segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Fiat voluntas tua ( IV )

Onde estás irmão?
Caminhando tão longe do coração
passos são dados devorando imensidões
no centro de todas estas multidões
nunca me senti tão a sós com a solidão,
enquanto respiro angústia, enquanto
procuro por comida ou esperança neste chão,
Enquanto não deixo de viver
Enquanto não conseguir cair mais um pouco...

Onde estão? Olho vicariante, astuto,
cortante e fácil de lacrimejar,
mas onde está essa força para estender a mão?
Minha culpa, ausência da vossa inocência,
Invado-me acima de toda esta pestilência
mesmo que só por alguns segundos
para contemplar a real essência
deste mundo condenado.

Irmão porque evitas olhar?
ou quando olhas finges impotência?
Por entre guerras, ganâncias cegas,
Da fé, às moedas, à imaginação cruel,
O preço que se paga por se ser
inocente é carregar a dor de quem tem
realmente a culpa.

Neste mar de escuridão
ansioso por engolir os barcos mais frágeis
a minha última prece é
dirigida a um Pai ausente
e a todos os Seus filhos que não me ouvem
perguntar: Onde estás irmão?