sábado, 14 de agosto de 2010
Wrathful
(Talvez seja este um poema de tudo aquilo que não gosto, por outro lado, talvez temendo a verdade alheia seja aquilo que sou. Neste momento pouco ou nada me importa; o mundo gira ao contrário vezes de mais para o meu gosto, e o homem muitas vezes anda para trás...Trava-se na garganta um grito, algo que para outros parece apenas um gemido, e para outros ainda: um grotesco silêncio. A realidade afecta-me mais do que um pesadelo. A única dúvida que recai em mim é : Serei na minha essência um monstro ou um homem?? Que comece a marcha por um território já tão amado e ambicionado...Alguém entre dentro de mim com força suficiente para me dividir em várias partes. Alguém me parta, que retire tudo o que menos importa; alguém faça por mim o que tento fazer por todos. Talvez sejam braços enormes que querem abraçar todo o mundo...Mas disse-me a minha mãe: Não podes dar o que não tens. E fiquei sem saber ao certo, estarei eu, eu que tanto odeio a hipocrisia, a ser um hipócrita? Possivelmente não, mas neste momento já não sou capaz de afirmar nada com total certeza, e da forma que me vou deixando ir pensando acho que nunca tive certeza em nada, nem coloquei ninguém na certeza. A certeza, algo que tinha como certo e importante, aos poucos foi perdendo o sentido e o prático, e mesmo tentando lutar contra esse facto, a verdade é que o continuo a perder. E esta batalha é tão inútil como lutar contra algo que não sabemos o que é, sem ver o rosto, sentir o cheiro, sentir o sabor. Quando damos por nós temos a cara dorida, cravada na terra, a tossir pó...sentindo o sabor a sangue que saí de uma ferida que nem encontramos pois todo o corpo dói. É isto tudo.)
É tudo exaustão.
Não existe mais experiência que leve a combustão.
É como sentir que nos falta o chão. É como se o ar
que nos entra nos pulmões fosse um ar em vão...
São mais os que vão do que aqueles que ficam.
Não existem forças na pele
é tudo um interior meio morno,
meio parado, totalmente escondido, como se espera-se
por algo que o acorde.
Não existe vida, apenas se espera a morte.
Sou um edifício forte ao qual apenas
falta o suporte. E tudo isso é o que mais importa.
É preciso tomar um banho em todo o corpo
até tudo o que nos cobre estar liberto,
é preciso lavar toda a alma, e destruir o que menos importa.
É ler nas entrelinhas, não chega ver a porta, ver a janela,
é preciso mudar;
é preciso subir...Luz. Essa luz que segurava alto
que iluminava e que me iluminava
apaga-se a cada dia que passa
com uma explosão de silêncio...Não restam aplausos
nem gritos...Sobra essa sombra já meio fraca.
Nem sombra, nem luz,
é tudo no centro do nada.
E como detesto viver aqui.
Queriam amor?
Guardem-no.
Preferem o ódio?
Aliciem-me.
Queriam que fosse diferente?
Mas isso já sou.
Melhor?
Levo o meu tempo...
Coloquei palavras em todo o meu mundo
e desenhei com amor, como se ao mundo desse arte;
e a arte de sentir espalhei como poucos. E a arte de odiar
recrio como poucos...Mas odeio como muitos.
E tento amar como a maioria.
Nestes dias que vão findando
morre trancado da alma um desejo a mais
um desejo desesperado que se consome
em cada percepção da sua não realização.
Ante tudo isto não preferia a morte.
Ante tudo isto vou remoendo o sonho
até ao dia da sua evaporação...
Ante isto tento não sofrer muito mais, e recrio-me:
com o mesmo ódio de sempre,
a mesma elevação,
com a mesma forma de mudança.
Ante isto tudo o que eu desejo
é que tudo seja...
(Um dia conseguirei talvez levar nas costas outro peso que não só o meu...Um dia confirmarei que o arrependimento não mata, mas faz doer. Um dia mentirei para conseguir o que eu quero. Como todos vocês.)
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