terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A revolta de sentimentos vagabundos

Não somos feitos da mesma matéria.
Não fazemos parte da essência, nem
da primeira ideia; não vivo os dias nem as noites,
aguardo-me neste crespúsculo,
Só, cansado da humanidade,
relembrando com saudade
a falta da divindade...
Um só momento, uma só luz,
esse momento que nos sorri
e que sorrindo nos seduz,
cicatrizando no meu ar um cheiro inconfundível,
e o pesadelo distante de alguém
que não conseguirá jamais crucificar o ego,
de alguém que acabará sempre por querer
carregar uma cruz, por si, para si.
É todo um desgaste exterior
que acaba por vir adormecer em mim,
e já não importa a minha razão
a minha luta
ou pelo que bate este coração, tudo se une
tudo adormece de forma revoltada,
e cresce esta fome que não é alimentada
e cresce esta sede que não é preenchida.
Não são letras nem números, nem prosas
nem poesias, canções, teoremas
ou teorias; Nem gramática, ou Ciência
nem matemática...
É estar-se fingindo dormente, quase morto,
Quando se está apenas foragido, quase doente,
é esperar sem grão de fé,
é desejar sem movimento
é a vontade de se dar esmola a este sentimento
sem a vontade de levar a mão à algibeira...
É tudo isto, mas de uma outra maneira,
porque não somos feitos da mesma matéria.