terça-feira, 4 de novembro de 2008

Desprezo minucioso

Como salvar uma vida
De quem já possui
Raízes rasgadas da terra?
Enquanto caminho vou devagar
Porque vais a meu lado,
E esse lado, essa companhia
Não provem das cinzas de um sentimento.
Se fazes questão que te vejam
Cair faz também questão que te vejam
Levantar.
De que lado vieste tu
Que não te voltei a encontrar?
Por vezes corrida louca em
Direcção a tudo
Noutras em rota de colisão
Em direcção à terra.
Depois desse astuto desprezo
De como quem brinca às sombras
Percebi que estar errado
Foi a melhor coisa que já me aconteceu.
Não abrirei os braços
Para te estender conforto
Mas estenderei sempre a mão
Se isso evitar que caias no abismo.

Nunca te procurei
Mas tu apareceste.
Agora que te procuro
Esse minucioso desprezo
Que me vai aguardando
Deixa soltar um suspiro de perdão
Que envolto em vento vai dando tempo às
Raízes para curarem.
Como salvar uma vida
De quem já possui
Raízes rasgadas da terra?!

Quando o pano desce


Os aplausos abrandam,
Respiras fundo e pousas a máscara.
Na máscara que repousa
Repousam também as faces
Duramente aplicadas ao teu rosto
Que hoje, assim como em tantos outros dias,
Tiveste de usar.
Porque escolhes o caminho da direita
Quando é para a esquerda que queres virar?
Quando tiras a máscara
Cai o fardo das tuas costas,
Desaparece a espada que te encosta à parede,
Quando tiras a máscara
Apenas respiras alívio e satisfação.
Então para quê usá-la?
Temes uma mudança ao deita-la fora?

Um dia decides viver sem ela,
És feliz, todos vêem o teu rosto,
Aquilo que realmente és.
Uns gostam, outros não mas a vida é assim mesmo.

Mas nem só de felicidade vive o homem…
A pressão aumenta e a vida não é
Assim mesmo.
A ilusão da perfeição gosta de colorir
Este mundo mascarado.
E apesar de humano
O Homem é um ser programado.
Não sabes a razão
Mas sabes que fazes o mais correcto,
Reconstróis a máscara e voltas a coloca-la.
A vida é assim mesmo.
O pano levanta e ouves os aplausos.