sábado, 30 de abril de 2011

Deus versus deuses



Ontem, quando já começava a pensar que era mais um dia igual aos outros (abudante na dormência e na tristeza de uma existência morta), fui brindado com uma breve antevisão desse 2012 que aterroriza as almas humanas...O fim do mundo. E hoje, agradeço o facto de não descrever algo pensado ou imaginado, mas algo de facto vivido. Estava em plena rua quando tudo começou...E esta guerra celestial que se deu nos céus, e que trouxe as suas repercussões até cá abaixo, não poderia ser uma guerra somente entre o bem e o mal...Não não podia. Demónios contra anjos? Não. Ontem foi mais forte. Ontem a batalha foi entre Deus e os deuses.
Não consegui parar de sorrir. Contemplava a força do universo, da mãe natureza, no seu estado mais arrogante - e com todo o direito a sê-lo...E se alguns tremiam com o barulho dos embates entre o gelo e tudo o resto, ou ainda com os trovões pesados que conseguiam abafar o som do gelo que embatia, temendo um fim ou uma morte, eu apenas sorria. E perante uma possível destruição total de toda esta realidade eu estava apenas calmo e feliz...Senti a destruição à minha volta, e asseguro-vos que nada tem de silênciosa. Antes de tudo isto começar estava um ar bastante abafado, calor até, nesse dito clima de estufa...mas aos poucos, depois de tanto gelo furar o ar, depois de tanto gelo descansar no chão o frio instalou-se...e de repente, totalmente fora do contexto inicial, começou a sair vapor das nossas bocas...e a sensação é a de que estavamos na presença de mortos; assim, de um momento para o outro.

A morte podia vir...porque ali, perante aquele espectáculo aterrorador, eu estava diante do que mais belo podia ver, e podia desabar tudo, afogar-se tudo, gelar tudo!, que eu aguardaria sempre por mais destruição bela.

Tudo valeu a pena...não interessou chegar a casa frio e molhado, ou até contornar caminhos longos para fazer um percurso tão curto...Enquanto o gelo caía, enchendo o chão de água e gelo, gelando o ar e o corpo, na maior demonstração de barulho alguma vez ouvida...eu contemplei o momento da minha vida, absorvido no esquecimento, e finalmente afastado do silêncio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A posteriori

Pelo terceiro olho.


Existem aqueles que desafiam a morte constantemente...A alguns desses, por vezes, dependendo do resultado, da acção e do meu estado de espírito, acabo por aplaudir.

Porém, só consigo vibrar, sentir aquele esmagamento no peito e no estômago, para com aqueles que desafiam a vida. E isto é estar a ser honesto.

E outra forma de me explicar com clareza é: não estou aqui para fazer juízos ou julgar depois das coisas estarem feitas (e não terem resultado como se pretendia), porque essa é uma tarefa fácil e acessível (para não dizer ainda : preferida) a qualquer ser humano. Estou aqui para aplaudir aquilo que correu de facto bem ou melhor ainda, independentemente da forma como se começou...

Alguns preferem ficar a pesar sobre se existem muitos ou poucos presentes da vida...(Dependerá ainda de nós? Esperá-los? Procura-los? Fazê-los?)Enquanto outros aceitam os presentes que recebem e não os desperdiçam.


Deixo-me a repousar nas reticências...


A posteriori, sem fé na elevação e com os olhos vendados, já é sempre demasiado tarde...A posteriori a revelação é tardia.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Revelação tardia





Depois de acreditar estar vivo,
depois de querer estar vivo,
um pouco antes de a morte vir.

Pelo terceiro olho.

terça-feira, 26 de abril de 2011

0.08

Pelo terceiro olho.

Agora estou demasiado longe
para chegar seja a que lugar for...
Já não quero sentir nada
depois de ter estado perdido por tanto tempo.
Vagueando sobre esta luz escura
Resguardado do desapontamento
que a todos vós causa o mesmo sentimento.
Julguei por um breve momento
que este olho se ia abrir no peito
na testa ou na nuca
quando jurámos nunca mais dizer nunca.
Pertenço a todo este pesar de dormência,
de escassez de alimento,
sem certeza de onde reside agora a essência.
Tento encontrar um sorriso
nesses números que substituem as palavras,
neste silêncio que resume uma labareda
que morreu mal tocou no divino...
Nada consegue parar estes pensamentos
que se repetem na minha cabeça
num esforço único de me continuar a conter...
Começo a pensar devagar,
numa inércia de quem já não espera chegar,
Num lugar agitado e perturbado
que já se tornou a minha casa.
As respostas e soluções desaparecem,
e o que parecia um caminho seguro
abre-se num labirinto
onde as únicas saídas são a morte
ou a desistência.
Existem preces que não têm como destino
chegar a Deus, e é ao saber isto
ao tomar consciência disto
que começo a revoltar-me com o mundo
a sentir repulsa no movimento humano...
Sem ser aquilo que podia ser
aconchego-me nesse lugar
onde acaba por vir parar tudo o que é lixo
existêncial, sentimental, onde o pensar
tem pouco peso...
E por várias vezes sinto esse arrepio
que me ilucida e me avisa
para este espancamento a sangue frio...
Que não me magoa por estar nu...
Apenas por estar vazio.

O sopro do coração

[Pela quinta vez contigo, Joana G., keep going, obrigado!]
(Pela tentativa comum: Pelo terceiro olho.)

Não sopra a usual brisa na rua onde sofro,
Sou eu sozinho, eu e as minhas pegadas,
E a minha única companhia, a solidão.
Alguns esperam um só sopro
Por mais suave que este seja...
Que mais ninguém veja tudo o que eu sempre quis...
Um vendaval, força extrema, sem receio
De abalar tudo à sua volta...capaz de penetrar pedra...
Mas eu jamais fui a excepção à regra.
O destino para comigo é castigo
E a sorte cega...
Agora, que me entendi nesta paixão morta
De quem já não sabe amar
Espero, como vós, apenas um sopro no coração...
E espero que, no fundo, esse sopro reavive a minha alma outrora apaixonada.
Espero que consiga trazer de volta a minha essência sonhadora, que acreditava na exaltação do sentimento humano.
Que acreditava que a felicidade é possível,
Que acreditava que os riscos valem a pena, no fim de tudo.
Porque passou tanto tempo desde que usei o meu coração para amar, que achava que ele tinha parado.
Estava já enferrujado, coberto com o pó das lembranças e eu pensava que nunca mais ia senti-lo a bater. Mas esse momento aconteceu e aos poucos, consigo senti-lo a voltar à vida.
Este sopro encheu-me de vontade para alcançar o céu.
Encheu-me de uma motivação incrível que me faz rir quando vejo a chuva a cair ou quando vejo o sol a esconder-se no horizonte. Subitamente sinto-me mais leve, sinto-me capaz de carregar o mundo inteiro sobre os meus ombros porque tudo é possível. Até o final feliz de que eu estou à espera há tanto tempo...
Mas já nem sonhar é como outrora...
Um jogo, um desafio, uma construção no caminho
Da vitória...Calei-me; tudo o que preciso agora
É de divindade em forma humana,
Alimentar uma qualquer chama
E voltar a casa
Sabendo que tudo fiz para
Recriar e viver o sentimento soberano.
Porque sem isto
Sou pouco mais do que ninguém.
É o que sou... é o que sinto,
E neste procurar faminto,
Daquilo que quero, daquilo que preciso,
Só não quero morrer na espera.
Nesta espera que nunca acaba.
Que parece nunca acabar.
Eu tento procurar aquilo que quero,
Mas isso é exactamente aquilo que não posso ter.
É tão ordinário que me causa um sabor amargo nos lábios.
É tão verdadeiramente irónico que me causa arrepios...

É tão verdadeiramente cruel e real
Que sinto uma pontada no coração.
Uma pontada que espalha o veneno do rancor,
Dentro de mim. Cheguei até aqui! Fiz o que melhor sabia,
Só para chegar e sentir o chão a fugir debaixo dos meus pés.
Aqui me queriam, desejavam a minha presença.
Queriam regozijar-se com a minha dor. Com a minha falta de vida.
E agora? Agora devo continuar a sonhar?
Agora dizem-me que devo seguir em frente, à procura de algo mais?
Algo que me preencha por completo, algo que me leve a sentir, de todo.
Saber o meu destino não foi algo que eu tenha pedido. Não é algo de que me orgulhe.
Apenas me tortura, dia após dia, arrepio atrás de arrepio, saber o que muitos sonham em saber.
Se vou ser feliz amanhã, se vou conseguir amar algum dia. Se vai ser possível algum dia sentir um sopro no coração que me empurre de volta à vida.
Que me encha de vontade de continuar a lutar contra o qual eu tenho a certeza que se vai suceder.
Como poderei alguma vez vencer a inevitabilidade? Como poderei libertar-me algum dia desta prisão que eu própria criei, dentro destas paredes?
Fui eu que me fechei aqui, distante de tudo. Afastada de todos os que me pudessem ferir com as suas lanças de desilusão. Afastei-me antes que a desconfiança esgotasse.
E assim fiquei, isolada do sentimento humano, completamente alheia ao que ainda faz o coração bater.
Agora tudo o que quero é recuperar algum do tempo perdido, partindo o espelho que encerra o passado.
Agora tudo o que espero, é um sopro do coração, que me faça reviver.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A bela adormecida

[Toda e qualquer semelhança com a realidade é tudo menos coincidência]

Pelo terceiro olho.

Era uma vez...
...uma donzela.
E conta a história que a donzela
foi amaldiçoada para dormir para sempre
até que o verdadeiro amor da sua vida
se revelasse através de um beijo puro
retornando-a do adormecimento...
O que não sabia a pobre donzela
antes de entrar no grande sono
é que já tinha conhecido, enquanto acordada,
o amor ou os amores da sua vida...
O que não sabia a pobre donzela
é que enquanto dormia o seu verdadeiro amor
se tinha aproximado...tão próximo, quase
a tocar os lábios, quase a acariciar a face ou os cabelos,
Tão próximo para depois de afastar...
O que não sabia a pobre donzela
é que esperar ali para sempre, sonhando paciente,
era aproximar-se da eterna solidão...
Até que um dia, não acontecendo nada mais
do que uma eterna espera,
alguém que a amava, mas sem ser o seu amor verdadeiro
(não a podendo salvar com um beijo)
matou-a, colocando um fim a toda uma vida
sonhando, libertando-a
daquilo que já não era uma espera sedente de concretização,
daquilo que já não era nem sonho nem pensamento
mas apenas sofrimento.


Em cada um de nós...
Enquanto esperamos acordar ou adormecer
Fugindo da realidade ou encontrando-a de facto,
existem três formas erradas, mas as únicas que vivemos:
deixar passar o verdadeiro beijo - não o voltando a encontrar igual,
esperar por ele...sem nada fazer - perdendo tempo de vida
dando tempo à solidão;
ou temer concretizar, não concretizando o beijo,
seja por que razão for.
Não se deve esperar em demasia , sem luta.
Não se deve sonhar em vão, nem com o impossível.
Não se deve perder sem querer voltar a ganhar.

Hoje em dia já ninguém realiza o que sonha. Para quê então sonhar?
(Mesmo sendo a ausência de um sonho um pesadelo.)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Certeza incolor

Sei que digo certas coisas...
Mas não quer dizer que as sinta sempre;
E sinto também tanta coisa que não digo.
A paciência e a falta dela
vão trocando de lugar sem cessar...
E se por um lado aguardo este
terceiro olho, quase calmo, quase feliz por
outro lado é como se não fosse possível
espera-lo muito mais...Como se me bastasse
que se me rasgasse a cabeça abruptamente
antes do tempo para aparição desse terceiro olho.
E estas chamas que me queimam apenas
de tão frias serem vão-me fatigando a alma.
Neste momento sinto-me incolor,
e a certeza é que não consigo mudar nada,
ser sentido por nada, visto...
Sou pó cinzento que ao cair no
cimento não se deixa sequer notar... Sou a estrela apagada
no céu estrelado e de negro vestido,
como se nunca lá tivesse estado, como se nunca para lá fosse viver.

Pelo terceiro olho.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Queimadura divina

Pelo terceiro olho.

Esta queimadura não pode
ser humana...
Porque não dói apenas;

também me sabe bem...

Tentámos tanto
e chegámos tão longe
(mais do que permitia

a força humana)

para depois nada mais interessar

para depois nada valer

ou ter valido a pena.

Agora, depois de meses onde
o vento e a chuva

e o céu cinzento

coloriram a cidade de Lisboa

finalmente chegou a sua merecida claridade...

Mas por muito que ainda tente

só tenho a certeza que não a vejo com clareza.

Fugi-te e deixámo-nos aguardar
na distância do silêncio e as nossas vidas

foram continuando...mas procurei-te e
encontrei-te outra vez...sinto-me ainda pior agora
que percebi que sempre foste uma parte de mim
e que eu nunca devia ter partido.
Não importam as razões...porque o medo
não deveria sufocar o sentimento.
A escurião devorou o céu
quando a lua veio trocar de lugar com o sol
e foi então que abri os lábios
quase temendo a verdade absoluta e monstruosa;
e a voz soltou-se, certa e consciente
que em duas palavras estava
a essência de batalhas e conquistas
e de libertações e o acalmar ou até o calar
de vozes interiores famintas (espirituais e físicas)
ao dizer:
Eu amo-te.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Lembrar o nome

Pelo terceiro olho.

Marquei nos meus braços
palavras que mudaram a minha vida;
Numa terra árida foram
colocadas novas raízes...
A única herança que deixo
neste mundo são escritos, e pequenos actos
que tentaram marcar pessoas para a
vida como cicatrizes...
Agora com esforço
tento lembrar o nome que deu vida a tudo isto,
Que veio da luz
e que luz trouxe até trazer as trevas.
Não podia amar mais as palavras, depois de tanto
aguardar no silêncio o seu ódio, a sua vaidade desnecessária,
e essa raiva que paira em mim
acompanhando cada passo na esperança
de encontrar mais um pedaço que me indique o próximo acto
que deveria fazer mas que ainda não faço.

O esforço é empurrado caindo
destroçado no fundo dum pinhasco...
Compliquei a minha vida, sem resto de simplicidade
para me destrancar deste quarto,
onde as janelas esperam todas iguais,
com a mesma paisagem
e por onde quer que os olhos fujam
acabam por encontrar sempre o mesmo rosto a mesma mensagem...

domingo, 10 de abril de 2011

Não esquecemos o pai

Pelo terceiro olho.

A maioria das pessoas gosta mais de devorar os erros dos outros, como se a fome fosse inesgotável...e depois, como se não bastasse cospem as qualidades.
A maioria das pessoas é assim.
Eu não.
Defeitos todos temos, círculos perfeitos só existem
na utopia dos sonhos
e no que tento que seja a minha escrita...Mas não existem.
E se existem, ou por se por momentos
parecem existir depressa morrem
dando lugar à escuridão que se abate na realidade...
Por isso prefiro não inventar...abraço as qualidades
como se fossem únicas; mas não menosprezo de todo
os defeitos...nem os erros...apenas prefiro equilibrar
de forma justa o julgamento dos outros
e aproveitar a vida com o bom que ela pode dar...
Se deitar-mos abaixo as pessoas
tudo o resto é cinza...São as pessoas que têm o poder
de mudar tudo isto.
Por isso não me esqueço das vezes que foste comigo
a tantos sítios;
por necessidade ou por brincadeira,
nem das palavras mais sábias que da tua forma
tentaste fazer transparecer...
Nem dos esforços que tentaste concretizar.
Todos nós temos as nossas falhas
- E uns mais do que os outros;
e uns mais conscientes do que os outros.

sábado, 9 de abril de 2011

Gotas de ácido

Pelo terceiro olho.

Hoje não deveria ter acordado...devia ter prolongado o sonho. Em tantos dias, fosse por cansaço, fosse por sono, nunca senti necessidade de ficar um pouco mais ali deitado...fingindo não ter responsabilidade de estar noutro sitio...mas hoje, hoje não deveria ter acordado.

Saí das minhas crenças e filosofias de vida; queria que a verdade não existisse ou perdesse a importância, para que a ilusão ou a mentira ganhassem relevo, e de certa forma, se tornassem reais. Hoje não deveria ter acordado...Acordei preenchido de felicidade, e um sorriso roçava o ar e a almofada.

Tudo pareceu tão real, tão palpável, tão autêntico, não foi um sonho novo, foi um passado revivido...e eu queria ter dormido, durante tanto tempo...mas acordei. E os primeiros segundos são bons, estamos conscientes que tudo supostamente aconteceu, que é presente, mas depois...a realidade oferece-nos um estalo total, mostrando-nos que tudo aquilo que parecia tão verdadeiro não passou de uma ilusão, de uma brincadeira do nosso cérebro, para nos agradar por momentos.

Se conseguisse chorar, ou chover, chuvia ou chorava gotas de ácido, fingindo acreditar que todo este sentimento, ou partes de sentimentos, curavam-se enquanto saiam...mas ao mesmo tempo, mesmo que isso fosse possível, as gotas iam-me furando o corpo, arrancando e vaporizando a carne, o osso, a pele...deixando espaços no vazio, numa utopia da sua substituição ou preenchimento.

A teoria parece cada vez mais fraca, porque não consigo já encontrar justificações a quem não compreende, mesmo que não tenha nada a justificar; mesma que as justificações se possam resumir numa...

Noutras alturas, noutros momentos, admiti ser um doente consciente; e agora, uma vez mais, deveria admiti-lo. Porque a minha ingenuidade começa a ser igual à daqueles que não sabem que os sonhos são apenas o alimento da alma; e eu não deveria estar preocupado em ter acordado, mas sim em ter sonhado...Mas é-me tão dificil, não sentir a tua presença, mesmo não a tendo, porque tudo parecia tão real...

Uma bala que entre num corpo, sem tocar num osso que seja pode ser retirada sem deixar qualquer vestígio; mas uma bala que toque num osso e que se parta em vários pedaços pode sempre deixar no nosso corpo, fazendo ou não mal, partes de si, começando a fazer parte de nós. E tu começaste a fazer parte de mim, querendo ou não, seja quem for que o queira ou não.

E eu não deveria querer dormir mais, prolongando-te em mim...eu sei disso. Mas as gotas de ácido queimam e furam um coração que por momentos fingiu ganhar vida, e cegam

por momentos

um terceiro olho

que espera abrir.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Intolerância à visão

Pelo terceiro olho.

Não tolero escravos da cegueira, não tolero cegos que conseguem ver... Não precisas de me ver, olhar-me nos olhos como se me fosses perder para sempre, não me precisas de ver...

Não tolero escravos da cegueira, não tolero cegos que conseguem ver... Acordei...tudo parece estar no lugar habitual, o tédio boceja na certeza que nada de novo vem para o surpreender. Mas não são precisos sequer dois olhos que sejam para sentir o caminho... Não. Não te ensinei nada? Tão pouco a mim, nesta esperança de um terceiro olho...

Mas como...Se continuam a existir cegos que conseguem ver...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Flesh into divine

(E deixo ficar no ar, já que não o posso escrever, que sendo ou não o último, este texto é dedicado a todos, sem excepção, por razões melhores ou piores, na esperança da compreensão que só existe um silêncio bom, aquele que não é calado.)

Pelo terceiro olho.

Nesses traços divinos da vida
às vezes tentei encontrar
razão e sentimento
para neles me agarrar...


Quão díficil é descrever
um verdadeiro herói?
E encontrá-lo? E sê-lo?
São restos de divino
que devido à nossa
cegueira escolhida e acolhida
se transformaram em pó...

Se já são poucos os
que olham o horizonte
são ainda menos
os que ainda procuram a ponte
entre a terra e Deus...

Como nos pode parecer
melhor a escuridão
quando existe no seu centro
pelo menos uma luz
que chama muito mais a atenção?

E eu que não encontro
(ou não me esforço por encontrar)
uma face maior de Deus...mas ela aparece-me
clara e real
numa história cantada
sobre dez mil dias
no fogo do sofrimento...
Talvez a razão de tudo isto
seja não conseguirmos ver com tamanha luz...

E mastigamos a desgraça,
Moemos a raiva
e louvamos o ódio e indiferença...
Não quero ser um herói
mas queria descreve-lo.

Naqueles momentos em que
tudo parece ruir à nossa volta;
em que imaginamos não ser possível
piorar mais ainda...Que ingenuidade,
que falta de percepção...(Podia piorar tanto...)
Só que às vezes só queremos
que tudo rua de uma só vez,
entregues ao silêncio
e ao maior sofrimento,
assim enquanto doer tudo
assim até talvez começar de novo...

QUE ASCENDA O ESPÍRITO DO CORPO
QUE UMA CHAMA IMENSA
FORTALEÇA AS ASAS QUE NUNCA FORAM
USADAS,
NA CONSTRUÇÃO DE UMA ELEVAÇÃO
DE UM SER HUMANO
NA SUA HUMANIDADE DIVINA,
ONDE AS CORES SE FUNDEM
E A SENSAÇÃO É INDESCRÍTIVEL...
onde com as mãos unidas
ou os lábios
ou promessas e batalhas
sentimos que fazemos parte do universo
e que somos a peça que faltava.

sábado, 2 de abril de 2011

Overwhelming hostility

Pelo terceiro olho.

Não queria abrir os olhos... Abri-los era aceitar o silêncio; ouvi-lo até à exautão, à destruição massiça dos meus sentidos... Fecho-os com toda a força como se quisesse dormir para sempre, mesmo tentando procurar numa esperança paralela a abertura de um terceiro olho...


Ao contrário do resto do mundo o silêncio vê-me, e vigia-me e agarra-me como se fosse dele. Mas o silêncio não é único...nem é o único; arrasta-se esta falta de magia pelo respirar, pela benção mais significativa; e a falta de sorte em conseguir mais de outros ou dos mesmos nesta vida. E o peso deste silêncio já cavou nas minhas costas a sua forma, a sua moldura, finalmente encaixados de forma perfeita... Agora é deixar que juntos nos tornemos um.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O instrumento

Pelo terceiro olho.

Encontro neste instrumento:
que é a aprendizagem
verdadeira assim como
o verdadeiro conhecimento,
pequenos pedaços e peças totais
do universo...
Nesses momentos que são vitais
e que nunca cairão no esquecimento:
desde o sentimento extremo
ao choro e ao sofrimento.

Espero, mas sem viver sossegado
na espera, por este olho
que anseia crescer ou abrir.
E levanto os olhos bem para o alto
consciente que no céu
(em tudo aquilo que
nos parece mais distante
mas que não é)
está o único bom caminho..
Porque olham então para o chão? Para esse
círculo cujo o diâmetro são os poucos
metros mais próximos?

Porque os segredos são vários
mas guio-me pela intensidade
e longevidade, em tudo e para tudo,
...
Como era no ínicio,
agora
e queria que fosse para sempre.

Imunidade

Pelo terceiro olho.

O vosso olhar (cego) finge penetrar

a nossa alma enquanto varrem

o nosso corpo e a nossa cara de forma astuta...

Mas é engano;

o esforço todo que aplicam só sente,

muito ao de leve, o nosso exterior.
E é só isso que procuram.
E como odeio a hipocrisia, a falsidade, a mentira...

Eu que amo no Homem a humildade
e a simplicidade. Mas eu evoluí...
E agora todos esses actos pobres

(em almas que se julgam ricas)
Que têm por objectivo arrastar-nos até ao chão
(pensando que se estão a colocar num grau

qualquer de elevação)
Já não causam em mim qualquer sensação.
Porque enquanto eu procuro uma abertura para

o terceiro olho,
todos vós ainda procuram razão sensata
para estarem vivos e terem nascido -
Julgam-se na elevação
quando ainda estão enraízados no vazio.

Estou imune.