sábado, 1 de fevereiro de 2014

versofado


Sons sombrios aquecem esses
sapatos frios que caminham por entre os prédios.
Mas a música que exalta a alma
e retira a calma ao coração
vem de dentro, nessa rua tudo o que se pode ouvir é
o tilintar dos pés contra a calçada,
do sofrimento humano que nos rodeia, mas a sós,
como que uma voz só ecoando pelas trevas
de uma gruta...
Este mundo é tão puro que até custa a engolir,
Sacode-se a parede da garganta,
é impossível conter este ódio outrora abandonado,
Engasga-se o receio na verdade de nunca se ter enganado;
Tal fado, tal tristeza alegre triste que nos cobre
como que uma manta, cinzenta, negra, vazia.
A esses que tanto mal fazem aos outros da sua natureza
(e de outras naturezas ditas inferiores)
Não vos posso desejar o mesmo mal ou até a morte, não...Posso
apenas desejar tudo o que de pior possa ainda existir,
Que vos falta sentir, para que sintam o sofrimento alheio,
esforço das vossas mãos e fraqueza humana,
não viverá impune.

O silêncio acorda-me, como o barulho continua a acordar,
Silenciado, quase adormecido,
este monstro sossega nesta fado tão vivido,
Enraizado, e sentido...
E tal familiar à muito fugido, volto,
para tentar conter ou ilustrar aos cegos as cores da destruição.