monstro tenha vindo para ficar.
Alguns aceitam-no, outros matam-no...

E por mim, um homem melhor não chega.
Um monstro apenas condena...
E quando a solução passa a ser
problema...
Fecham-se os olhos, acaba-se o acto,
E rezão ao nosso Deus, rasgamos o coração
e sensibilizamos a razão...
Digam-me, no fim, quem sofre mais?
O homem melhor ou o monstro?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ininterrupta realidade interrompida

Nota
Desafio: foi-me lançado um tema pouco falado, talvez por ser mais sentido do que partilhado. Na realidade este "SENTIMENTO INSTANTÂNEO" raramente, ou dificilmente é de fácil partilha, pelo menos depois de sentido. É talvez partilhado na hora em que se sente, conforme os casos. Podem ser milhares de pessoas que gritam numa linguagem quase religiosa, podem ser milhares de pessoas que cantam e se deixam levar pela mesma força e energia quando observam um palco, podem ser dezenas de pessoas que vivem por dentro ou para dentro de uma enorme tela...Entre outros. Claro está, com sorte, temos sempre alguém que depois de sentir, está ao nosso lado a recordar ainda o que sentiu. Nesses casos, penso que são pessoas cheias de sorte. No entanto compreendo a solidão merecida de sentir sozinho, algo que nos cabe apenas a nós.
Por isso este texto tem como objectivo primeiro "servir" um favor a um grande amigo, Fred., não deixando porém, de escrever a minha poesia, à qual estou habituado. De qualquer forma fica já escrito, para não me transformar em palavras soltas, que são levadas pelo vento, que se este texto não corresponder às "necessidades" de outrem, será reescrito em forma de prosa.
Este texto segue ainda uma pequena corrente concordante, a qual dedico única e exclusivamente a uma pessoa. (Abro um sorriso bem aberto)
Dentro da poesia farei o meu melhor, darei tudo.
Banda sonora: Forty six & 2, Sober, Jimmy, H., From yesterday .


Interrompi-me.
Deixei-me interromper por completo,
Deixai-me ir. Ignorei-me. Deixei-me ir.
Não se incomodem em não me incomodar,
Deixem-se ir. E sintam por breves momentos
pequenos sentimentos que nos invadem
de forma absoluta, concreta, completa,
Até sermos outros, sentirmos de uma forma
exterior, um calor, um sentimento, diferente.

Interrupção. Levo a minha vida como se fosse
um pequeno inferno, neste mundo intitulado
de moderno, onde as crises, as mortes, a ganância
tudo se mantém igual, este mundo não é moderno
é o mesmo
que nasceu imperfeito.
Mudará?
Não sozinho...e afogo-me em alegria,
talvez inexistente, talvez momentânea,
Tenho de me deixar ir.
Sou cores, sou gritos, sou gritos selvagens,
Sou melodia cantada, sou canção, sou uma história de amor
com um final feliz, sou a infelicidade de uma história de amor,
Sou o terror que nos assombra, a gargalha que devia ser infinita,
Sou pedaços de mistérios que se unem numa conclusão,
Sou desilusão e miséria, mas também sou alguém
especial que salva o mundo.

Sou realidade, sou algo que deve ser interrompido
com momentos ainda melhores que a realidade.
Sou uma chamada às armas, uma guerra passada,
Sou personagens, sou frases importantes,
Sou História recontada...
Sou choro, ilusão, esperança.
Sou sangue, medo e entrega.
Sou todas as sensações, todas ao mesmo tempo,
Sou único neste momento de sentimento instantâneo.
Às vezes aprendo, outra vezes apenas sinto,
Outras vezes faz-me querer mudar,
Outras vezes faz-me querer não piorar,
E deixo-me ir, porque nesse momento existe outro Eu,
Um Eu que sente outras sensações.

Mas nunca deixo de ser eu, apenas interrompido.
Breves sentimentos, que me afagam a tristeza,
que me alegram, que me dão incentivo para não
deixar de lutar.
Para ser mais, encontrar mais pormenores,
E deixar-me ir mais vezes...

E mesmo que mais tarde encontre esse Eu,
Distanciado desses sentimentos,
Nunca estarei a falar com a mesma pessoa.

Descobri então, que esses Eus são sombras
iluminadas do meu ser.
Existem na mesma realidade, mas de forma paralela.
E preciso deles.
Mesmo que com eles nada tenha aprendido,
Com eles aprendi outra forma de me sentir.

É um peso que aquece ou que sufoca,
É uma alegria imensa ou total insatisfação
que nos coloca a interrogação:
Poderá Deus ser tão aborrecido?
(Não creio, é preciso deixar-nos ir e descobrir...)

Não é pessoal conquista, não é pessoal realização,
Mas é com certeza, e mesmo não sabendo sempre,
Uma pequena espiral
que culmina numa ascensão.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

CaçaDOR

"Cause I got love to give
And I got dreams to live.." (CA - Hello)

Tenho andado descuidado...Verdade seja escrita.
Tenho-me esquecido da verdadeira razão
pela qual caminho, respiro, sorrio e ando...
Às vezes perdemos as contas ao mundo,
Julgamo-nos pequenos vagabundos,
perdidos de todos, de ninguém,
e procuramos por nós sem saber onde procurar.
E pensamos estar sozinhos...
Pensamos ter de estar sozinhos...
Como se à vida bastasse a solidão...
Como se à vida bastassem as nossas
tentativas frustradas de sofrer de forma sentida,
Para quê?
Acordei hoje, lembrando-me, relembrando-me que caço
dor, dores constantes de pessoas e pedaços
que encontro na minha vida, no meu caminho...
Por vezes liberto pessoas, mas nunca me liberto,
Para quê?
Para quê ser agonia, voz que escuridão irradia,
Emoção para os que não sentem falta,
...
Para quê?
Porque tenho muito amor para dar,
Muitos sonhos para realizar.

Sou um caçador de dor, escondido nos arbustos,
de punhos soltos, rosto carregado...estou pronto,
sempre pronto para dar mais um e outro passo...
Escondo-me, mas não fujo, espero pelo momento certo
e faço.

E as sombras tocam todos de maneiras diferentes...
Atravessam a pele, tocam no coração e atacam
o nosso pensamento...
Assim como a luz. Mas a luz é pura.

Respira fundo, e lembra-te do que és capaz,
Do caminho que já percorreste. Do guerreiro
que outrora foste.
Não desistas, nem te entregues a esses astutos
abutres que rodeiam a nossa casa.

Conheço mais que caçam a dor.
São pessoas que estão aqui pela mesma razão que eu.

São pessoas que sabem, como eu,
Que as peças encaixam, cada uma no seu lugar...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quem somos

Quem somos e o que queremos
são perguntas por vezes mesmo nós
não compreendemos.
E tudo o que fazemos é intuito de
fazer ainda melhor.
As amizades que cultivamos, o bater do coração
que aceleramos...

Faço por não ser esquecido,
Por ser reconhecido, por escolher o meu
caminho e não ser por ele escolhido.

Mas por vezes a vida é amarga...
Mas por pouco tempo.
Tudo tem solução, tudo tem cura,
Menos a morte quando ataca com toda a sua potência,
força e carga.

E dias melhores virão...
Não só por o dizer, mas por o construir.
Por saber esperar e por saber agarrar
a oportunidade.
Quem és?