segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Carta para "Jimmy"

Querido amigo,

Está na hora de voltar para casa. Quero, tal como tu, voltar a encontrar a face da estabilidade, mas não a quero voltar a perder de vista. Quero voltar para casa. Quero uma nova oportunidade de descobrir como fazer a diferença, quero voltar a sentir-me eu, o eu que me preenchia, o eu que eu gostava de ser. Escrevo-te esta carta por várias razões...Em primeiro lugar posso precisar da tua ajuda para voltar para casa. O caminho é difícil mas não é impossível, e talvez precise de alguém que me guie, pelo menos inicialmente. Estou cansado, um pouco impaciente, pedia-te então, que me guiasses o mais gentilmente possível. Pedia-te também, que fosses tornando a minha casa o mais acolhedora possível, para a minha chegada, que limpasses todos os detalhes, que a tornes como outrora espelho de alegria, conforto, e salubre. Todos os dias, desde há já algum tempo, sonho com este dia, o dia de regressar a casa. Pensar no sentimento que já senti, na sensação de estar completo, capaz de vencer todos os obstáculos, faz-me sorrir enquanto caminho para casa. Mas como sempre, a meta não é o desafio, o desafio está no caminhar, está no caminho. E está, como na maioria as pessoas não entendem, na: vontade de o caminhar.
Por isso meu caro amigo, vem em meu auxílio. Não sou de pedir favores a ninguém, apesar de estar sempre disponível para ajudar os outros. E está na hora de voltar para casa. Já tentei iluminar, salvar abismos de receberem mais um corpo, já amei e tentei amar, mas também já destruí. Dizemos sempre a quem está à nossa volta que somos diferentes dos outros...mas é mentira. Somos iguais aos outros, mas de forma diferente. Compreendes? Todos somos substituíveis, porque as almas são quase infinitas, e o ser humano, para o mal como para o bem, enquanto conseguir surpreender, tem uma chance de fazer a diferença. Mas descobri que não. Existe uma excepção, ou mais do que uma. Sabia que substituir alguém de família, alguém muito próximo e amado é impossível. Mas nunca acreditei sentir isto com alguém sem ser de sangue. Portanto meu amigo, aconteceu algo que raramente acontece: tive de engolir as minhas próprias palavras e arranjar uma solução para este problema. Por isso te escrevo esta carta.
Estou quase farto destas sombras, agradecia que caminhasses na minha direcção com essa luz bem alta, para que eu pudesse ver, e guiar-me para casa.

Obrigado, e até,

Diogo GTH
8 de Novembro de 2010