domingo, 17 de maio de 2009

Anjos e demónios - Desabafo


“O reino de Deus está dentro de cada um de vós…” (Jesus Cristo)

Para todos aqueles que pensam conhecer-me melhor, tenho uma coisa para vos dizer, possivelmente estarão quadradamente enganados. Alguns, nos dias que correm, poderiam até, num acto de loucura, declarar-me um anti-cristo, algo contrario a mim mesmo.
Em tom de desabafo, fui baptizado há 3 anos, e digo já que defendo a ideia de se ser apenas baptizado quando se tem idade e maturidade para tal, vejo com algum desdém crianças serem coladas num mundo que nem elas conhecem e muito menos percebem. O resultado por vezes é tristemente visível, católicos ressequidos, mentes cabisbaixas, rostos desolados e sorrisos amarelos para todas as criaturas de Deus. (mas não só, não são só estes pequenos prodígios que se tornam pessoas secas, e que, apesar de dizerem espalhar o amor e comunhão, espalham na verdade: uma vontade indesejada de verdadeiro bem…)
Confesso, que o filme Código Da Vinci e o filme mais recente Anjos e Demónios me deram uma secreta felicidade… Sim eu sei, e passo a citar: este filme é bom de se ver, porque é todo ele ficção. É engraçado, como as pessoas, não percebem por vezes que lhes estão a fechar os olhos, mesmo quando sentem mãos alheias e sagradas sobre os mesmos e nada vêem.
Por momentos, no lançamento do Código Da Vinci, pensei que tínhamos voltado à Inquisição… “Se virem o filme serão queimados…”. Não digo em tom de ironia. Ainda bem que matar alguém já não está, hoje em dia, nas mãos de poderosos sem medo e culpa. Recordo-me, mesmo em Portugal, de um livro como o Padre Amaro (de Eça de Queirós) ter sido proibido. Porquê? A mim parece-me demasiado óbvio. Mesmo não frequentado a Igreja nos dias que correm, conheci algumas boas pessoas lá dentro. Algumas. Pessoas de verdadeira fé, sem ponta de hipocrisia, honestas, e mais importante ainda, serviam a Deus, e não há Igreja. Mas conheci muitas, e outras que não é preciso conhecer, basta observar com bons olhos, desde da sua postura perante os outros, as suas atitudes, os seus juízos de valor, a ilusão de serem diferentes e mais poderosos (seja lá no que for) do que todos os outros comuns mortais. Sempre fui muito aberto neste sentido. Mesmo nos tempos em que frequentava a Igreja já o era. E por isso mesmo era julgado… E esta é uma verdade, que tenho muito em conta, ter fé é ter capacidade de acreditar e de interrogar também. Ter verdadeira fé é tentar agir bem e tentar corrigir o que está realmente errado. Ter fé é ter coração e olhos abertos, e não estar-se fechado num mundo restrito, onde a luz só entra através de RITUAIS CRIADOS PELO HOMEM.
É importante realçar que nada tenho contra os católicos, aliás, eu ainda sou, apesar de já não o sentir. Neste momento sou aquilo que penso ser a atitude mais pura, sou cristão. E respeito quem acredita e quem não acredita. Só não respeito a hipocrisia, nem respeito os erros passados e presentes de quem pensa estar mais próximo de Deus, quando na verdade, na mais pura das verdades, está tão preso à terra, e aos seus verdadeiros defeitos.
Mas Jesus também o disse, sejam felizes. Pois então sejam. Seja lá a fazer o que for. Mas sejam.
Só me custa a mim, ver tamanho povo dito crente, rodeado de lúxuria suficiente para ajudar toda uma África, todo um poder para por o mundo a funcionar bem melhor e bem mais justo. Tudo…desperdiçado.
E eu não teria nada contra vós, se apesar de terem os vossos rituais inventados por vós (mesmo que inspirados em Jesus) colocassem as coisas na sua devida ordem. Já o disse, e fui olhado com desdém por isso, mas volto a dizê-lo:

Primeiro está Deus, e só depois, apenas depois, está a Igreja. E nunca confundam a verdade que vos pode guiar o coração, com o poder criativo do Homem.

Estou exausto, obrigado por ouvirem o meu desabafo.