terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Projecto

Existem milhares de mendigos em Lisboa. Por mendigo entenda-se qualquer ser humano, sem tecto, ou melhor, com a lua e o sol como tecto, assim como a temperatura muita fria ou muito quente da rua...São milhares só em Lisboa.

Um edifício. Um edifício enorme. Um edifício do tamanho do Hospital de Santa Maria, ou do Centro Comercial Colombo.

Muito ao estilo lista de compras começou-se a fazer um esboço do necessário para serem cumpridos todos os objectivos.

Foi preciso uma equipa de pessoas, alguns profissionais outros nem por isso, mas movidos de muita força de vontade e tempo aplicado em algo, na sua opinião, produtivo.
Foram reunidos alguns engenheiros, gestores, e especialistas de vários ramos, a missão era só uma: criar algo nunca antes criado.

Conseguimos, através de estudos e de algum bom senso, chegar à fácil conclusão de que para melhorar em grande parte a economia do país não basta dar ajudas às empresas, e alargar ainda mais o fosso enorme entre muito ricos e muito pobres, entre ricos e pobres, deixando no meio algo a puxar mesmo assim, para o pobre. O que calculámos, foi que ao eliminar por completo a pobreza, com algumas medidas importantes (que serão exploradas mais à frente) podemos contribuir favoravelmente para a melhoria da situação do nosso país.

A nossa ideia foi melhor aceite pela UE do que pelo próprio governo, que para não variar prefere optar por investimentos de origem e futuro duvidosos...mas mesmo assim contribuiu com dinheiro. Recebemos ainda apoios financeiros de empresas privadas como de instituições, assim como doações de milhares de pessoas, conscientes da nossa missão. Do nosso projecto.

É preciso ter em conta que para ultrapassar qualquer obstáculo é preciso duas coisas: vontade para o ultrapassar e sabedoria para o ultrapassar. E nós, graças a nós, graças a Deus, graças à vontade positiva que gira no universo, conseguimos ambas as coisas. A vontade nunca faltou...a sabedoria foi-se arranjando.

Existem três maneiras de agir na vida, segundo o grande Emanuel Kant:
-Agir bem por ser o que está certo. (Chamem-lhe razão, coração...o que for.)
-Agir bem por interesse. Apesar de se estar a agir bem existe algo em "troca". No entanto...
-Agir mal.

E nós no nosso grupo tínhamos pessoas do primeiro e segundo estilo de agir...e bastou para superarmos as barreiras.

Nunca na minha vida vi tanto dinheiro investido num projecto social. Num projecto, onde o retorno do capital investido demorasse tantos anos ou décadas a ser concretizado.

Era um edifício enorme. Não era o edifício mais belo de sempre. Mas talvez o edifício mais importante de sempre. Era largo e alto. Tinha à volta de sete andares, senão me falha a memória. Algumas pessoas riram-se quando lhes disse que apenas tinha sete ou oito andares: "Mas como lá coube tanta gente? Ou colocaram todos a dormir uns em cima dos outros?!" Nada disso. Como comecei por dizer: era largo(e alto). A largura era suficiente para:

Criar o maior refeitório alguma vez visto em Portugal;
Quartos suficientes para todas as pessoas, mesmo algumas dormindo aos pares ou em maior número (se fosse por vontade própria ou necessidade);
Casas de banho que não abundando em luxo conseguiam servir um par de quartos;
Quartos cuidadosamente criados para terem conforto térmico e acústico;
Sala de computadores, televisores;
Três quiosques colocados de forma estratégica em todo o edifício;
Um pequeno centro de saúde;
Compartimentos dedicados às mais vastas áreas: psicologia, empreendedorismo, etc's;
Gabinete para novas ideias e inserção social;
Espaço exteriores verdes assim como espaço reservado para novas construções;
Espaço para exercício físico;
Pequenas empresas, de vários tipos que apostaram neste investimento social connosco...

Conseguir acolher todos os sem abrigo de uma cidade não é para qualquer um...
Nem para quaisquer muitos...
É preciso força. É preciso vontade e dedicação.

Conseguimos um edifício que acolhe todos os que apenas tinham a lua como tecto. Conseguimos dares-lhe uma vida melhor. Conseguimos na maioria dos casos dares-lhe um trabalho. Conseguimos o impossível, algo que mais ninguém pensou.
A única barreira que separa o possível do impossível é só uma: nós.

Todos nós temos vários sonhos...

Este é um dos meus...
Para já agora tenho outros. Este aguarda o seu momento.