quinta-feira, 16 de julho de 2009

O terceiro passo

Nem todos conseguem marcar a minha vida, pelo menos tu tentaste.
Tentar nunca me atormentou, atormenta-me tentar muito
e depois não conseguir. O ser humano luta e batalha,
Por tudo aquilo que mais para ele valha,
Pela sua parte de centelha neste mundo de contrastes.
E as palavras são uma distância sem medida,
Ferida aberta, sarada, invisivel,
Corte de navalha, corte de folha,
E sou maior quando me julgo forte,
Quando absorvo a humildade de estar presente
numa história com o fim inacabado.
Nem todos conseguem marcar a minha vida, tu pelo menos tentaste.
E a sintonia engana, como engana o desprezo,
A frieza do ser, a verdade dirigida para ofender
quando muitos preferem iludir com a mentira.
Curvo-me perante a ignorância, aberto à investigação,
Consciente que a luta é para todos e todos os que lutam
Estão mais perto de algo.

Nem todos conseguem marcar a minha vida, pelo menos, tu tentaste.

O segundo passo

É como se às vezes existisse uma ligação inexplicavel,
Outras vezes como se não existisse nada.
Entre palavras que se escondem em segredos
Tão perfeitamente selados, como se contivessem
momentos sagrados, deixados guardados por alguém
que só os quer partilhar na hora certa...
Nem sempre as palavras são perfeitas, nem sempre
as linhas estão perfeitamente rectas, mas, sobra sempre espaço
para escrever algo mais.
Um significado inesperado aguarda solução, aguarda resposta,
Numa mente equilibradamente torta.
Odeia-me se isso souber bem,
Venera-me se for a tua fuga.
Mas não fujas...

A única dádiva que Deus me deu foi poder viver e escrever,
E poder questionar a força dos actos de quem me rodeia,
Poder respirar a cidade e o campo, o sol e o céu,
As nuvens e a chuva,
E todas as sensações.
São sabores que vivo e tento aprender,
Como uma criança que aprende as cores, os números, o alfabeto.

Mantenho-me à altura precisa, sem medo,
Sentado, levantado, perto e longe,
Contraditório e acessivel.

O primeiro passo

Até à perfeição são três degraus como o pódio,
O que escrevo não é por ódio ou raiva ou por inveja. (VRZ)

Retiro o que não disse, escrevo apenas por ódio e por raiva,
Por pequenas eras que passam, que deixam marcas, que
Destroem tectos e amaldiçoam almas.
Nunca engoli poesia, tranca-la seria um crime pessoal,
Deixa-la explorar o tempo e o espaço é uma pequena honra.
É o amor que me une às linhas, às palavras,
Ao prazer de escreve-las.
Como o primeiro amor, é assim que as sinto, uma adrenalina
Uma sensação de bem estar,
Outras vezes o alivio de retirar veneno do meu corpo,
De curar uma febre derivada da rotina.