domingo, 27 de novembro de 2011

divagações

certezas
um dia desses, que passou exactamente como todos os outros que têm passado, fui abordado sobre esse tema tantas vezes sublinhado, recontado, exaustivamente estudado por todo o género de pessoas. O sonho, O fazer. É incrível. Este animal que rasteja com duas patas, que lutou por rastejar de pé, pensando estar em constante evolução (amarga ilusão?), consegue ver várias faces da mesma moeda, como também consegue não ver moeda nenhuma. É mais fácil fazer do que sonhar. Não nos cortam as ações, mas cortaram-nos a imaginação, a realidade que se queria alcançar...foram quedas constantes, más palavras em ouvidos por si só já cuidadosos, não querendo sofrer outra vez, e outra vez para nada. Não se sonha porque se teme sonhar. Sonhar e fazer é complicado. Não há asas, não há força para moldar asas. Sonhar é perder tempo; fazer é reforçar o tempo que se perdeu. Vive-se. Eu pessoalmente, fugindo de utopias, escolhi a terceira face da moeda. Posso não ser a pessoa mais honesta para comigo, quando me observo com olhar atento, mas a perspicácia com que olho o redor está trabalhada, é trabalhada constantemente. A resposta só poderia ser uma, só é uma, concluí enquanto abraçava toda a humanidade. É mais fácil sonhar do que fazer. Sonhar? Todos sonham; e quem não sonha está 'morto'. Mas é difícil mexer tudo aquilo que não seja a imaginação. É trabalho árduo, mesmo que o motivo desse movimento seja colocar dentro da realidade aquilo que se sonhou.
Utópicamente, se não me tivesse já desligado de toda esta triste realidade, dos atritos, das falsas esperanças, teria a certeza única - como já tive, que sonhar e fazer...é demasiado simples para quem anda com duas longas patas.
crenças
recentemente fui também abordado, de forma rápida e simples, mas de forma suficientemente concisa para revelar esse aroma de romantismo humano; não se fale de morte hoje!, não se fale da vida em si!, fale-se sim sobre o destino. A suposta existência de um destino é um lugar perfeito para se descansar ou para se morrer de angústia depois de tanto sofrimento. Para alguns, um escape perfeito pelos seus actos; para outros a justificação 'plausível' para finalizar todos os argumentos. E agora? Mas o livre arbítrio é tão mais forte, poderá de facto existir tamanha força capaz de derrubar a liberdade de uma raça? Uns dizem que não...outros acreditam que sim. Que as estrelas sabem e por vezes mostram o caminho...a palma da mão. Por momentos deixei-me novamente ser um pobre romântico, no que toca a estes pormenores; e talvez, digo talvez porque enfim, nestes assuntos não há preto no branco ou tão pouco branco no preto, a resposta seja a harmonia entre as duas possibilidades. Talvez exista de facto um caminho (ou vários caminho com sub-caminhos) marcados...algures. Só que ao mesmo tempo existe o livre arbítrio. Contradição? (Ainda) não. Não é por alguém que conhecemos estar numa multidão que a conseguimos distinguir dos outros, certo? O destino está lá. E o livre arbítrio também. E na minha romântica opinião, ou noutro tipo de opinião, é aqui que entram os chamados sinais. Sinais é o nome que lhe dou. Mas existem outros, e existem vários tipos. Ou seja podemos aceitar o caminho 'escrito', entrar e sair dele, ou nunca entrar, parte de nós, a liberdade talvez seja nossa. Aceitá-lo ou escolher outro, a nós cabe somente.
certezas ou crenças, ou a falta das segundas, ou o excesso das primeiras, pouco interessa, tudo são divagações.

(à divagação com Joana Henriques e Liliana Girão)