terça-feira, 30 de agosto de 2011

a Pequena pedra

Foi começado outro caminho,
na magia mais pura de ser caminhado devagar
mas não devagar demais...a calma em demasia
tende a magoar
desde o mais superficial ao mais escondido.

Como em qualquer caminho escolhido
a ser caminhado, existem as suas paragens...
E parar só pode trazer uma boa razão:
a reflexão por uns momentos.
Porque todas as outras razões...
ninguém as quer sentir na pele dos pés,
na sensação da energia da motivação.

Terá sido a melhor escolha?
O intermédio entre a boa escolha
e a escolha que se queria realmente?
Que impasses são estes que impedem
que os passos continuem a ser dados?

Mas isto não basta...
Porque quando um mal vem...
ele vem acompanhado.
Treinado e equipado com um só objectivo:
colocar à prova; de várias maneiras...em vários momentos...
por longos momentos.
E o suspiro de alívio dá lugar à inquietação.

Neste momento os Homens acreditam mais em anjos
do que os anjos nos Homens...
Nesta luta apertada contra o peito,
num peito que se quer petreficar,
toda a mais pequena pedra que apareça no caminho...é um alerta.

Mas eu, ser sentirracional, consciente de verdades simples
que se apresentam, suspiro aos caminhantes:

Se respiram ainda devem estar vivos,
Se caminham é porque ainda deve existir um sentido...
Na luta desistida só triunfa o último suspiro.
Agora, finalmente, tudo vai acontecer
como sempre deveria ter acontecido..

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Suor de lágrimas

Desonrei a vida que me foi dada...
Perdido em sonhos medíocres
que fingem alimentar a alma humana.
Se for possível terminar um caminho,
mesmo sem a nossa completa vontade,
ou começar um novo,
mesmo sem outro ainda estar completamente terminado...
Então, chegou a minha hora.
O braço alarga o movimento possível.
Mas é esticado ao máximo, até a alma
suportar a dor do corpo.
Afastado de uma crença humana
que não consegue satisfazer a realidade
estou agora nas mãos...de outro, de outra,
de algo...

Cansei-me deste sentimento frígido.
E se não o posso combater
terei de me aproximar dele.
Porque não me falta uma vontade
mas apenas a sua concretização.
Espero que seja agora, a hora,
o estrangulamento desta falta de eficiência;
está na hora de esculpir-me, mesmo em algo
que ainda não me é de todo real...mesmo não sendo
de todo o que pensava ser o melhor...
Mas eu já não penso no que pensava,

não posso...Porque nada se concretizou.

Estou à tua vontade, mas consciente
que a metamorfose será a frio, a gelo,
quase à força, profunda, como se moldavam
as antigas estátuas...um trabalho àrduo.
A tua vontade...
...nas minhas mãos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O último portal

(Vai-te, novamente, e que seja de novo para sempre
até que sejas finalmente minha. Até.)

Entra, caminha comigo nesses passos
de um caminho paralelo à rotina...
Os sonhos são iguais
só muda o verdadeiro sentido de os alcançar,
para os alcançar realmente.
A teimosia do tédio desfaz
a sorte em pedaços demasiado pequenos,
apesar da sorte caber no coração de todos
e de forma talvez até abundante...todos
a devemos ter, não a sabemos é definir.
São os filhos de Deus nesta terra que
têm o poder divino de nos alterar,
seres humanos, abençoados ou amaldiçoados,
capazes do melhor e do pior em tempos
que passam tão depressa.
A desilusão é grande; a realidade da mudança
e da verdadeira luta é descrita como ilusão,
jã não rastejo neste chão à procura da cura
para tudo isto; tranquei-me finalmente
às palavras exteriores, às ações exteriores,
e só procuro conforto nas palavras e nas ações
de quem me pode ajudar a provar que estou certo.
Mais certo ainda...no caminho de uma perfeição qualquer
que ainda sonha ser concretizada.
Gargalhas ou silêncios compridos enchem as paredes
da minha alma, como podem ser tão ignorantes?
Se estivesse errado aprenderia, o mais depressa possível,
não o estando também nada muda...
é como se a nossa vontade de nada valesse.
Colocamos o peso da nossa verdadeira essência
nas costas ausentes dos outros.
Caminhei. E continuo a caminhar.
Dou passadas rápidas, sem pisar o que não deve ser pisado,
consciente que estou afastado de tudo
para morrer quando puder
sem que nada fique por dizer,...
Numa união de elementos voltei-me a tornar coisa,
do líquido passei para o físico, preprado para ser
esculpido...No silêncio, no recolhimento, na solidão,
no lutar de sonhos mais pequenos...até que o tempo
se encarregue de me encaminhar para a casa do Pai.
Uns caminham por caminhar, ou por caminhar pensando que
realmente caminham...Juntei-me a vós.
Quero sentir o que sentem...mas agora consciente,
apto, mas aperfeiçoado.
O silêncio não me congela por fora
apenas por dentro
e a cada momento que passa
estou mais sólido...
Um dia serei pedra, antes de morrer,
e as gargalhadas ou os silêncios
deixarão de me fazer marcas na alma...
porque já estarei morto por dentro
apesar de vivo e perfeito na vida
de quem quer apenas viver.

domingo, 14 de agosto de 2011

Grilhões imortais

(Daqueles textos que não escrevia à muito tempo. A ideia não foi minha; obrigado pelas ideias que fizeram rular cabeças do Poder Humano na História, mesmo que só na teoria...neste caso o pouco - é melhor que nada.)

Sinto o pulsar do fogo
nas veias do mundo injustiçado...
Trancado por fora
trancado por dentro.
Esta esfera imútavel que nos esmaga é
enorme no peso e no tamanho,
é capaz de matar, capaz de fazer calar,
as vidas são números numa lista
sem qualquer importância...
Oprimidos, castigados eternos
obrigados a caminhar como mortos vivos,
escravos de uma força
dita superior.
Não gostamos que nos causem dor;
preferimos causar dor a nós mesmos...
Até à revolta, se o vento da sorte
não nos favorecer...acabarão por ser
derrubados - não
interessa por quem.

sábado, 13 de agosto de 2011

Negação


[Quando uma terra está seca à muito tempo...qualquer líquido que apareça é benvindo..E nem mesmo eu, nesta tentativa de fechar portas (porque nunca as consigo trancar de forma eficaz), consegui resistir a essa inspiração que se abateu por uns momentos. Agarrei-a logo, mesmo sabendo que voltaria a abandonar-me, para que por uns minutos pudesse escrever aquilo que mais ninguém vê, mas que todos acabam por sentir, independentemente da razão. Por isso este texto é como se não fosse meu, porque foi escrito por todos vós...Abençoado o momento em que o sol não se limita a cegar os olhos de quem já desistiu de procurar a luz.]

Se existe algo que ninguém viu
Esse algo nunca aconteceu?
Não existiu essa gota de mar
Que ninguém chegou a ver,
Desaparecida mesmo antes de aparecer,
Consumida por essa estrela quente
Nesse por do sol num braço curvado
Que protegia a face...
Esse sabor também é salgado,
E mesmo antes de ter sido derramado
Foi fingido esquecido,
Não se deixou largar ao mundo
(Por ainda não ser o seu tempo)
Largando mundos de sonhos que ficaram
Por derramar vivos.
E essa mesma lágrima viria
A poder cair nessa mesma praia,
Depois do sol fugir para dar lugar à lua,
Numa areia calma, ausente de esperança,
Na fome do alimento que falta,
Nessa beleza tão só das estrelas que
Dão magia ao céu...Nessa paz da nossa existência
Que não existe...Hipócrisia.
Deixem-me só, e não me culpem
Por gritar o nome, porque os nomes
Ajudam a pintar as faces das nossas histórias...
Tão só.
Poderia ter tudo para ser feliz.
Mas a solidão marca-me
Como o sol marca a minha pele
Em dias mais quentes,
E a saudade...é a saudade,
Relembra-me a verdade que não tenho,
Que não consigo voltar a ter.
Não tenho tudo para ser feliz,
Porque me falta o mais importante. E isto é a verdade;
Estar vivo não basta...
Não estou em negação.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

(Another) "Love song"

Confesso...tenho de confessar. Apareceu esta jovem senhora, bem mais nova do que eu, e a magia instalou-se no ouvido atento. Derrubando sem quase dificuldade os enormes A Perfect Circle (nesse já grande cover misturado do Love song), deixando qualquer um à mercê...disto. Em Portugal temos a música "Eu nunca me esqueci de ti" do Rui Veloso, ou o "Haja o que houver" dos Madredeus...em Inglaterra? Temos isto. E não existe inspiração ou sentimento que valha o movimento dos dedos...
só que depois
como que para nos fazer sentimensar...acontece-nos...isto.