sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cold Silence

A raiva voltou. A revolta também. Agora, só falta o ódio. Onde é que queres chegar com isto? Até onde é que a tua tirania te vai levar, até onde vais levar a tua obsessão? Estás tão cego que já pensas que a verdade é o que tu inventas. Não ouves ninguém; estão todos errados. Para quê perder tempo com pessoas imperfeitas, se tu estás sempre certo? Fazes-me rir. Estás tão focado na tua própria sombra que já nem ouves os teus passos. Já nem consegues ver as consequências dos teus actos. Estás tão focado no teu reflexo, afogado num mar de vaidade e egocentrismo, que nem te apercebes que a a imagem que vês reflectida se vai degradando rapidamente. Será que o mundo é teu e eu não me apercebi? Estarei assim tão errada, tão fora da realidade que não consigo ver? É que usas a tua coroa tão alta e tão confiante que fico espantada. Tu ainda me surpreendes! É incrível. Pensei que não me podias magoar de maneira nenhuma, pensei que nunca mais me podias causar estas lágrimas de sangue, mas enganei-me. Já não as sinto a cair... Não. Já estou mais do que dormente perante a tua arrogância. Perante a maneira como olhas para todos de cima, no teu trono de hipocrisia e presunção. A raiva voltou. A revolta também. Agora, só falta o ódio. Mas apesar de toda a raiva, de toda a revolta, Não deixo de ser quem sou. Foi um caminho que trilhei, que fui construindo, E construí-me. E agora espero o ódio. Esse ódio que se apodera de mim e me dá alma, me dá vida, que me ilumina de forma estranha para ver com os meus próprios olhos cor-de-raiva que nem tudo é o que parece, que neste mundo morre muita prece em vão, que o nosso esforço nem sempre acontece. Mas mesmo esperando por esse ódio que vem sozinho ou por nós puxado sei que prefiro viver apenas um dia defendendo a luz, o bem, a verdade, que uma vida eterna na escuridão, espalhando o mal, criando e alimentando a mentira. E falo, e canto e grito, e escrevo, e mostro-me!, não me entreguem silêncios, não me entreguem ao silêncio, não me entreguem o silêncio, Quero mais, mais de tudo um pouco para não ser frio, ser-me indiferente, Quero ódio na medida certa, na medida a mais se for para ser mais atento, mais forte, mais espiral. Não nasci revoltada com a vida, nasci com o coração aberto a todos, e a alma faminta, E se consigo gritar então grito mais um pouco, E grito com a mesma força que uma criança a nascer. Não mato esta solidão acompanhada porque o ódio ainda tem muito para me modificar. E quero aprender. Quero ensinar. E quero amar com a mesma força que já odeio. Porque o ódio é sempre fácil. Ele cresce numa pequena semente e a partir daí, ninguém a pode parar. Cresce, vai crescendo e quando dou por mim, odeio tudo o que me acontece, tudo o que me está a acontecer. Não é a verdade que me revolta. Não. Nem tampouco é a ideia que a verdade trouxe. É somente a mudança negativa que veio para ficar, é a ideia de que tudo podia ser melhor se um dia o Homem o tivesse querido.
É este silêncio que me gela as veias, que chega à minha cabeça e ao meu coração, parando-os num só bater. Tornando-me cega a algo que já nem eu consigo ver. Este silêncio funcionou como um despertar de sentimentos, de coisas escondidas, de algo que está seguro por apenas ruínas do que já foi belo. Foi esse silêncio acumulado que destruiu todos os caminhos que levavam à compaixão, todos os caminhos que levavam a algum lado. E agora? Agora... Agora já não resta nada para além de pedaços de madeira queimados. Eu própria ateei o fogo e vi-os arderem, no reflexo dos teus olhos. Os mesmos olhos que se não estivessem tão ocupados com o seu reflexo, veriam o que estava a acontecer mesmo à sua frente. Tudo o que alguma vez existiu, já foi queimado. Só restam cinzas. Cinzas de nós, cinzas de infâncias esmorecidas, cinzas de amor de ódio que violentamente abrem as feridas do meu coração e que ardem como sal. Passou tudo por ti. Não te apercebeste? Esteve sempre à tua frente, de todas as vezes em que chorei até adormecer, de todas as vezes em que a tua injustiça me deixou sem ar, de todas as vezes em que te recusaste a ouvir através dessa barreira que te impede de dar razão a alguém que não sejas tu. E para que me importam agora as tuas lágrimas? Onde estavas tu para limpar as minhas quando precisei? Estavas ocupado a construir e a aperfeiçoar o teu ser. Estavas tão centrado em ser eterno que não reparaste que as paredes começaram a ruir, até ficarem amontoadas no chão, à minha frente.
Para que me importa agora que fiques triste ao reparar que eu não vou olhar para trás, nunca mais? Deixa-me simplesmente morrer aqui, derreter ao sol, ao lado das chamas que eu criei para te apagar. Ao lado das memórias que tinham de ser soltas, para viajarem pelo vento.
Deixa-me aqui, na escuridão, onde ninguém possa ver as lágrimas de sangue que de tanto correrem, ficaram marcadas no silêncio dos meus olhos.
A minha sobrevivência está nas mãos do meu eu criador, do meu eu sofredor, está dentro da minha alma a capacidade de me mover acima do materialismo, do cinismo, da vossa capacidade arrogante de se considerarem superiores. Não conquistei um trono, nem conquistarei. Quero encontrar a verdade e nela me apoiar, quero viver um caminho por mim guiado, e guiar todo aquele que vê nos meus passos sensatez, e vontade de fazer deste mundo melhor.
As minhas lágrimas secarão...Deixarão marca. Mas acabarão por desaparecer sobre a pele, e eu, consciente da minha razão, daquilo em que acredito, triunfarei na minha verdade, na Verdade que quero atingir. Não preciso que me coloquem véus negros à volta dos meus olhos, nem que construam paredes que me frustrem os movimentos...Não somos uma ilha, mas não queremos ninguém que nos fira com falsas luzes, falsas crenças, e não toleramos hipocrisia. Somos humildes de alma, capazes de sentir e viver como filósofos que viveram apenas da vida...E não toleramos cegos aperfeiçoados. Não toleramos a mentira. Não toleramos que sejam o vosso pior eu. O que queremos está dentro da espiral que ruge nos nossos corações...Não tememos ser monstros...Tememos sim, monstros que se julgam melhores que todos os outros, e que esses sim!, são capazes das piores catástrofes. A todos vocês, que brilham de contentamento nesse vosso silêncio frio, a mensagem que deixamos é só uma:
Façam o esforço de aprender connosco, porque nós já muito aprendemos convosco.

(Terceiro texto elaborado por Diogo GTH e Joana GTH. É um prazer escrever contigo, e mais uma vez estiveste ao teu melhor nível. Obrigado.)

domingo, 19 de setembro de 2010

No fogo alguém tentou sentir a luz

" None of them can even hold a candle up to you,
Blinded by choices these hypocrites won't see ...

My little piece of the divine...

High is the way
But all eyes are upon the ground.

You were my witness, my eyes, my evidence, ..
Set as I am in my ways and my arrogance.
" ( 10 000 Days - 10 000 Days )

Chegariam dez mil dias no fogo que nos queima,
E talvez, este número, como outro qualquer,
Pareça demasiado pequeno, demasiado comprido,
Pois engana-se quem se deixa queimar
apenas por momentos;
engana-me quem me queima
e eu deixo-me queimar por quem me engana,
Nessa aurora que vem com as ondas no mar
ou com o sol escondido atrás de um jardim,
e a lua que cresce voando sobre o rio
deixando às pessoas a oportunidade de ser apreciada,
num caminho, nas estrelas, numa despedida,
Na morte.
Pois é na morte que nos encontramos todos,
algures num infinito qualquer
longe do alcance do ser humano,
Algures fora da nossa razão
e sentimento.

Seremos únicos
talvez não como os primatas que ergueram o pé
que ergueram a chama
que ergueram carne aperfeiçoada...
Talvez não sejamos ninguém.
Mas vivemos por ser alguém para nós,
e queimamos cada dia
pelo próximo dia, por nós, e por alguns
outros que são para nós peças chave desta vida.

Não é por acaso que encontro
lições na dor, e é na dor que me modifico,
mas é no amor que também aprendo,
por isso, seja nesse calor da chama do fogo
do amor, ou na dor infligida por todo esse acontecimento
natural, aprendo-me...
Alguns fogem, outro refugiam-se...Não sei porque perdem
o vosso tempo!, E tanto tempo gastam sem viver de facto,

Iludem-se com a mentira, ferem com a hipocrisia,
Acordo deste pesadelo, consciente que de facto
estou a vivê-lo, é tudo real à minha volta,
falsas sensações espalhadas em várias classes de veneno.
Tudo isto me parece fútil, triste, absolutamente sujo
e digno de ser destruído.
Existem coisas que não fazem sentido,
e existem outras que deviam fazer...

Cortem-me de vez as asas todas, as que cresceram
as que ficaram por crescer e as que morreram sem nunca
terem sido abertas,
Julgo-me superior a todos?
Eu quase nem me julgo ninguém,
porque o que sou por vezes não passa de palavras
e os actos cada vez mais são levados pelo vento,
Perdoa-me, nesta arrogância leve,
Por cada vez que te traí e que me traí
por cada vez que o meu coração seguiu o caminho
da insensatez para depois dissolver-se no arrependimento...

Tentei em cada incêndio encontrar um caminho em direcção à luz,

Mas tudo o que passou por mim
foram pequenas chamas que me reencaminharam
para um lugar de cinzas, um lugar estranho
onde não sei a localização.

Sei cada vez mais, porque sou um monstro,
E os monstros não fingem.

sábado, 18 de setembro de 2010

Cataclysm - Parte I - O inicio do fim

Por esta poesia que se vai
desfazendo em pequeno bocados
pelas perfeitas espirais
que se acabam por transformar em
defeituosos quadrados...



Rugem os tambores
neste esforço musical
de uma sintonia que representa a Guerra,
A união de todas as guerras
num acontecimento único,
num acontecimento final...Crianças
choram, num ombro de alguém que ao seu
lado não sabe como explicar
todos estes acontecimentos.
Sobra nalguns uma sombra de dúvida
e noutros o medo que viveu escondido,
e no coração de cada animal
de cada ser humano
sente-se um aperto, de que nada está igual
que é tudo isto um acontecimento
que para o bem, que para o mal
é o esmagar da existência.
Treme o corpo, perde-se a voz
e tudo aquilo que por nós
foi construído
será destruído, será ruínas,
É o passado e o presente
num futuro ruído. Em nome do Pai,
em nome do Filho...do Espírito Santo...
Reza-se aos deuses, a deus, e a Deus,
e todos fingem aguentar firme
a certeza que a morte caminha na sua direcção.
São as crianças que choram sem um ombro firme
para as segurar, e todos choram
na verdade medíocre que viveram sem lutar,
Abra-se pois este abismo,
Que se destrua de vez todo este ilusionismo,
É hora de fechar os olhos
e talvez partir.
Receio ter chegado a minha hora.
Com a hora veio o tudo que nunca senti,
o tudo que fraquejou nestes alicerces.
Existem duas estradas
neste caminho único,
Ou seguro a espada, erguendo-a alta, brilhante,
pronta a ser usada,
ou fraquejo o braço deixando-a cair no chão...

Como chegámos a isto?
E porquê?

(Continua)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A lágrima falsa que deus chorou

"Sweeter than heaven and hotter than hell..." (Drumming Song - FATM)

Pela primeira vez na vida não gritei
para terem calma
mesmo quando via diante dos meus olhos
cada um com a sua diferente arma
amarrada às mãos
agarrada ao corpo
perante uma guerra qualquer
ou um abismo.
São opiniões diferentes
que oscilam entre
esse doce céu
ou esse quente inferno...
A realidade fria trespassa-me os sentidos,
como pude ter sido tão humano
em problemas terrenos?
Como me consegui iludir?
Este mundo promete mais do que aquilo que pode dar
ou talvez eu não esteja preparado para me deixar
ir e ser feliz...
Sim, nessa lágrima
encontrei a mulher perfeita para mim
ela é que nunca me encontrou,
pelo fim,
pelo inicio,
pelo fim.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Apagador de sensações

"As I move my feet towards your body I can hear this beat it fills my head up..." (Drumming Song - FATM)

Lateralmente sinto a presença
da dor que nunca matou ninguém;
e o arrependimento que vive escondido
dentro das nossas almas
um dia acende chama gigante
capaz de fazer arder toda a carne humana...
É com este som
que me materializo no subconsciente
de quem julga estar mais perto,
de quem julga estar mais certo,
de todo aquele que é oco
de todo aquele que foi vítima
ou culpado de ter sofrido
um apagar na alma e na mente

não sobrando razão
não sobrando sensação;

Restando apenas algum tipo de esquecimento...

A única distância que existe entre mim
e os outros
é ter a força de segurar alto esse apagador
e de o fazer cair de alta altura.
Não é beleza, não é sorte,
é cicatriz, é queimadura;
é tudo aquilo que se vai escapando
por de entre os vossos dedos
como areia,
como água...
Tentaram segurar?
Tentarão segurar?
Não me parece.
Já vos conheço
e a desilusão apesar de previsível
ainda me consegue surpreender.

Que Deus vos abençoe
porque eu não consigo mais.
E mesmo que quisesse...de que valeria a pena?
E não, a alma nada tem de pequena,
é comum, é igual,
apenas humilde...
apenas com vontade.

domingo, 12 de setembro de 2010

O dia que nunca chegará

"...It fills my head up and gets louder and louder..." (Drumming Song - FATM)

Nunca chegará esse dia,
esse dia que nunca tentou chegar.
E hoje cravo uma estaca no tempo
para o fazer parar, um dia a paciência
cansou-se de tanto esperar, um dia
tudo o que não é alma tem de morrer,
deixando atrás de si recordações que serão alimentadas
por quem as guardar, por quem as partilhar,
tudo o resto é fumo, é poeira, é um vazio.
Dentro da minha alma respiro silêncio,
e na minha pele tudo o que resta são reflexos
de um divino que nunca existiu,
tudo não passa de uma mentira sentida em exagero.
Não quero,
O que perdi nunca ninguém me poderá devolver
resta-me agora sentir este tambor que se faz rugir
dentro da minha cabeça...
Respiro-o.
Solto-o e ele solta-me com toda a força no chão.
É o céu e o inferno
na mesma face da moeda...Sinto-me completo,
E a poeira sangrenta que tinha nos lábios
secou.
Existem aqueles que amam o ódio
e os que odeiam o amor,
eu não sou nenhum dos dois;
existem aqueles que amam o amor
e os que odeiam o ódio;
Eu não sou nenhum dos dois...
Quem sou?
Estarei a descoberto?
Estarei por descobrir?

Algures neste mundo deixei a marca da minha existência,
ou talvez tenha sido apenas um sonho
que num tempo demasiado apertado e curto
se tornou num pesadelo.
A revolução íntima é agora,
a progressão espiritual é agora,
é a hora deste tambor tocar mesmo
até depois da sua morte,
é hora de vos ouvir
como nunca ouvi.
É hora de contradizer o mundo
é hora de deixar de ser controlado pela
ironia e hipocrisia alheias, universais,
é hora de transformar este silêncio
no som mais horrendo
é hora de transformar este barulho ímpar
num silêncio deslumbrante...
Dentro da minha alma

resta o silêncio
e com ele resta este tambor que toca
cada vez mais alto.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Nunca lhe terei chamado vida utópica

É preciso dizer que de facto nunca lhe chamei vida utópica. E os dias que vão passando fazem-se sentir em mim como prova disso. Dou valor à saúde, aos meus, tanto familiares como amigos verdadeiros, e tento encontrar valor no amor. Por vezes o que sobra no ser humano não passa de uma espécie de sentimento de vazio, arrependimento e frustração. A tristeza ganha asas, e quando damos por ela, já se tornou num ódio, que está sempre lá, como a almofada que recebe os nossos pensamentos antes de adormecer. O que percebi, e aquilo que para já vou acreditando é que a utopia não existe, não neste mundo, não com estas pessoas. No entanto, coloco-me em causa, por não ser arrogante na razão que julgo pertencer-me, por isso, apoio com toda a atenção, com todo o amor, as pessoas que ainda acreditam nessa distante utopia. E agradecer em primeiro lugar, apesar de não ser seu fã, ao grande John Lenon. Pois foi ele que começou...
E claro, agradecer ao meu pequeno "deus", guiador dessas duas pequenas "religões", pela mais recente versão...
Por isso, e ao que parece, são cada vez mais aqueles que conseguem, nas suas cabeças, mesmo com estas pessoas, mesmo com este mundo, acreditar na utopia.
E mesmo estando-me a afastar cada vez mais da sua concretização, aqui estou eu...a ouvir as vossas versões...a tentar voltar ao que era, a ajudar-vos a serem o que são, com uma mão na espada, e outra no coração...

Imaginem...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Birds of prey


"Trouxeste-me a paz; e eu que vivi toda a minha vida em guerra..."
"Não tens medo de encarar aquele que parece mais forte que tu?! Maior que tu?!
- Não penso assim...e é por isso que nunca serás recordado como eu serei, mesmo daqui a muitos séculos..."
(Tróia - Filme)
"Um Homem define-se e prospera apenas por uma só coisa: a coragem..." (G.)

Cinza...Cinzento...
É esta a chuva triste que vai caindo
neste momento,
é este o palco onde o elenco
se esforça por demonstrar emoções
por delirar com a alma e com a vida,
Tudo envolto numa paz celestial
e num valor de cristal inexistente,
por muito que queira não aguento!,
mais,
Nem mais um pouco que seja...

Peço ao vento que me leve para um lugar qualquer
mas ele já não me escuta
mais,
cansou-se de preces sem sentido
de alguém que parece gostar de estar perdido...
Vivo num mundo ao qual ninguém se me rendeu
mas no qual eu acabei rendido,
fraco e poderoso,
num sentimento contraditório
de estar arrependido.

Já senti nesta minha existência
pequenas auroras
que se estendiam como céus
como um futuro seguro
e belo,
onde lutaria cada dia por um dia seguinte melhor,
digno de ser caminhado
explorado, vivido.
A luz desvanece. Tudo à minha volta adoece
numa cinza duradoura.
É uma frescura que tarda em me chegar
e ficar presa a mim por muito tempo
ou para sempre.
É esse lugar onde já estive
que me faz pensar, e não conseguir esquecer,
é esta pequena batalha contra o Homem
e o Divino
e o meu caminho,
é um bater de coração no escuro
onde já existiu iluminação.

É um ritmo supremo, calmo, sereno,
libertador de todos os venenos
capaz de destruir feras e odiosas sensações
no mais extremo sentimento.

É a coragem que dita o passo de cada Homem
e o passo dos Homens que chegaram a esta praia
a este campo...a esta cidade.
A tudo o que me rodeia falta a mesma coragem que
me falta a mim;
que me faltou
e que me faltará se não for alimentada.

Sou o nome de uma oração repetida
vezes sem conta, até
ser
esquecida.
E as aves da oração
voam de asas bem abertas
sobre o telhado da minha existência;
alimentam-se dos meus mais profundos medos
e tentam consumir os meus mais horrendos segredos,
e tentam auxiliar-me;
pedem-me que não me queixe
e que faça por amar-me, para ser fome
que procura a cada dia o seu alimento...

Queria aguentar,
e mesmo não aguentando
os dias passam e eu aguento...
Para onde foram?
Para onde me levaram?

Uma das aves morre com peso de universo
uma distância à minha frente...
Nos seus olhos cor de cinza...cinzento,
desejo o renascimento do poeta morto
pois tudo é enorme
nas cinzas
de
um
sentimento.

sábado, 4 de setembro de 2010

Da "criadora" da Sara Bareilles...

Este ano está a ter poucas coisas boas. Por isso agarro-me bem a cada descoberta. Por isso quero partilhar a minha nova, espero que a saboreiem como eu estou a fazer. Florence And The machine. É uma medicina alternativa, com novas sensações. O que está entre os pulmões?

Cinco estrelas e meia. Aproveitem.



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Apologia de uma explosão hereditária

Condenados estamos a gatinhar até aprendermos a andar.
E foi mais uma experiência da minha vida
descobrir que por vezes também eu sou capaz
de perceber onde devo parar
para meu bem.
E apesar de toda uma calma serena
que corre por esses prados
onde uma luz matinal corta o verde e o amarelo
que ainda estão frescos da noite
a realidade é bem diferente...
E o belo com que pinto a realidade
consome-se. E vai-se deixando consumir.
Quando dou por mim todos esses prados
toda essa brandura
fica extinta...
E sobra uma procura
sobra uma nostalgia
que apenas é mal preenchida pela vida que devo levar...
Na procura de outras coisas, de outras pessoas...
Na procura desses instantes quase perfeitos
que formam um momento, um momento que queríamos guardar
para muito sempre; para repetir.
Queria explodir, invadir lares e ruas,
chegar aos bosques e florestas
chegar aos desertos
e a cada ilha habitada;
E eu queria, como sempre quis, muito pouco.
Terá Deus algum prazer neste afastar da minha alma
deste mundo?
Terei eu alguma culpa em tudo isto?
Terei eu errado ou deixado errar?
Queria explodir, e aos poucos, sem mais ninguém
se aperceber vou explodindo de facto,
deixando um rasto de pequenos pedaços de loucura
de amor inacabado e de um ódio aperfeiçoado.
Alguns choram a minha explosão...Sabem que a culpa
foi de todos, que ninguém é inocente, que ninguém é perfeito.
Outros seguem a sua vida. Todos somos iguais não é verdade?

O destino cortou-me os braços e as pernas
mas deixou-me uma ferida aberta na cara que nunca sara;
e uma mão, uma mão direita que escreve
e continua a escrever;
e que em uma linha alegre ou mais impressionista
tenta cavar além fronteiras, além possíveis,
onde nunca mais ninguém cavou, até onde mais ninguém cavou.
Talvez seja essa uma função minha
tentar-me sentir o primeiro, o único, o que ousou,
o que conseguiu. Mas todos nós sentimos isso,
mesmo sem querer;
pois faz parte de nós.
Nega-lo é negar a nossa humanidade.

É tudo culpa do primata que quis tentar andar;
é tudo culpa do primata que conseguiu andar,
é tudo culpa da evolução.

Levanto longe este peito de ventania,
onde as asas são leves, quentes, numa beleza
em harmonia; onde o som que corre atrás de nós
é de um rio, de um banco, de uma árvore;
Tudo como se fosse único,
concretamente importante e especial.

Mas o vento levou-te
e não trará mais ninguém;
não por agora, não por aqui,
E todos os dias, nesses momentos em que preciso
de respirar e afastar-me da minha rotina,
desejo que esse vento te traga
ou que volte sozinho
e me leve até ti...
Belos são os pensamentos
dolorosos são os sonhos impossíveis de concretizar:
por tudo, para tudo,

que nos deixam aqui
nesta explosão fria, destruidora,
ruidosa
no centro do nada...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Introduction to Cold Silence

Vivemos num mundo de feridas abertas que demoram a sarar. Vivemos num mundo onde o ódio é travado com mais ódio. Onde o amor raramente encontra um ponto de entrada, verdadeiro ao toque, verdadeiro ao sentir, verdadeiro ao viver. Não me custa muito dar o melhor que tenho a quem posso. Mas custa-me ainda menos odiar o que me revolta e ser eu próprio uma nuvem negra num espaço negro, ansiando por mais negridão. Ser humano custa-me ser por tudo o que julgo já ter passado. E pergunto-me todos os dias, consciente que tudo o que passei de mau (pois o bom é apreciado por cada um à sua maneira de forma subjectiva e peculiar) é pouco ou mesmo nada comparado com a maioria deste globo, como conseguem vocês continuar parados, e sentados, e a sofrer?
Precisamos todos de ajuda. Precisamos todos de amor. E tudo o que acabamos por ter é um pouco mais de ódio, de tudo o que nos rodeia. E mesmo quando tudo isto que digo é apenas um sofrimento exagerado a verdade é que com a nossa maneira de ser conseguimos torna-lo verdadeiro.
Estarei a ser esse "fingidor, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente"? Não acredito na mentira. Nunca acreditei. E não acredito que mentiam. Nem nunca vou acreditar. Por isso não minto gestos, não minto emoções, não minto sentimentos. Vão me perdoar desejar que ninguém me faça o mesmo, nem faça o mesmo a mais ninguém. O problema das pessoas hoje em dia é esforçarem-se a mentir. Mentem-se, mentem aos que os rodeiam. Quando acordam, e acordar é um termo bastante simpático, para este sentimento que preenche enquanto penso na minha vida e escreve isto, olham para trás e sentem um arrepio, sentem um apertar, e reparam, desta vez com olhos de quem olha o mundo atentamente, que erraram, e que se colocaram numa situação pesada de tristeza.
Nunca me ocultei. Apareço quando encontro necessidade e vontade. Caso contrário prefiro que me conquistem, que precisem de mim. E só aí tento fazer aquilo que faço melhor: colorir, colocar alguém num ponto de vista mais elevado. Não importa por quanto tempo, importa-me saber que fiz algo por alguém, e que esse algo importou. E ainda hoje procuro o dia, em que alguém possa viver isso para sempre comigo ou para um quase sempre, e que possa também, sentir-me como já me senti, mas desta vez...Tudo.
Não precisamos de apresentações. Não queremos mentir nem mentimos. De mentiras está o inferno, e o céu cheio...porque na terra é o que mais reina. Não nos lancem areia para os olhos...Não nos lancem falsas luzes.
Acabamos por nos sentir, por nos encontrar nessas tristes linhas da nossa Sara B. :

"All my life I’ve tried to make everybody happy
While I just hurt and hide
Waiting for someone to tell me it’s my turn to decide..."

Dê-se início ao silêncio frio.

Queres casar comigo?

Esta mulher tem estado "on fire". Cinco estrelas. Veio para conquistar um mundo, à sua peculiar maneira, de forma eficaz e bela.
Para quem gosta, de certo gostará de saber que 7 de Setembro de 2010 chega o seu novo CD. E que em 2011 virá à Europa (esperemos que na tour europeia esteja contemplado esse país à beira mar plantado).
É curioso como me fez dar outro significado à expressão "Let go". Espero que gostem.
E este cover, está no mimino excelente, na minha opinião, muito melhor que a música original.
Precisamos de magia?