terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lateralus (seguimento)


Escrevi, de forma talvez pouco usual para o que se vai escrevendo por esse mundo fora, um texto que comparava situações concretas (ou não) da vida, ou mesmo entradas e saídas de pessoas, com um acidente rodoviário. E não falei de probabilidade (tentativa de prever algo) mas sim de estatística, ou seja algo que de facto aconteceu. E dessa forma falei da força fatal dos impactos laterais e frontais que se podem dar num acidente.
Nessa altura, não diria que o mais importante, mas algo bastante importante, que contribuiu para a minha postura perante a vida foi estar completamente em sintonia e com uma fome douda de não parar de ouvir a música Lateralus.
Porquê ouvi-la agora? Porque às vezes temos de pegar em pequenos fragmentos do passado e voltar a estuda-los. Mesmo que não se saiba a razão para tal acto a verdade é que é assim que agimos.
E por momentos penso sorrir por dentro quando encontros peças soltas...Não sorrio por encontra-las. Sorrio por pensar que ficaram soltas de propósito. Para mim o acaso é inútil a menos que seja programado...E dado que toda esta afirmação é uma contradição, prefiro garantir a mim mesmo, nem que seja como consolo à minha alma, que nada é por acaso; que nada ficou ali por ficar. Dá-me uma enorme repulsa sentir que o atrito existente ou criado recentemente está lá apenas por estar...Não pode ser. Está lá para nos dar a necessidade, de mesmo sem querermos, encontrar uma forma de o refutar.
Como é óbvio tudo o que digo e escrevo caí depressa no esquecimento. Como está música desapareceu do meu cérebro, e mais grave ainda: da minha emoção de vida. Foi então que voltei a ouvi-la com a mesma atenção da primeira vez; com a mesma atenção da segunda vez; com a mesma iluminação crescente das vezes que se seguiram. E foi então que de certa forma algo dentro de mim acordou. Na minha cabeça surgiram algumas certezas novas. Mas algo é certo: ainda sou o mesmo que pensou partir. Talvez apenas esteja de volta. E na ausência, descubro um porta que se abre sem deixar escapar frio: esperança. Começo a juntar pequenas peças, momentos passados, que unidos significam muito.
Neste momento tudo o que posso odiar sou eu mesmo. Mais ninguém tem culpa de nada a não ser eu. O ser humano pensa sempre que tem de pedir desculpa ou que lhe peçam desculpa...É um erro normal. Às vezes não é preciso nada disso. Às vezes temos de nos desculpar a nós mesmos. Ou esperar que o tempo nos faça querer de novo. Voltar a querer as peças que ficaram soltas por essa razão que deve ser percebida.
No primeiro texto não mencionei um pormenor importante, que só agora enriqueceu o meu ser. Um choque frontal temos várias vezes na vida...temos um metro e pouco de metal que se vai encolhendo até chegar a nós com um pouco menos de força.
Pensem nisso...Vivemos em choques frontais. Não é hora de sentir a força de um choque lateral? A força do impacto será muito mais forte...e única.

"Spiral out, keep going! Spiral out, keep going! (Going...going...)"