domingo, 27 de junho de 2010

01:23


...objecto (...) que através de um processo estranho faz rodar dois pequenos ponteiros que regem o nosso tempo...

Batem as horas de um relógio de parede
antigo...
Deixou de dar as horas há muito tempo.
Sobra-lhe um pó que o veste
em todo o corpo.
Mas tocou.
E já é tarde.
Porque sinto que as horas começam a acabar?
Falta-me conseguir por esse relógio
antigo, de pó vestido, a funcionar.
Mas já é tarde
e sinto que as horas estão acabar.

Alguns queriam viver num espaço
sem tempo.
Sem uma morte para nos ceifar.
Queriam viver para sempre...
Não vos censuro. Mas eu prefiro
este tempo contado por alguém
que se vai consumindo.
E depois, consome-se o que sobra
do resto das nossas vidas,
desde o primeiro dia
até ao último.

São horas de agarrar a vida
porque a vida não espera por ninguém.
São horas de despertar.
São horas de colocar esse relógio parado
sujo de pó
a mexer os ponteiros.
E não interessa se as horas estão trocadas.
Porque existe sempre tempo para fazer
mais coisas
outras coisas,
o importante é não se estar parado,
nem desistir.
Não é por vocês,
é por mim.