quinta-feira, 25 de março de 2010

Alguma coisa tem de mudar

Nota:
Para quem quiser ler e ouvir com atenção a música da minha banda, chamada Stinkfist, poderá encontrar algo que nos faz pensar e saborear algo de muito profundo, chamado amor ou saudade, ou talvez, falando de forma mais iluminada, uma pequena elevação. No entanto, ouvia a música de uma forma revoltada, dado talvez o seu ritmo. Foi preciso, no concerto ao vivo em Perth, ouvir o vocalista dizer:"esta música é para quem prefere o ódio ao amor." Pois bem, e agora? Que faço eu? Fiquei perplexo. Afinal...que quero eu? Que sinto eu ao ouvir isto? A vida é estranha, porque nós somos estranhos. E se esta frase parece um cliché que se altera de forma singular para tudo, talvez o seja mesmo. Mas perderá com isso a sua verdadeira razão? Não. A vida é complicada? Sim, porque a complicamos.
Para quem me conhece, muito bem, sabe que adoro simplificar tudo. Disse um filósofo, "simplifica, simplifica", pois faço-o como mais ninguém. A verdade porém é que me apercebi que gosto de coisas e pessoas complicadas. Da mesma forma que gosto que essas coisas ou pessoas complicadas gostem de mim. Porquê? Equilíbrio, ying yang, destino, chamem-lhe o que bem entenderem.
Nós estamos neste mundo por alguma razão (ou não). E o caminho é por nós feito, com ou sem auxílio de Deus. E nós precisamos de pessoas, que nos dêem valor, que nos entendam, que estejam connosco, por alguma razão.
É preciso perceber que todos nós temos pessoas, que muitas vezes preferimos ignorar, ou que nem sabemos da existência, porque de alguma forma procuramos outra coisa (ou melhor...julgamos procurar) que nos ajudam. Os verdadeiros amigos, e aqui amigos entenda-se o ser humano que nos gosta de ajudar por gostar de nós (incluo todos os tipos desse variado amor...não vou entrar em pormenores), todos nós temos. O amigo, o verdadeiro amigo, está connosco sempre. Sempre. Um verdadeiro amigo, faz a coisa mais difícil de todas: contraria-nos se for preciso, pois o amigo magoa com a verdade, não nos fere com a mentira. E sim, tu tens amigos, aqueles mesmos amigos que te teriam dito: tem calma, não te precipites.
Todos os temos. Sempre, mas nem sempre os vemos. Nem sempre os sentimos.

Mudando de assunto. Ouvi duas frases sábias num dia muito complicado. E duas frases que me fizeram sentir-me em forma de lágrimas. Uma delas acabei por ser eu mesmo a perceber, na ironia da vida. Nunca gostei muito de fotografias. Gosto de as tirar sozinho, porque sei que nunca me vou afastar de mim próprio. Mas quando as tiro com outras pessoas...tenho receio. Eu sei, etc, o que interessa foi o sentimento captado naquele momento. Mas, não. Porque isso, já foi. E mesmo que saiba muito bem ver, a verdade é que o sabor é muito mais intenso quando ainda vivemos com essas pessoas.
A minha irmã via fotografias, e comentava que mais de metade das pessoas que lá estava já nem se falava...eu não chamo a isto hipocrisia. Não. Tenho de me esforçar mais. Deixem cá ver...Afastamento no espaço e no tempo de pessoas que já foram embora. Está melhor. A verdade, é que juntos chegamos à conclusão que também tínhamos fotografias com pessoas que ainda hoje fazem parte das nossas vidas. Existe melhor sentimento que este? Talvez, mas este é um sabor único. As pessoas que nos merecem, e que por nós são merecidas, continuam connosco no tempo. Sim, é lógico que algumas pessoas se afastam por condicionantes exteriores a elas próprias, mas mesmo assim, existem sempre maneiras de lhes dar a dita volta.

Isto hoje tem sido um dia complicado. Tinha tantas ideias que não as consigo colocar no seu devido lugar, por isso vou apenas escrevendo.
"A verdade é erótica. É como abrir a boca para beijar."(A.S.) Sem dúvida. Que sossego. Que alivio.

A minha nota inicial acabou por ser o próprio texto. Estranho. Ou talvez não, afinal talvez não precisa-se de escrever um texto novo, apenas precisa-se de me escrever a mim.
Ainda bem.

Costumo ter mais razão do que aquilo que as pessoas pensam. Não me estou a convencer a mim, nem sou convencido, é apenas uma característica que costuma afectar as pessoas, principalmente quando lhes tiro a razão tão firmemente certa. Porquê? Deve ser um dom...ou uma maldição.
Eu sou como todos os seres humanos: quando penso, faço bem. Quando sinto, nem sempre. O mal não está em sentir. Está em sentir mal. Porque pensar e sentir, são coisas que se equilibram, e cooperam entre si.
Ter razão, na forte maioria dos casos, não se trata de intuito, nem de inteligência, pelo menos dessa que nos faz chegar mais ou menos longe, trata-se de conhecer este mundo e estas pessoas. A minha capacidade para amar o próximo é deveras igual à minha capacidade de odiar o próximo. A diferença porém é que faço por amar, e por amar amando bem, o ódio não costuma passar de palavras razoavelmente bem escritas.

Nestes últimos dias, quase todas as músicas que ouço me têm dado uma frase ou outra para escrever algo, podem com isto perceber o meu estado mental. No entanto é como se chegando à hora da "verdade" perde-se a energia.

Por isso, encontro-mo neste texto diferente do habitual, a tentar de certa forma, enfim, arrumar-me. Porque preciso de falar. Sempre.

Acabo por me afastar, não por ter medo de me ver monstro, mas exactamente pelo contrário...ter medo de afinal não o ser...






E como sempre fico deste lado, sem nada poder ver.
Que saudades. Que miséria.
Que silêncio.
O barulho embala-me...
.................mas não me preenche.


Feed my will to feel this moment...
Fill this hollow.
Sei lá que mais.
Fim.