quinta-feira, 27 de setembro de 2012

breaking All illusions


Fios apertados em cada extremidade
para que o forte som seja capaz
de trazer algum género de paz
às entranhas desta calamidade.

Os tambores manifestam-se como um trovão
abalam esta monótoma realidade
Triste, seca, sem capacidade
para evolução.

Magia, História e simbologia
tudo envolto em névoa de confusão,
Sarar, fugir, morrer hoje, uma obsessão
presa aos alicerces desta vontade fria.

Números e letras que afectam o pensar,
Acendem o Passado e a Nostalgia
se tudo pudesse voltar atrás por um só dia,
Tudo por tudo para tudo recomeçar...

A vontade não chega, para quebrar todas as ilusões
Carne, osso e pele, preparados para se sacrificar
Por um mal menor por um bem maior, se calhar,
Fingir é fácil, até que comece a doer
Porque a dor se baseia (na falta de viver
realmente), no cansaço constante de respirar apenas recordações.


 (imagem: Dream Theater, A Dramatic Turn of Events - cover)

sábado, 22 de setembro de 2012

zahir

Nessa espiral consumida de negro
costuma brilhar a esperança,
recatada, silenciosa, como
o sono de uma criança.
Quando chegar a hora de despertar
só sobra um único medo
ter despertado tarde de mais.
Como é possível ainda aqui estar,
depois de várias tentativas
em forças e acções entregues à vontade dos Céus,
e das terras. Como é possível?
Agora mesmo, um constante delírio,
uma concretização quente longínqua
incapaz de se aproximar
para matar esse arrepio frio.
Uma centelha divina vai perdendo força,
como já perdeu em tantas outras almas,
esta é só mais uma,
E os passos arrastam-se, fracos,
movidos por uma vontade inexistente.
Não encontra saída da minha mente,
não encontra saída do meu corpo.
A esperança brilha, onde ninguém
espera que ela se faça brilhar,
recatada e silenciosa, à esperam que a matem
ou que a possam finalmente abraçar.


 'Segundo a tradição islâmica, o Zahir é algo ou alguém que acaba por dominar completamente o pensamento, sem que se possa esquecê-lo em momento algum.'

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Palavras de sangue, Segundo


" Um Peão bem posicionado pode valer muito mais do que o Rei... " (Castle)

...Mas a sorte nunca retribui com sensatez e
o Jogo recomeça. As peças voltam a ser
colocadas no seu devido lugar.
As memórias nunca mentem
e agora a função primeira é lembrar
cada erro, cada força do oponente,
Para que desta vez o resultado seja diferente.

A cada movimento de cada peça
um rasgo de sangue alastra-se pelo tabuleiro.
Seria perder tempo tentar evita-lo ou lava-lo.
(Xeque)
Pequeno Peão que se avança, oito pequenas criaturas
consideradas por todos mera carne para canhão.
Para aquele que não acredita na sorte
no fim será contemplada a verdadeira distinção.
Segurem com força esse vosso Rei - pois perde-lo depende
apenas de culpa vossa,
O Rei, esse está seguro, sabe que sem ele nada mais interessa.
(Xeque)
Uma jogada bruta deve ser pensada
Um sacrifício de louca aparência
Para que o triunfo seja tudo o que resta.
(Xeque)
Num tabuleiro preenchido de sangue - onde cada quadrado
se tornou vermelho - restam dois Reis e um Peão.
Rainhas morreram, Bispos aguardam no Purgatório,
Cavalos servem de alimento, as Torres não passam de ruínas...
Quinze pequenas criaturas aguardam no exterior da batalha,
Aguardam para que possam levantar o seu Rei, festejando,
Aguardam para que possam levantar o seu Rei, levando-o
para junto do corpo da Rainha...
(Xeque)
Movimento, aproximação, esperança na luta.
A jogada está feita...a vez de jogar passou para outrem.
Desde o primeiro movimento do Peão
começou logo a ser escrita em sangue a palavra...
(Mate) 


( Primeiro :  http://versologista.blogspot.pt/2012/05/palavras-de-sangue.html  )

terça-feira, 11 de setembro de 2012

prisão de Vidro e Gelo

O único desejo é que o tempo estivesse
parado, melancólico e sicronizado
como o silêncio prolongado que chega
depois de se ouvir os sinos de uma
Igreja. Aqui.
Nesta prisão física e mental
todos os movimentos que não foram
dados pesam de mais,
Todas as letras e palavras
que não foram ditas ou escritas,
A realidade está já ali, do lado de fora,
e observá-la sem poder vivê-la
é um sofrimento constante,
antes de inspirar, depois de expirar, durante.
O frio que rodeia o interior da prisão não é um frio
qualquer, não é daqueles frios superado com o peso
de tecidos, é um frio forte, capaz de gelar o Inferno.
Olha-se a realidade, o movimento do mundo,
e nada se pode fazer.
Se nos conseguissem ouvir, ouvir verdadeiramente,
talvez tudo fosse diferente.
Mas as pessoas não conseguem ouvir, não querem
ouvir.
Não se consegue escapar - e o transparente
do vidro é a metáfora contrária da não
transparência de quem vive fora dele.
Este local nasceu com o ínicio:
Alguns vivem nele por terem sido lá aprisionados...
Outros, (a maioria), desde sempre lá vive, sem nunca
se terem apercebido.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

iNSTANTE

Num abraço aparentemente inocente
só o olhar mais atento
consegue observar o pormenor
onde a mão do demónio acaricia
o fundo das costas do anjo...mas
a mão sobe e por entre os omoplatas
crava-se...tudo se dá num Instante
e nesse Instante tudo muda.
A verdade é fácil de esconder,
A mentira é fácil de aceitar.
Tudo já mudou, e mudou há muito tempo.
Os olhares fingem estar fixos, num ponto escolhido.
O livre arbítrio é justificação para os que não entendem
o lugar matemático em que estão situadas as estrelas,
E o Fado, desculpa justificada, para que o peso
do erro e da morte, não seja tão pesado.
Já não me sinto preso, aprendi a respirar este pesadelo,
a vive-lo, porque assim é a vida.
Entrelaçados movimentos, sentimentos,
unidos pela origem e pela origem separados,
Será isto o que perpetua a história do Homem?
Quem poderá negar? Fazer diferente? Iluminar?
Quando tudo o restam são trevas.
    A sabedoria está na altura máxima que os olhos alcançam
A sabedoria está na distância máxima que os olhos alcançam
Mas é aqui, tão perto, tão junto ao chão, que olhos olham.
Respirar e viver dentro de um pesadelo é a única forma
de morrer a sonhar, por uma realidade diferente,
pois esta já é autêntica e pura, na escuridão, na certeza.
O anjo teria conseguido voar se qualquer homem ou mulher o tivessem
soltado. Mas ninguém se moveu. E mesmo se alguém se tivesse movido
teriam chegado a tempo de evitar aquele Instante?
Digam-me...porque demoraram tanto? Porque continuam a demorar?