domingo, 21 de dezembro de 2008

Desperdício das massas

Graças a… ao condutor
Passamos vermelhos sinais.
Senti-me aliviado pois estávamos
Com alguma pressa.
A Lisboa bela estava molhada
Mas não me lembro de ver cair chuva.
Enquanto aguardávamos pela chegada
A casa respirei calma.
Ainda nos deram tempo
Para recitar Álvaro de Campos,
Algo parecido com: Margarida
Se te desse a minha vida que fazias tu com ela?
Éramos enormes e felizes
Nessa ilusão de quem bebe um
Pouco mais.
Nas pernas cansadas que me davam
Algum cansaço, depois de um longo dia,
Vislumbrei o sorriso aberto que me deste.
Não procurei nele sensação alguma
Mas o sorriso de uma mulher
É sempre um sorriso que não se esquece.
Nesse sorriso solto nada me disseste, mas o monstro
Foi libertado e nada mais em mim carece
Que a fome, a vontade, o saciar
Que em negação me entristece.

20/12/08 – 02h49, depois de saída à noite lisboeta. “Negar os nossos instintos é negar o que nos torna humanos.”(The Matrix)