segunda-feira, 23 de maio de 2011

The forgotten

'Do you remember me? Lost for so long..' (E. Torniquet)

Gerados num suposto amor e
evoluídos no calor do ventre humano, foi assim que
fomos criados...
Mas o tempo trás com ele tudo o que é possível.
E se alguns tentam conseguir recordar
outros tentam esquecer, onde alguns tentam
ser lembrados outros tentam ser esquecidos.
Mas o que acontece é acabar por sermos esquecidos,
como se nunca tivessemos existido...
Sem imagens vivas ou mais mortas
do nosso ser, da nossa vida,
como se os momentos de gestos ou falas
escritos, pinturas,
só existissem na nossa imaginação de corpo inexistente.
Tão pouco a alma terá deixado marcas.
Sente-se esta dor das palavras que se vão cravando
em nós, cada vez mais, cada vez mais dolorosas,
E eu deixo-as enterrarem-se...até que já não causem dor,
até que seja possível sentir outra sensação qualquer,
como se desse para esquecer e aprender ao mesmo tempo
nessa esperança de se começar de novo.
Nestas labaredas frias, que gelam tudo à minha volta,
volto a ser esculpido em gelo, crescente na minha racionalização...

De volta a esta espiral que ascende à exactidão,

Disciplinada na lógica, no pensar,

No trancar de caixas mitológicas

Capazes de abalar dores e sentimentos humanos..

Sinto-me capaz de fazer derreter pedra,
num olhar aguçado que sente a realidade
sem se deixar por ela afectar...Afinal já estamos esquecidos,
e nunca existimos.
Deixam-se estar perdidos durante tanto tempo
que não conseguem voltar-se a encontrar,
Desaparecidos...O abstracto vence o concreto
e a nossa alma desaparece
sem deixar marca, sem deixar rasto em nenhum lugar.
Mais tarde
(nesse tarde demais)
compreendemos o quão perfeito eramos
mesmo na nossa natureza de imperfeição.