quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sala de pânico


Se tirasses a camuflagem que protege
a paisagem da realidade sobrava a nudez.
Chamam-lhe verdade, arte, obra,
mas é apenas isso que sobra;
a lucidez da cobra que crava os venenosos dentes
na pele humana é total.
As paredes parecem fechar, sobre toda a alma,
não deixando espaço para respirar,
porque chega uma altura na vida
em que parece que nada faz sentido.
É como estarmos no chão deitados
sem nos lembrar-mos de ter caído.
O mundo não é como eu estou à espera;
e isso não é problema vosso.

O tempo escasseia, como grãos de areia
a fugir por entre os dedos das mãos;
A lavagem da alma em momentos de silêncio...
É um eco largado sem consentimento contra as paredes
que o reflectem de volta.

São batalhas de mágoa,
problemas que não sabemos de onde nasceram
nem porque se mantêm vivos,
Procuramos uma pista, um sinal...
É tão inútil como gritar debaixo de água.

Podem olhar à vossa volta...
As paredes parecem iguais?
A cor mantém-se?
Está tudo no mesmo lugar?

Desenganem-se. O sal só salga
se o deixarem salgar. Os milagres? Pertencem a Deus.