domingo, 6 de março de 2011

Fragância a ópio



Uma poeira de sonhos que dança pelo ar...
Mas um vento diferente de tudo o que antes
foi sentido acalma a poeira, e ela suavamente
como que por magia, deixa-se repousar.
E é então que tudo brilha!,
tudo parece fazer sentido,
o passado desaparece e o futuro torna-se
inofensivo, e o presente é agarrado,
saboreado, e tornado único como um presente
à muito querido.
E os sonhos deixam de ser poeira,
passam a ser uma máquina a vapor sem limites
na procura da sua realização.
E todos à nossa volta parecem anjos,
e tudo é belo,
e tudo é de louvar...
E a nossa força é total.
E o nosso sono sorridente e tranquilo.
Desejo que tudo isto seja para...

Algo mudou. A minha saliva está quase seca,
e sobra-me nos lábios um gosto amargo;
Os meus olhos habituam-se agora a esta escuridão,
depois de tanto tempo forçarem luz.
Não consigo dormir!, não da forma calma de outrora,
os sonhos são desiguais, tristes, medonhos,
na maioria dos casos pesadelos...
E os anjos que comigo viviam?
Perdi-os? Já não mais consigo vê-los, para onde foram?
Tudo parece sombra, sombras,
ou fantasmas ou demónios,
e por muito que tente
nada desaparece mesmo quando fecho os olhos...
Perdi a força em cada membro do meu corpo,
e o meu coração bate por algo que nem sequer
é meu, que nem sequer é de ninguém.
E a minha razão já não pensa com clareza.
Desejo que tudo isto acabe já!

Não se deixem enganar pelo perfume,
porque nada disto vicia
e nada disto mata..