terça-feira, 19 de agosto de 2014

Raiva dormente

Como que crianças a brincar com fósforos,
Aventuram-se nessa queimadura imensa
nessa chama intensa de tentarem ser deuses,
Adamastores, históricos colossos,
Julgam-se aplaudidos, venerados,
Nesses actos dramáticos, de máscara ao rosto
como os antepassados nossos...

Pintores e escritores, e das artes da moldagem manual,
Matemáticos, pensadores, filósofos,
E amantes do próximo,
Escondidos, presos, servos de uma rotina habitual,
Criada por outrém, apodrecem nesse fosso
quase sem fim, onde d'outros repousam apenas ideias mortas
e os ossos.

Sigam por entre as estrelas,
Neste calado grito de raiva dormente
As histórias belas
não chegam a ser vividas.

Desvalorização do que realmente importa,
da simplicidade à qual fecham constantemente a porta,
Desde a queda desses meteoritos d'ilusão
Aos trezentos e sessenta graus da calamidade
presentes nos gestos diários desta dita humanidade.


Uma vez mais, obrigado pela música que serviu de fundo.