segunda-feira, 5 de julho de 2010

Nos segundos que passaram nas possibilidades de um Inferno


"Some say the end is near. Some say we'll see armageddon soon. I certainly hope we will.
I sure could use a vacation from this...Here in this hopeless fucking hole we call LA
The only way to fix it is to flush it all away.Any fucking time. Any fucking day.
Learn to swim, I'll see you down in Arizona bay.

Time to bring it down again.
Don't just call me pessimist.
Try and read between the lines.

I can't imagine why you wouldn't
Welcome any change, my friend."
(Aenima-Tool)

Poderei concordar com alguns infernos de Dante. Mas para mim esta será uma das melhores imagens do Inferno. Sim. Eu não estou disposto a acreditar que à simples frase "Estou arrependido" as portas da Luz se abrem logo no momento...Lamento, mas não. E esta imagem do filme Constantine parece-me uma imagem soberba...e para mim realista desse dito local. Tudo em chamas...um cidade consumida pelos erros, arrependimentos (ou os seus supostos...), mas muita culpa...Eu adorei este filme, por três motivos: adoro essa batalha entre o bem e o mal, gosto bastante do actor Keanu Reeves, e gostei muito da banda sonora do filme (que conta com a música Passive dos APC).
Tudo se consome em chamas vivas...mas chamas mortas, sem lugar na nossa alma, pelo menos de forma positiva e libertadora. Meu Deus será assim o Inferno? O mais irónico nesta vida é que possivelmente imaginamos mais depressa o Inferno do que o Paraíso...porquê? Porque no nosso dia-a-dia olhamos o mal, sentimos o mal, e veneramos o mal...Infelizmente minha gente, nós veneramos o mal, o ódio, o mal estar...E a pergunta que vos faço não é que tipo de monstro sou eu, mas sim: que tipo de monstro não são vocês afinal? Pensem nisso...Talvez seja de facto verdade que o Inferno e o Céu caminhem ambos nesta terra...mas nós desvalorizamos o Céu, e como se isso não bastasse ainda valorizamos o Inferno. Que vida a nossa!
E hoje, enquanto estava do outro lado do rio, depois de um dia que me corria tudo menos bem, tentei fazer algo que não tenho feito, procurar uma sombra fresca...Ultimamente tenho agido como um girassol ou como um gato, que se vira ou move para onde está o sol. Mas hoje o calor era muito e o sol queimava muito também...então ignorei o girassol e o gato que há em mim e parti para a sombra...Mas não bastou...O calor era muito...E foi então, que mesmo num lugar supostamente fresco, veio do nada uma rajada de vento...Pensei sorrir, aí vinha um pouco de frescura...mas não. O vento trouxe um ar tão abafado que por momentos julguei-me nessas ruas em cinzas, onde os mortos deambulam à procura de velhos e novos culpados...Por momentos pensei sentir aquilo a que chamam Inferno. Não tanto pelo sentimento mas sim pelo calor, belo abafar de um ar pesado...Quis estar longe daquele sítio. É nestes momentos em que sei que não sou sombras...que não sou um monstro...sou apenas mais um humano. Mas estes momentos na vida são curtos, como essa aragem infernal...E não estive no Inferno...Apenas o terei sentido. Só terei a certeza quando chegar a minha hora...E se lá for parar.
E este calor em excesso também me fez pensar no porquê da sua existência...E infelizmente voltei a pensar em vocês: no Homem. Até que ponto serei monstro por reciclar, por tentar manter o meu mundo limpo? Até que ponto será loucura querer ver medidas serem tomadas por vocês? Medidas julgadas menos de bom senso mas com senso suficiente para este mundo não arder às vossas mãos?

Eu já não sei nada. Ou pelo menos sei muito pouco.
Mas senti um Inferno que não me agradou
nem que nunca me vai agradar.