Eu pus, e Deus, para mostrar que está lá, dispôs. Quase poderia dizer: cheira-me a ironia. Logo a mim, logo eu. Eu e a ironia estamos destinados. Mas pronto passemos ao texto corrido.
Cheguei à faculdade. A minha amiga foi ter com outros colegas, eu fiquei cá fora a fumar. Estava sol, (ainda não estava frio), e eu deixei-me ali, sozinho, a receber sol nos braços, na cara, na cabeça. Deixei o calor invadir-me. Eles estavam na biblioteca. Cheguei à biblioteca e lá estavam, dois homens e a minha amiga. E ao lado, uma rapariga, que já conheço há algum tempo. Comprimentamo-nos sempre, nada mais. Mas hoje olhou-me com um brilho no olhar, com um sorriso, daqueles, especialmente grandes, honestos. Fiquei meio parvo (mais do que aquilo que já sou). Mas também dei um ar de minha graça. Ao inicio não compreendi. Eu estava igual a sempre. Estava tudo igual. Mas depressa, para meu alívio, e também felicidade, viria a descobrir tudo. A rapariga está muito longe de casa. E tem andado numa fase complicada. Por isso o dia de hoje, nesses minutos, foi-me satisfatoriamente gratificante.
Toda ela sorria, estava liberta, feliz, animada, como se a sua vida de um momento estivesse mais iluminada, muito menos escura. Foi fantástico. Quem me dera estar no lugar dela. Mas agora é a vez dela. E ela aproveitou bem.
Alguém convidou a rapariga para ir fumar lá fora, (ela é fumadora), mas ela recusou com um grande sorriso. Disse que depois ia, agora estava "entretida". Sei bem o que isso é. Estarmos de tal forma "preenchidos" para deixar esse vício patético para outra altura. Para quem não fuma pode parecer insignificante, mas não é. Percebi pela conversa que estava a falar com alguém na Internet. Ah, aí tudo fez sentido. As pausas, os sorrisos rasgados, as gargalhas miúdas, aqueles momentos de espera a sorrir para o ecran, à espera da resposta, do elogio, da pergunta, da certeza, da conclusão, aquele olhar sonhador, tudo fez sentido, tudo se encaixou. As vezes íamos trocando olhares e íamos sorrindo, ela mais do que eu, e cedo ela apercebeu-se que eu já tinha percebido a situação, por isso já não disfarçava a felicidade. E ia-se sorrindo de forma farta, sempre com os olhos brilhantes. Quando a minha amiga colocou conversa com ela é como se alguém lhe tivesse pregado um susto para esta realidade, e ela, consciente que não parava de sorrir sem parar, sentiu necessidade de tapar a boca com um cachecol fininho, para disfarçar o grande sorriso. Achei graça.
A beleza da felicidade. É um facto, a felicidade tem em nós um toque mágico, tão genuíno, sem possibilidade de enganar. Pode existir ou não explicação, mas é algo que se sente, que se reflecte. É todo um ar à nossa volta, como se fosse uma aura, um brilho nos olhos, uma leveza...Eu sei lá, tantas coisas. Apesar de ter venerado estar na sua situação fiquei feliz por vê-la assim, basicamente, feliz. Muito feliz...
A felicidade tem uma cara, uma cor, muito concreta. Tenho saudades.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Espirais?
Nós pomos, Deus dispõe.
Não podemos ter nada como certo. Talvez só a morte.
E o amor de sangue, que não muda nem com o pior nem com o pior,
é constante, é certo.
Não posso dizer desta água nunca beberei. A vida ensinou-me isso. Por isso não posso garantir quando me vou embora disto tudo, como se fossem umas férias. Ando meio desaparecido dessa terra da inspiração, das ideias novas, das ideias renovadas, dessa espiral.
E podia dizer aquilo que ainda quero fazer. Como se fosse um plano escrito, para ser seguido à risca. Mas não sei.
Quero falar no Reflection, sinto que ainda posso falar muito sobre isso. Quero escrever sobre uma terra bela. E quero por fim, falar sobre o anjo caído. Três textos e vou-me embora. É só isso que quero para já. Mas é como disse...Eu ponho, e Deus dispõe-me. É a vida. Vamos ver o que consigo fazer. Um passo de cada vez? Talvez, já não sei.
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