sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Ad unguem ( IX )

Um suspiro que esconde uma melodia,
do sentimento mais vivo
ao escurecer que traz a morte;
E do passado nada nasce, nada se multiplica,
E do futuro tudo se espera, nada se faz,
E a melodia escondida vai suspirando...

Nada consegue ser infinitamente estático
 - Fazemos parte deste todo que mexe, que roda,
que respira, que destrói aquilo que mais ama
e que odeia aquilo que jamais conseguirá destruir.

De olhos certos cravados na peça que vos completava
a existência, um suspiro vacilou, retomaste a respiração,
que farei deste momento? Não procuraste desculpas
carregadas de abstracto, de realidades inventadas;
Encontraste um sentimento retomado, depois de intensamente
saboreado, vivido, explorado, levado a um quase limite,
Sentiste, deste um passo a medo, mas verdadeiro,
Como se levantasses uma caixa à altura dos olhos
e os teus dedos já a estivessem a abrir, começando a mostrar o interior,
Agora é a vez do outro alguém suster-se no suspiro,
que farei deste momento? Com toda a perfeição
o passado e o futuro uniram-se, sorriram
e choraram juntos, e o presente ergueu-se
acima de todas as importâncias,
mas o Homem fraquessou,
e tudo morreu.

Cega é a procura pela utopia;
os passos são dados sem a preocupação
do que se pisa, de quem se pisa,
do que se deixa passar sem aproveitamento,
Dos erros, das vitórias, das histórias, da procura
mais pura dos mais simples segredos.

Não quero conseguir mais, e já não tento,
Mas talvez a cegueira seja o remédio
para essa vida que apelidaram de doença...
Decerto estou errado, mas para mim
a perfeição morreu de tédio.