sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Negro, escuridão clara

Onde tudo começa...Onde acaba tudo.
Queriam a minha abstenção? Nunca a terão.
Queriam a minha fúria? Hei-la!
Sem luz, sem sensibilidade, sem ilusão.
Tão negro como um padre, que nas ruas
caminha de vestido preto, com toda a sua
suposta brancura camuflada.
Negro sem ilusões de cor alguma.
O meu presente para todos vós
é apenas aquilo que posso dar.
E basta, é muita talvez.

Queriam a minha fúria? Hei-la!
Sinto-me quase traido por toda a paz
que destribuí, em caminhos mais claros.
É a triste realidade...lutamos muito para sair
das trevas e chegar à luz...e depois, num quase instante,
sem pensar muito, sem questionar,
estamos de volta às trevas.
É tão certo como nascer para morrer
sem deixar rasto histórico.

Verdade seja escrita:
Querem a minha fúria? Sintam-na!
Que vos fira todo o corpo e o que vos resta da alma.
Já não vos elevo para sentirem mais longe,
Elevo-vos para a queda ser mais desastrosa, quem sabe
fatal.
Nunca vos desejei o mal, mas estou numa encruzilhada,
E por vezes penso ou sinto mas nunca demais...
Talvez seja esse o verdadeiro problema.
Quem sabe?Talvez...

Nunca digas nunca, nem nunca prometas o que não
podes cumprir, todas as feridas saram...
Outras apenas demoram mais tempo.
Não morro no tédio, aflijo-me nas ideias
que me empurram para bem longe.
Tortura.
Mas não sofro na pele como outros,
Nem na alma como outros tantos.
Apenas sofro. E pergunto-me: Porquê?

Como se bastasse a minha fúria mal direccionada,
Como se bastasse querer o que não sei
e ter o que não quero,
Como...
Como.
Escuridão que se ausenta e volta como a chuva
em tempos de seca, chuva que não vem em tempos
de seca. Inconstante vida, inconstante saber.
Seca as lágrimas do racicionio e da razão com
lábios para depois os usares num beijo sentido...
Eu imploro tréguas, para não matar em fúria.

Como sempre, para não ser diferente, ponto
de interrogação. Arrogante por pensar estar certo,
Sonhando por pensar não sentir o suficiente.
Agradeçam as tréguas e façam-me esse favor.
Para não ficar para sempre enevoado neste
terror de cor, neste sitio onde não existe
sabor, nem alegria,
onde chove todo o dia ácido escuro que nos
queima...ácido escuro que dá de beber às fontes
que nos vem, mais tarde ou mais cedo, cair
nos lábios.
O pior sabor ou dos piores sabores de sempre...

E vocês querem mesmo a minha fúria?
Pois HEI-LA!
E não percam o vosso não precioso tempo
a espera-la, a imagina-la...
E desta vez, mas só desta vez:

SINTAM-NA