domingo, 26 de junho de 2011

Necrófago canibal dos restos do meu ser

Quando um Homem perde
a vontade de amar e perde a inspiração;
de nada valem esses movimentos
desse processo chamado respiração...
E vão descobrir que não importa
de quem é o poder de tudo isto;
não importam as não acções dessas não histórias.
Tudo o que pedimos
e sempre vamos pedir
é o apogeu de cada momento,
nessa folha verde e fresca que roça a brisa dos prédios
assim como vai descansar no mar
depois de acariciar a paisagem calma do
verde, dessas cidades mais pequenas,
desses rios...
Não me importo tanto agora,
recolhido em toda esta escuridão,
agora que já não me tolero mais...
Irónico...Cansei-me de mim mesmo,
não me odeio por não me tolerar mais
odeio-me apenas por ter chegado até aqui.
Estou exausto, são discussões interiores que
não me conduzem a lado nenhum
ou que só me conduzem de onde não quero sair...
Quando perdi a vontade de amar
ou perdi a inspiração
é certo esquecer-me de respirar com vida.
E as palavras vão continuando a sair...porque
isso faz parte do meu ser; mas vão saindo cada vez
mais fracas...pouco intensas...E a cor já nem o preto
manifesta. Incolor. Sem sabor. Amor e ódio à dor.
Vou-me alimentando destes pedaços de ser partido,
por vezes consciente de que estou vivo
outras querendo estar morto,
sem ter vontade em agarrar mais palavras...
Estou tão cansado...
Estou mesmo. E eu sei, que todos estes pesos
e torturas, e prisões que nos prendem de forma
silênciosa, muitas vezes são uma obra só nossa...
Mas somos feitos destas matéria,
somos esta camada triste de miséria...
A fonte da força chega a todos por caminhos diferentes,
e a solidão ou a companhia preenchem cada
um da sua maneira.
Se algum dia encontrarem a melhor utopia da vossa vida
(espero que não a percam!,)
e se a perderem
terão então de encontrar um caminho diferente
para não cairem nesse poço fundo
onde só existem restos de pedaços imortais
acompanhados da mortalidade do vosso corpo.
O ser humano é imperfeito de nascimento...
Disso nunca duvidei. Também o sou;
amo a ironia, e o exageramento;
o dar o melhor de si, e evitar o lamento;
e terei de quebrar algo na minha vida
até ela própria ser quebrada,
sinto-me quase tão vazio em escrever
como ficando quieto...
E olhos nos olhos
para com todos vós
desejo-vos
(e a alguns agradeço)
esse momento peculiar, único nessas correntes
quotidianas que nos fecham a luz
como as cortinas de uma janela
em que numa discussão
ou numa ligação menos certa de ideias
tudo termina, e tudo faz terminar
num beijo...




Poesia, por agora,
não sou mais teu.