Nota
Desafio: foi-me lançado um tema pouco falado, talvez por ser mais sentido do que partilhado. Na realidade este "SENTIMENTO INSTANTÂNEO" raramente, ou dificilmente é de fácil partilha, pelo menos depois de sentido. É talvez partilhado na hora em que se sente, conforme os casos. Podem ser milhares de pessoas que gritam numa linguagem quase religiosa, podem ser milhares de pessoas que cantam e se deixam levar pela mesma força e energia quando observam um palco, podem ser dezenas de pessoas que vivem por dentro ou para dentro de uma enorme tela...Entre outros. Claro está, com sorte, temos sempre alguém que depois de sentir, está ao nosso lado a recordar ainda o que sentiu. Nesses casos, penso que são pessoas cheias de sorte. No entanto compreendo a solidão merecida de sentir sozinho, algo que nos cabe apenas a nós.
Por isso este texto tem como objectivo primeiro "servir" um favor a um grande amigo, Fred., não deixando porém, de escrever a minha poesia, à qual estou habituado. De qualquer forma fica já escrito, para não me transformar em palavras soltas, que são levadas pelo vento, que se este texto não corresponder às "necessidades" de outrem, será reescrito em forma de prosa.
Este texto segue ainda uma pequena corrente concordante, a qual dedico única e exclusivamente a uma pessoa. (Abro um sorriso bem aberto)
Dentro da poesia farei o meu melhor, darei tudo.
Banda sonora: Forty six & 2, Sober, Jimmy, H., From yesterday .
Interrompi-me.
Deixei-me interromper por completo,
Deixai-me ir. Ignorei-me. Deixei-me ir.
Não se incomodem em não me incomodar,
Deixem-se ir. E sintam por breves momentos
pequenos sentimentos que nos invadem
de forma absoluta, concreta, completa,
Até sermos outros, sentirmos de uma forma
exterior, um calor, um sentimento, diferente.
Interrupção. Levo a minha vida como se fosse
um pequeno inferno, neste mundo intitulado
de moderno, onde as crises, as mortes, a ganância
tudo se mantém igual, este mundo não é moderno
é o mesmo
que nasceu imperfeito.
Mudará?
Não sozinho...e afogo-me em alegria,
talvez inexistente, talvez momentânea,
Tenho de me deixar ir.
Sou cores, sou gritos, sou gritos selvagens,
Sou melodia cantada, sou canção, sou uma história de amor
com um final feliz, sou a infelicidade de uma história de amor,
Sou o terror que nos assombra, a gargalha que devia ser infinita,
Sou pedaços de mistérios que se unem numa conclusão,
Sou desilusão e miséria, mas também sou alguém
especial que salva o mundo.
Sou realidade, sou algo que deve ser interrompido
com momentos ainda melhores que a realidade.
Sou uma chamada às armas, uma guerra passada,
Sou personagens, sou frases importantes,
Sou História recontada...
Sou choro, ilusão, esperança.
Sou sangue, medo e entrega.
Sou todas as sensações, todas ao mesmo tempo,
Sou único neste momento de sentimento instantâneo.
Às vezes aprendo, outra vezes apenas sinto,
Outras vezes faz-me querer mudar,
Outras vezes faz-me querer não piorar,
E deixo-me ir, porque nesse momento existe outro Eu,
Um Eu que sente outras sensações.
Mas nunca deixo de ser eu, apenas interrompido.
Breves sentimentos, que me afagam a tristeza,
que me alegram, que me dão incentivo para não
deixar de lutar.
Para ser mais, encontrar mais pormenores,
E deixar-me ir mais vezes...
E mesmo que mais tarde encontre esse Eu,
Distanciado desses sentimentos,
Nunca estarei a falar com a mesma pessoa.
Descobri então, que esses Eus são sombras
iluminadas do meu ser.
Existem na mesma realidade, mas de forma paralela.
E preciso deles.
Mesmo que com eles nada tenha aprendido,
Com eles aprendi outra forma de me sentir.
É um peso que aquece ou que sufoca,
É uma alegria imensa ou total insatisfação
que nos coloca a interrogação:
Poderá Deus ser tão aborrecido?
(Não creio, é preciso deixar-nos ir e descobrir...)
Não é pessoal conquista, não é pessoal realização,
Mas é com certeza, e mesmo não sabendo sempre,
Uma pequena espiral
que culmina numa ascensão.