sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

-22 / 13,5 / 2013

A ironia e o sarcasmo andam de mãos dadas,
E ainda bem; não nos podem irritar,
Da mesma forma que o estalar do chicote
E a carne e a pele arrancada
gravou na alma mensagens a não esquecer,
Da mesma forma que a morte de alguém querido
deixa um espaço por preencher, até um reencontro,
 É esta a única forma com que podemos aprender.
E o dia de hoje não conseguiu não quebrar a excepção,
Já não se trata de colocar à prova, mas também
já não é tortura, é algo menor, talvez maior,
E mesmo que numa escala inferior, estás de pés
assentes num chão, de olhos na cama, mas afinal
falta algo. Como?
Dez segundos bastaram, e bastarão sempre.
Aliviado, com certeza, a liberdade tem este sabor?
Ou a falta, o descompletar, tem um paladar amargo
que nenhum alimento consegue disfarçar ou remover?

Por isso preferes que não te vejam,
poucos seriam capazes de compreender...apesar
de todos viverem da mesma maneira, mesmo
que mais devagar, mesmo que com menos intensidade,
mesmo passando sede, mesmo iludindo ou fingindo
não o ser.
Olhas para a cama...
O que é realmente nosso, esteja perdido ou longe ou roubado,
se for realmente nosso, para as nossas mãos volta.
Deixa que suavemente os teus lábios
reposem nessa ideia.