Eras dois, tornaste-te um.
Bebeste dessa bênção branca
Que te deu força e vontade
Para lutares contra a falta de equilíbrio.
Deixaste que te educassem, aprendeste.
Descobriste a necessidade de partilhar
E receber, amar e odiar,
Descobriste que neste mundo ninguém nasce só.
Experimentaste e foste experiência.
Apertas a gravata para realçar
A tua sorte de condenado.
Nesse teu corpo rígido
Engomado pela sociedade
Respiras aflição numa arte já aperfeiçoada.
Sentes a revolta e uma pergunta
Frustrada de ironia
Bloqueia o teu pensamento:
Se o arrependimento não mata
Porque me sinto morto?
Tão morto quanto um morto deve estar…
Ouves vozes à tua volta,
Sentes um frio no peito que vai e vem…
E agora?
Hora da morte: dez e trinta.
18/11/08