Vivemos num mundo de feridas abertas que demoram a sarar. Vivemos num mundo onde o ódio é travado com mais ódio. Onde o amor raramente encontra um ponto de entrada, verdadeiro ao toque, verdadeiro ao sentir, verdadeiro ao viver. Não me custa muito dar o melhor que tenho a quem posso. Mas custa-me ainda menos odiar o que me revolta e ser eu próprio uma nuvem negra num espaço negro, ansiando por mais negridão. Ser humano custa-me ser por tudo o que julgo já ter passado. E pergunto-me todos os dias, consciente que tudo o que passei de mau (pois o bom é apreciado por cada um à sua maneira de forma subjectiva e peculiar) é pouco ou mesmo nada comparado com a maioria deste globo, como conseguem vocês continuar parados, e sentados, e a sofrer?
Precisamos todos de ajuda. Precisamos todos de amor. E tudo o que acabamos por ter é um pouco mais de ódio, de tudo o que nos rodeia. E mesmo quando tudo isto que digo é apenas um sofrimento exagerado a verdade é que com a nossa maneira de ser conseguimos torna-lo verdadeiro.
Estarei a ser esse "fingidor, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente"? Não acredito na mentira. Nunca acreditei. E não acredito que mentiam. Nem nunca vou acreditar. Por isso não minto gestos, não minto emoções, não minto sentimentos. Vão me perdoar desejar que ninguém me faça o mesmo, nem faça o mesmo a mais ninguém. O problema das pessoas hoje em dia é esforçarem-se a mentir. Mentem-se, mentem aos que os rodeiam. Quando acordam, e acordar é um termo bastante simpático, para este sentimento que preenche enquanto penso na minha vida e escreve isto, olham para trás e sentem um arrepio, sentem um apertar, e reparam, desta vez com olhos de quem olha o mundo atentamente, que erraram, e que se colocaram numa situação pesada de tristeza.
Nunca me ocultei. Apareço quando encontro necessidade e vontade. Caso contrário prefiro que me conquistem, que precisem de mim. E só aí tento fazer aquilo que faço melhor: colorir, colocar alguém num ponto de vista mais elevado. Não importa por quanto tempo, importa-me saber que fiz algo por alguém, e que esse algo importou. E ainda hoje procuro o dia, em que alguém possa viver isso para sempre comigo ou para um quase sempre, e que possa também, sentir-me como já me senti, mas desta vez...Tudo.
Não precisamos de apresentações. Não queremos mentir nem mentimos. De mentiras está o inferno, e o céu cheio...porque na terra é o que mais reina. Não nos lancem areia para os olhos...Não nos lancem falsas luzes.
Acabamos por nos sentir, por nos encontrar nessas tristes linhas da nossa Sara B. :
"All my life I’ve tried to make everybody happy
While I just hurt and hide
Waiting for someone to tell me it’s my turn to decide..."
Dê-se início ao silêncio frio.
Sem comentários:
Enviar um comentário