terça-feira, 4 de setembro de 2012

iNSTANTE

Num abraço aparentemente inocente
só o olhar mais atento
consegue observar o pormenor
onde a mão do demónio acaricia
o fundo das costas do anjo...mas
a mão sobe e por entre os omoplatas
crava-se...tudo se dá num Instante
e nesse Instante tudo muda.
A verdade é fácil de esconder,
A mentira é fácil de aceitar.
Tudo já mudou, e mudou há muito tempo.
Os olhares fingem estar fixos, num ponto escolhido.
O livre arbítrio é justificação para os que não entendem
o lugar matemático em que estão situadas as estrelas,
E o Fado, desculpa justificada, para que o peso
do erro e da morte, não seja tão pesado.
Já não me sinto preso, aprendi a respirar este pesadelo,
a vive-lo, porque assim é a vida.
Entrelaçados movimentos, sentimentos,
unidos pela origem e pela origem separados,
Será isto o que perpetua a história do Homem?
Quem poderá negar? Fazer diferente? Iluminar?
Quando tudo o restam são trevas.
    A sabedoria está na altura máxima que os olhos alcançam
A sabedoria está na distância máxima que os olhos alcançam
Mas é aqui, tão perto, tão junto ao chão, que olhos olham.
Respirar e viver dentro de um pesadelo é a única forma
de morrer a sonhar, por uma realidade diferente,
pois esta já é autêntica e pura, na escuridão, na certeza.
O anjo teria conseguido voar se qualquer homem ou mulher o tivessem
soltado. Mas ninguém se moveu. E mesmo se alguém se tivesse movido
teriam chegado a tempo de evitar aquele Instante?
Digam-me...porque demoraram tanto? Porque continuam a demorar?