finalmente chove, o calor dá lugar ao
frio, o vento beija a pele até
ao sentir de um arrepio, por tanto
tempo foi esperada esta bênção,
esperada como uma salvação que não vinha...
e agora que veio...
a minha mente não está aqui,
onde a água mata a sede das pedras
desta calçada.
E a acção do bater do coração é forçada.
atados estão os gestos, morta está a vontade,
e nem este frio tardio
consegue alterar o que resta
de uma alma e de um corpo.
a culpa está apenas na inocência do gesto.
não há fé em nada considerado menor,
desvalorizado ao pormenor, na frustração
de quem já não se sente vivo
o suficiente para viver e não querer
o fim de tudo.
Não estou mais aqui; e enquanto a chuva desce
enterro-me cada vez mais na loucura
marcada a ferros quentes ou frios
na minha pele
de que nunca aqui estive.
a culpa não é de ninguém
e a inocência não é só minha.