quinta-feira, 8 de abril de 2010

De fora para dentro, branco no preto

"És deste planeta?"
Boa pergunta...

Sempre gostei de observar tudo à minha volta. Tudo. Mas principalmente as acções humanas. A capacidade do ser humano de cometer sempre as mesmas falhas, desde os primórdios da sua existência. Por isso, se por um lado sorrio ao ler, por exemplo, o sermão do padre António Vieira, por ser uma leitura de uma realidade ainda tão actual, por outro fico triste ao constatar que os erros que cometíamos, são ainda hoje os mesmos. Adoro ser um ser humano. Pelo menos sempre tenho algo com o que me entreter. Terei de facto?
Existe uma característica que gosto de ver em mim. É algo que talvez não seja tão antigo quanto isso, mas a verdade é que tenho vindo a melhorar com o tempo. Existem dois tipos de pessoas: as realistas e as tristes.
Alguns deverão estar a sorrir...mas não tão cedo. O que aqui escrevo como realistas são as tidas sonhadoras (um adjectivo escolhido pelos tristes, como compreenderão). As pessoas que sonham não sonham por sonhar. Um sonho é um projecto mental de uma ideia boa que deverá ter como única função levar a pessoa à sua concretização. É o meu género de pessoa.
Depois existem os tristes, os que tentam sorrir, para encobrir a tristeza. Na maioria dos casos são sonhadores frustrados...mas existem ainda os que preferem não "sonhar".
Sabem o que me mais me entristece? Ver alguém não tentar ser feliz por medo da felicidade. Mas que pena. Mas que mundo este? Que pessoas?
Conheço alguns casos destes. Alguns acabaram bem, outros nem por isso.
Lembrei-me de isto tudo, um dia destes, por estar num lugar especial. Onde estive eu?
É complicado sentirem isto, sem o viverem. Se estiverem no campo nunca conseguirão ver as duas faces da moeda, assim como nunca verão se estiverem na cidade. A vida tem destas coisas: duas realidades. Mas apenas uma verdade e uma mentira. Opostos.
Se estivermos em Lisboa, em certas zonas de Benfica, conseguimos ver ao longe Monsanto (os pulmões de Lisboa), no entanto não passa de um ponto verde. Não o sentimos na sua totalidade.
...Mas. Se estivermos em Monsanto, temos uma vista e uma sensação, muito mas muito agradável. Eu descrevo: estamos no centro do verde, (sim eu sei, não é o mesmo que o campo ou a floresta) no entanto é um verde bem composto, por assim dizer. Temos o cheiro a terra, flores, árvores. O seu cheiro e pequenas sinfonias são repousantes. Para quem vive na cidade a sensação é de libertação e paz. Onde quero eu chegar? Que descobri então como dar um beijo suculento entre a cidade e o campo: estamos rodeados de verde, de toda uma paz, mas sem esquecer toda uma bela cidade que se abre no nosso panorama, gigante, cheia de movimento, viva. Tudo isto, tudo isto ao mesmo tempo. Que pequeno milagre fui eu encontrar não concordam?
Sou deste planeta? Sim e não. A parte do sim é óbvia...sou um ser humano, com os meus alguns defeitos e as minhas algumas qualidades. Tenho um corpo, uma alma, um ser pensante. Tudo isso e muito mais e não só. A parte do não...

Estou a sorrir, mesmo sem querer.

Ninguém é feliz sem sonhar. Um sonhador não é feliz se nunca arriscar fazer.
Se alguma vez questionarem a origem planetária de alguém de forma positiva então agarrem-na, podem estar perante alguém de um planeta muito especial.

A minha sugestão, quando tiverem tempo: caminhem até Monsanto, sentem-se, sozinhos ou acompanhados, (se forem acompanhados levem uma boa companhia) e vejam como duas coisas tão dispares podem estar tão ligadas e perfeitamente ligadas. Tudo tem solução, menos a morte(?).