sábado, 31 de julho de 2010

Viagem sem retorno


Neste lugar agarrado ao chão
declino a oportunidade de ir mais além,
E não se trata de temer desilusão
tão pouco que alguém
me volte a fazer acreditar no Homem...
São raízes profundas nesta terra
que me fazem questionar o valor de cada passo.
Quando me disseram que aprender
é como subir algum tipo de serra
preferi não acreditar. Foi preciso morrer
para perceber que sou aquilo que sinto e aquilo que faço.

Estou vivo, não me entrego ao cansaço,
Mas todo o meu ser teve de entrar numa espiral
quase divina, exposta a uma realidade que não era a minha.
E foi preciso avançar, soltar-me e deixar-me ir...
E em poucos anos a metamorfose chegou, contemplou
a borboleta, as asas soltaram-se,
E mesmo sem renegar esse passado a borboleta
segue o seu caminho, seja ele qual for,
sem nunca voltar para trás...Porque atrás está algo
que não importa mais. Se conseguiu evoluir
retroceder seria uma mediocridade existencial...
Se consegue voar então não precisa mais do seu casulo.

E mesmo quando essa tempestade de aproxima,
trazendo com ela um apocalíptico clima,
A asas apenas abanam, sem nunca fechar,
E protegem: os orgãos mais importantes,
As pessoas que nunca nos deixaram de amar,
E todos os momentos que foram bons e marcantes.

Quanto mais nos agarrarmos às más cicatrizes
De todos os males da nossa vida expostos e sofridos
mais fundo
se enterram
essas ditas raízes...


(Não rimava desta forma há muito tempo...E apesar de gostar continuo a preferir o verso solto. Espero que gostem...)

Memórias rasgadas


"The hurt inside is fading this shit's gone way to far All this time I've been waiting oh I cannot grieve anymore For what's inside awaking You've taken everything and oh, I can not give anymore..." (Here to stay - Korn)


Cansou-se. A paciência tem limites.
E os que de paciência sofrem de escassez?
Este é o mundo que tenho
um mundo que respira porquês.
Um mundo que absorve tragédias...
É quase impossível segurar o
Homem com racionais rédeas.
São memórias rasgadas no Tempo
que conseguem perdurar...
Queimamos, corrigimos, afastamos,
mas as memórias mesmo rasgadas
conseguem manter-se vivas...conseguem
repetir-se.
Esta dor quase que vai desaparecendo,
Tudo o que fiz ultrapassou o lógico
o humano
o monstro,
Foi demasiado.
Posso segurar uma luz
ou terei de me contentar com uma vela?
Esta dor adormecida volta repentinamente
repetidamente...Que posso mais eu dar?
Terei de dizer: quase tudo.
Luto para sair deste luto em que o mundo
me deixou.
Nunca ninguém me poderá tirar tudo
pois eu apenas tenho pouco mais que nada,
É como se já tivesse quase nascido preparado
para este mundo,
onde os erros humanos se repetem ao longo
da História de forma similar.
Várias vezes...mais vezes...
Esta dor pode nunca passar
mas vai diminuindo...
E às vezes isso talvez baste...