sexta-feira, 27 de março de 2009

Afinal não...

Não que queira, não que me tente,
Simplesmente não...Porquê?
Não sei porquê...ninguém me conta os segredos da vida,
ou os descubro por mim, ou nunca os saberei ao certo.
E nesta andanças estranhas, pouco ou nada posso descobrir de facto...
Pena? Não a tenho, tenho apenas pavor, de ficar a segurar no vazio
mais tempo do que aquele que queria.
E preencher vazios, vazios cheios de nada, é algo pouco...
Quero dormir, mas não consigo, quero sonhar e sonho mal,
Sonho mal e sonho acordado, na verdade de não sonhar realmente.
E se me entristece, é porque que queria que fossem reais,
Reais como as linhas que definem um rosto, e o sorriso que se some,
depois de um dia feliz.
Não procuro ignorância na fantasia, procuro uma razão de lutar um pouco mais..
Mesmo que esse pouco, mova tão devagar como o crescer das pedras,
Mas as palavras seguram-me nesta emoção seca,
Que não me mata mas que não me torna mais vivo,
E ser-se vivo é querer mais do que aquilo que se pode ter...
Escrevendo vou dizendo o que devo, e eu nada devo a mais ninguém,
Mas queria dever tanto.
O sol perturba-me a visão, mas agradeço cada raio de luz,
Que me aquece os dias, e os passos nestas ruas.
A cor sempre nasceu bela, e relva do sossego, naquela paz natural,
Agrada-me por dentro.

E dito isto, fico a pensar mais um bocado.
Enquanto penso, também faço, mas muito devagar...
Quero...
E quero...
E quero.
Quero.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Baton


(É com alguma tristeza que ouço familiares meus associarem-me a poemas românticos.
Não que os abomine na sua totalidade, mas raramente vejo neles alguma utilidade. A sua beleza de palavras talvez os sustente, mas mesmo assim custa-me por vezes vê-los com olhos de satisfação. Gosto mais de escreve-los do que de lê-los. Mas aproveitando uma onda de inspiração, lancemo-nos à terra da fatalidade amorosa, onde nos sobra a ilusão para pintar este mundo, já de si de um tom cinzento, numa cor, no mínimo mais alegre...)


Os lábios...neles se foi contando a história do mundo,
Mas neles...Neles só, se dá o desenvolver de um pequeno universo,
Tão aceso, tão sentido, tão fora do controlo de quem o pensa controlar.
Suaves, tenros na sua essência, de uma cor...uma cor especial,
Os adjectivos são palavras poucas para os descrever.
Puros até ao desenvolver de uma pureza superior,
Predilectos, ansiosos, um toque, uma delicadeza sem mal maior.

Palavras são palavras, cabe ao homem colocá-las em movimento...

E arde o desejo, cansado de esperar, a hora que não vem,
Os beijos por selar, vivendo iludidos na vontade...Numa vontade
Devoradora, como a cor dos lábios, remoendo na dor de não os sentir.
Sentir em cada vertente...Não sinto por sentir,
Beijo forte ardente, sem pensamento, sem mais nada em mente,
Vontade e saciar, amar sem amor vazio,
Sentir cada parte do lábio, num aproveitar sentido, num sabor distinto,
Numa cor que ilumina para sempre a memória,
Trincar, sentir, ser-se sentido.

Venha o vento e me abale por completo,
Vivendo em cada letra nada me dá de concreto.

Já o disse uma vez...sem ser em tom de rima
Os lábios são deveras sábios.

Roubar um beijo, na comodidade do momento...sim.
Afinal para que servem as musas se não for para beijar?
Servem para nada.

Venha o vento, venha o sol,
Venha a cor mais querida,
A verdade dorme nua à espera da hora de acordar.
E esses lábios...
São lábios que merecem brilhar.



23\03\09 – 23:53 , Gostei de escreve-lo, não sei até que ponto poderei gostar de o ler. Um obrigado especial pela fotografia.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Profundidade do caos

Tenho de confessar, que inicialmente, este título começou por ser uma fachada enorme. Afinal de contas nada sei eu sobre o caos, na grandeza da sua definição, nada sei eu sobre o universo. As únicas experiências sobre estes assuntos nunca passaram de simples conversas de jardim e de uma tentativa falhada de tentar filosofar...mas depressa me calaram dizendo que nunca poderia comparar o universo a uma folha de papel. Bem vistas as coisas talvez tivessem razão, saberei depois de morto talvez. Ou nunca saberei. Veremos.
Mas ao escrever a frase, profundidade do caos, pensei em assuntos práticos, assuntos que abordamos na nossa vida, e reparei então: afinal sempre posso utilizar esta grande frase, tão profunda, tão pequena em tamanho mas enorme nas sua extensão...na sua extensão...na sua extensão.

Afinal, a vida é uma mudança constante. E digo isto com uma enorme felicidade, mas por outro lado tristeza. Ainda não descobri ao certo, se gosto de mudanças. Quando são para pior, parece-me óbvio que não. A questão que se coloca é que nem sempre nos apercebemos, de início, se a curto prazo é de facto pior ou melhor. É aqui que entra a frase utilizada por todos nós como o próprio acto de respirar: a vida é complicada. Já dizia alguém sábio: simplifica, simplifica. Belo conselho.
O senso comum fascina-me! Se por um lado demonstra, ou dá a sensação de demonstrar, que está sempre certo, a verdade é por vezes provamos, de maneira bem gustativa, que ele está completamente errado...

Verdade seja também escrita, o senso comum, nas suas frases ainda hoje marcadas no tempo, nos seus provérbios, ainda nos consegue provar que ele também é certo. E de todas as expressões que por aí se dizem ou escrevem, há uma, mas só uma, que penso que todos nós, mesmo no quotidiano, podemos saborear, quer o seu sabor amargo ou doce...e a frase é: nunca digas que desta não beberei. A fatalidade desta verdade faz-me rir por vezes, como me faz ficar desolado a olhar para o vazio. Como as coisas mudam...às vezes ninguém espera, mas acaba por acontecer.

De todas as palavras que já escrevi até hoje, há uma frase que nunca irei esquecer, que mesmo escrita por mim tem um valor incondicional na minha vida:

A vida é isso mesmo:
Sujeitarmo-nos ao que temos e torná-lo melhor.


Contrariedade, sujeitarmo-nos ao que temos, ou seja evitar a mudança, mas ao mesmo tempo torná-lo melhor, portanto mudar.

Quem sabe...

19\03\09 – 23h49

segunda-feira, 16 de março de 2009

Emotional slave

Quando olho para trás fico com a sensação que fui apagando o meu rasto, mesmo quando não me lembro de o ter apagado. E depois de cair nesta realidade, sobra-me apenas uma questão, apaguei-o conscientemente?
Não sei, não me consigo lembrar. As lembranças que se mantêm na nossa memória lá estarão por alguma razão. Mas não sei qual será essa razão.
Apesar de ser circunscrito, de tempos a tempos, por pequenas ondas de escuridão, a verdade, é que vos queria agradecer. Não queria mencionar nomes, mas existem pessoas, que no seu dia-a-dia, com as suas acções, ou maneiras diferentes de abordar a minha rotina, são para mim pequenas luzes, grandes correntes de ar, lufadas de ar fresco. Pessoas que, apesar do meu silêncio ser imenso, admiro ainda mais. Não é só uma admiração, é quase um louvar, um grande respeito. Alguns de vós seguiram os vossos sonhos interiores, e são hoje pessoas felizes, realizadas. Agradeço a vossa presença, conjunta ou parcial na minha vida.

E não digo nada com ponta de hipocrisia, espero que ainda conseguiam ser mais felizes. Existem pessoas que merecem tudo, o melhor de nós. Sempre que possível, lá estarei, para o bom e para o mau.

Às vezes as pegadas que deixo na praia não são pegadas solitárias.

Da mesma maneira que me interrogo sobre o meu rasto, procuro saber até que ponto prefiro escrever prosa ou poesia...nessa questão tive sorte, a resposta é muito mais simples, o momento e o sentimento ditam a forma ritmada de escrever. Que consiga descrever deliciosamente como Eça de Queirós, que consiga ter engenho e arte como Luís de Camões... e por fim que consiga arrebatar emoções na alma de alguém, como o grande Fernando Pessoa.

Costumo dizer que fiz o que pude e que a mais não sou obrigado. Pensando bem, olhando para todos vós, com um leve sorriso nos lábios, primeiro sonhando e depois fazendo, apercebo-me que ainda posso fazer muito mais.

Até mais ver.

Diogo Garcia

16\03\09 - 23:57(terminado)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Chamar-lhe-ia pequena ira...


Porque não demonstras alma, nem sede, nem saudade!
Sou louco por tentar acreditar
Que ainda te sobra alguma concentração de sentimento…
E na prática, apesar da sombra que te rodeia
Tudo o que conseguiste foi fingir ser uma réstia de sol pela manhã
Desde logo tapado por nuvens…

Não és alma, nem sede, nem saudade!
Sempre disse que os loucos, os que ousam arriscar são mais felizes…
Mas tu, tu, num acto de loucura premeditado falhaste.
E sinto saudades tuas como sinto de escrever poesia:
Uma mistura de enorme felicidade com o pior género ódio,
Uma vontade de adorar e de rasgar ao mesmo tempo…

Não sei se foste alma, mas não és nem sede nem saudade!
Nem sempre falo de mim…raramente vivo com ira dentro de mim,
Mas às vezes, tudo o que fazem em pequenos actos, fá-la crescer cá dentro.
E nunca, mas nunca por favor, ouses pensar saber que sabes o que eu sinto…

E neste misto de sentimentos, que nos faz pensar até que ponto vale a pena,
Neste desejo falhado que nos faz voltar ao passado…
Entre gavetas e escritos, promessas e sonhos ditos,
Tudo o que eu te pedia
Era um pouco
De
Força…

E se calhar há coisas, que para o mal ou para o bem, talvez nunca mudem.


09/03/09 - 10:08

quinta-feira, 5 de março de 2009

Esta semana tive uma falha de memória do meu ser,
Gostei de saborear um momento quase insgificante como se fosse
maravilhoso, único...Como se fosse tudo aquilo que mais preciso.
E descobri que na vida o tempo se desloca de várias maneiras,
O chamado tempo pscicológico...Mas isso é algo que todos nós sabemos.
Mas descobri ainda, que na vida, acontecem momentos que nos fazem lembrar a sensação
de se esperar dias e dias e ainda mais vinte e quatro horas, até à meia-noite,
Pelo abrir as prendas do Natal.
E conto-vos o seguinte, há duas maneiras de esperar na vida:
Esperar desesperadamente, com tal intensidade, que esperar é uma benção, é
uma pequena conquista...Chegada a hora, o prazer aumenta ainda mais, e somos felizes, ficamos satisfeitos. Porque quem espera sabe que mereceu a espera e mereceu ainda mais o momento pelo qual esperou...

Mas há outra hipótese. Às vezes esperamos tempo demais. Um tempo que pode não se adaptar à verdadeira espera, um tempo que ultrapassa os limites. E nesse tempo, que começa como prazer e se torna tortura, injusta ou não, começamos a pensar que não vale a pena esperar...E quanto à esperança, que todos dizem ser a última a morrer, às vezes é mesmo a primeira. Chegado o momento, às vezes é lhe tirado o valor.

Sorrir hipócritamente já não é uma arte em que me quero tornar deus,
E falta-me a memória, como se trata-se de um degrau pisado inexistente.

Os caçadores esperam o que têm de esperar, sabem que é na espera
que todo o seu empenho vai ser posto em causa. Na altura certa lançam-se sobre a presa. Mas apenas no tempo certo, porque cedo ou tarde de mais será um erro.

Esta semana tive uma falha de memória do meu ser.
Já não estou confuso, escolho cada paragem de vida e de instante.

E em tom de conversa pergunto-me, será possivel mudar o significado do chamado
timing?
Não sei...Não me interessa, e é me indeferente se alguém o souber.

11:41 - 05/03/09