domingo, 26 de dezembro de 2010

O teu mundo

O teu mundo é igual ao meu,
mas diferente.
Onde tudo respira, onde tudo respira
numa paz celestial.
Um mundo onde todas as acções e melodias
têm um encanto especial, onde tudo faz sentido,
e o que não faz, aos poucos começa a fazer.

Mas...

Sinto este sabor ferroso nos meus meus lábios,
feridas abertas na boca ardem
não dando lugar ao que estou a perder.
O mundo nunca me chegará
porque nunca quis tanto.
No dia em que a esperança morrer o que nos resta?
Sermos engolidos pelos erros cometidos
eternamente amarrados a algemas por nós
construídas ao longo dos tempos?
Obrigados a dissecar o nosso ego que nunca morreu
crucificado? Numa ilha rodeada de chamas,
sem saída, onde respiramos fumo proveniente das trevas?

Mas...

O teu mundo é igual ao meu, apenas um pouco diferente.
Onde as palavras são palavras
e a acção é movimento.
Onde o amor tudo vence até que a derrota o vença.

Mas...

Sublimes criaturas com asas demoníacas
pisam-nos, e alimentam-nos o medo...
Quantas vezes podemos tentar viver mais?
Quantas vezes mais basta a vontade?
Voltar a errar seria um erro.
Deixámos de escutar quem mais interessa...
Uma perna presa em areias movediças
outra a tentar voltar para trás...
Nem sempre o observador distante é o que
está mais consciente dos caminhos ainda existentes,
às vezes tudo está dentro nós.
Onde está essa onda gigante capaz de fazer
apagar estas labaredas escaldantes?

Mas o teu mundo é igual ao meu.
Alguns procuram toda uma vida por algo
tão exacto. Outros tentam criar.
A verdade não se engana.
Tomara todos terem essa sorte...saber, sentir, poder fazer.

Mas...

Uma ave colossal sem penas, apenas com ossos,
que varre o céu deixando cinzas e agitação
aproxima-se.
Agarra-nos, leva-nos até muito alto,
e mesmo sem qualquer palavra
sabemos o que vem a seguir...
Escuridão vermelha
e dor.

Mas...Nem tudo é assim.