domingo, 3 de maio de 2009

Black angel, segunda parte


Feed my will to feel this moment...(Tool)

Vejo-te assim, levantares-te, a ergueres as costas
e com um sorriso quase doce, com a maior ternura, sem pestanejares,
abrires as tuas asas negras...apesar do anjo que és.
Mas enganei-me, como me engano outras vezes,
Na minha vaidade de acreditar, de querer mais, acabei iludido,
Numa ilusão que rebaixa, que nos faz fazer parte do chão.
Imaginei-te, força brava, algemas rasgadas,
A cara iluminada apenas pela felicidade, num momento honesto.
Se por vezes és espiral de fogo que me leva ao céu
Também és espiral de rocha que me leva ao confins do inferno.
E eu nunca fujo à verdade, por muito que esta me mutile,
Em pequenas dores ferozes que depressam se tornam pesadelo.
Não te consigo alimentar a vontade, o desejo, para que
Sintas este momento verdadeiramente, sendo assim
Não sou capaz de fazer melhor, e sofro, nesta frustação
Tão perigosa que me destrói a alma tão ao de leve...
Mas a amargura acabará por chegar, e depois, acabará por desaparecer.
A paz do mundo refugia-se de mim, mesmo correndo atrás dela,
E tu, pequeno pedaço de céu, não sei para onde corres, mas corres sem parar.
Faço-me à vida, com o que resta de mim.
As possibilidades apodrecem a cada dia que passa,
Deixando-me um nó na garganta, afugentando a minha vontade de gritar
Preferindo guardar tudo cá dentro, amaldiçoando a falta de companhia.
Mas sei que não estou sozinho...Pelos menos até ficar.
No fim respiras angústica, queimas o tempo através do ódio,
Criando imagens infiéis da verdade para te sentires melhor...
Não quero isso para ti, não quero isso para ti, não quero.
Tudo o que sempre te faltou, pequeno pedaço de céu,
Foi a coragem pequena e mais do que suficiente,
Para cortar a corda que te amarra as asas,
Sentires o vento na cara, e sem pressa de viver tarde de mais,
Abrires asar, e finalmente, voar.

03\05\09 – 19h36
Este poema está mais próximo de quem precisa de facto dele. E está menos longe de mim. Mas agradeço por tudo o que possa transparecer nele de real. Sendo verdades ou não. Agradecer a tudo o que faz parte dele, em cada linha.