quarta-feira, 30 de março de 2011

As fases de uma face

Pelo terceiro olho

A face da estabilidade escondeu-se,
e sorri-me de olhos bem abertos
a face de uma loucura aproximadamente destrutiva.
Julguei por breves minutos
(no tempo longo da vida)
ter vislumbrado uma face com três olhos.
E haverá melhor certeza que o nosso
julgamento sincero e total? Como se o sentimento
valesse tudo neste mundo,
tentando colorir tudo isto de amor e ódio
desespero e desprezo?
Como é possível duas pessoas terem as mesmas
certezas, as mesmas sensações, o mesmo objectivo
mas agirem de maneira tão diferente?

Vi o teu rosto...num rosto desconhecido,
e olhei tanto tempo para ele,
pensando em todas semelhanças...mas não eras tu.
E todos os dias, algures em mim
algures nos outros
vejo-te. Umas vezes mais próxima, outras, talvez
mais reais: distante.
Quem odeia tem o caminho aberto para criar mais,
o sofrimento guia-nos em diferentes fases da mesma face,
mas quem ama...quem ama rodopia numa espiral,
e de forma assustada teme-se continuar a cair sem parar
da mesma forma que se teme cair finalmente no chão.
E este sorriso pobre
ou esta lágrima pouco preenchida
dizem-me por outras palavras
e outros actos
que a minha sentença
nestes sentimenos e nestas fases
é sentir em mim, e para sempre, a tua presença,
Sinto-o quando respiro, e quando olho o mundo...
e mesmo quando o olho com outros olhos.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Cegueira escolhida

Pelo terceiro olho
A benção nem todos pode beijar

com sorte ou esforço.

E se alguns conseguem nascer

com o terceiro olho aberto

à maioria os dois crescem fechados

como se a nossa vida fosse uma repetição de Édipo

(Quando somos nós a querer não mais ver).

E é na capacidade de se sair do corpo

e de viajar por onde não se conhece,

Na expansão do ser,

Criando o que mais ninguém criou

Melhorando o que já existe,

Na subtileza de captar experência

através das vivências

E de evoluir no conhecimento

ou transbordando no sentimento.

Vou rezando para que esta espiral

me valorize os sentidos,

Me tire os medos de supostos perigos,

E me prepare o corpo e alma para que seja aberto,

por fim, o terceiro olho.

domingo, 27 de março de 2011

Porque é engano

(apesar de tentar fazer algo um pouco diferente do habitual, a partir de um momento tão recente, - até onde me possam levar, é irónico ter encontrado essa diferença num estilo de escrita que já fazia parte do meu passado. E dentro da simplicidade, que comecei a odiar aos poucos por tentarem sempre torná-la complicada, consegui fazer isto. Neste estilo só existe uma conclusão: mais fácil e simples seria complicado. - Pelo terceiro olho)


Porque o engano é

um perigo certo a qualquer um.


E a melhor actuação

desabafada nesse palco chamado

mundo, dessa peça chamada vida,

não é conseguir demonstrar tristeza

quando a alma sorri,

é ser-se capaz de demonstrar alegria

quando a alma faz pouco mais

do que chorar.


Porque o engano é

um perigo certo a qualquer um.


E querer-se evitar não basta,

porque a fome é inconsciente,

E todo o sentimento que se arrasta

ao fim chega raramente...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Dream enough - Give me my third eye

...ás vezes esperar não é perder tempo, ás vezes perder tempo não é em vão.

As coisas não estão a melhorar em nada...(E um texto, para quem sabe a sensação de o perder, nunca volta a ser igual ao anterior.) Portanto, numa onda de positivismo (à qual me tornei céptico) vou pensar: se as coisas por alguma razão não deram; se perderam; se afastaram, a única razão é que para a próxima vai sair melhor. Óptimo.

(A) deixar que a vida faça o que faz de melhor: colocar-se no nosso caminho.


Se pudesse culpar mais alguém que não eu, ou o mundo, ou a vida, ou até mesmo Deus...Mas não posso. Porque tudo depende de mim, e agradeço somente que o preto e o cinzento sejam duas cores que combinam perfeitamente - talvez até alguém tenha pensado um pouco mais em mim; tenho de aguentar, seja de que forma for, ...
Tentando não saborear cada vez mais recordações, como se elas crescessem mesmo sem terem acontecido tanto, e pensando nelas como o mais puro dos fatais venenos, ... não que o sejam de facto, mas de que vale reviver na mente e querer reviver na vida se elas já se foram? Para nunca mais voltar? Sim...
nada.
Como se valesse mais a pena, só nesta vida, a amargura de desistir de um sonho, e de vários, do que sentir o doce de sonhar e de realizar...
...é como se fingisse esquecer qualquer sentimento, mais frágil, mais por dentro, ignorando qualquer essência mais bela que possa ser reancendida ou até criada, mesmo sem fé...mas não, aparece um monstro que não é desconhecido de mais ninguém, que respira no perfume alheio, e sorri na presença de carne humana, como se mais nada interessa-se.

Praying : open
MY THIRD EYE!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Telepatia ou amnésia


Não é por acaso que
me encontro aqui hoje:
separado do tempo
tão próximo da distância.
E tal como outros
filhos novos desta escuridão
tudo o que pedia era telepatia
ou um esforço conseguido de esquecimento.
Estamos gastos da espera
e vivemos numa calma desassossegada,
e a chama esconde-se
mesmo não estando apagada.
Fingidos nascidos na bondade...
Mas chega o dia em que a
caixa de Pandora abre,
e a calma, a força
e as tentativas morrem
dissolvendo a ilusão,
assim como ilude a paz
de uma bomba nuclear
até tocar no chão.

E já nada disto importa,
Porque vai morrendo a revolta,
E já não sei se depende de mim
escolher a hora em que tudo isto acaba...
Mas está tudo bem, porque o
mais triste é que neste silêncio vazio
e nesta sensação horrível
começo a sentir-me em casa.


[esta frase nada tem haver com o texto, mas achei interessante: "A coisa mais decepcionante ao aprender telepatia é descobrir quão entendiantes são as pessoas." (pertence à imagem: Magic the gathering)]

quarta-feira, 16 de março de 2011

Dead old heroes


"O tempo foi passando, e a terra mudou cem vezes de cara...nós? Nós continuamos aqui...de pé. Prontos a marchar...esta é a nossa história..." (Marcha dos Pinguins - Documentário)

"This may hurt a little but it's something you'll get used to..." (Stinkfist - Tool)

(Agora era rei...mas outrora foi guerreiro...o trono já era velho,
usado por muitos outros antes dele...
E a espada descansava, sossegada de mais, ali perto,
quase como que abandonada.
E nada o entristecia mais do que pensar
que aquela espada, ao contrário de outros tempos,
não provava sangue à muito tempo...)

Agora sentei-me um pouco,
distante do mundo que me fazem crer ser o que realmente interessa,
e posso parar e pensar um momento...
Agora parado é como se não tivesse nada para pensar,
e não fazer aquilo para que fui quase educado pelos outros
quase me deixa um vazio...
O que foi que me fizeram?
Para onde fui eu?

(Viver de glórias antigas é apenas um troféu sem sabor;
a nossa experiência serve de lição a quem vem a seguir,
o nosso nome fica gravado em livros, estátuas e imagens...
Mas bastará? Não para aquele que já foi guerreiro...
O verdadeiro guerreiro não pousa a espada,
porque pousá-la é desistir
e desistir de lutar
é morrer...)

Disseram-me para viver a vida...da mesma maneira que todos
os outros vivem. Mas a vida que levo já não deixa espaço
para ser vivida; e o tempo...o tempo não me ajuda,
é um inimigo forte, eu diria até invencivel.
E não tenho para onde ir,
e tudo o que me resta é sonhar
ir onde nunca mais ninguém foi...ir onde nunca ninguém
irá.

(Existe sempre mais; e o verdadeiro Homem sabe isso,
o coração é forte, e o músculo não é traiçoeiro,
e as lutas não se ganham ou perdem...lutam-se.
E desistir? Desistir não existe na nossa língua.
A nossa língua é a espada...e até que chegue o momento
em que nos ferem fatalmente, como se fosse fácil cortar
osso e músculo, deixando o sangue chamar a morte,
a nossa espada é vida...)

Este já não sou eu...não. Este é aquele que todos vós
pediste, moldaste...eu sou igual a vós,
não sou um guerreiro...e se luto não luto por aquilo que realmente quero...
Para onde fui...para onde?

(O rei levanta a espada. Existe uma última batalha a travar.
Ele sorri. A vida nunca lhe pareceu tão bela...
E o peso da armadura desaparece...está na hora de liderar,
por ele, pelo verdadeiro guerreiro dentro dele, pela sua chama,
pela sua alma, pela sua vida; e pela vida de todos os que estão com ele.
E quem está com ele só luta porque também tem chama acesa,
não é um rebanho, não, é uma força, é um todo,
é uma sintonia. É acreditar, é fazer, sem medo...
E se o medo aparecer, não é vergonha,
mas é preciso esmagá-lo, sem piedade, sem tremer.)

Desta forma não...
Leva-me para outrora...
E mata-me sem demora, com um movimento rápido
e indolor...
Estas algemas...se fossem só minhas suportava-as...
Mas não são...todos as têm presas nas mãos,
nos pés,
e nas asas...
A melodia da vida vai-se perdendo...
Somos nada,
e o silêncio magoa-me,
e nada cresceu, nada avançou...
Mas mais ninguém reparou...
Nunca ninguém repara.

(O rei levanta a espada para os céus. Ser rei agora significa
apenas uma coisa: gritar bem alto para que os que o seguem ouçam,
e incentivar todos os que vão lutar a seu lado.
A minha espada é a minha vida, e sem lutar
estou morto, sem a sorte de o estar de facto,
pois muitas são as histórias guardadas dentro deste corpo,
muitas as vitórias alcançadas,
e tudo porque nunca desisti, tudo porque não me limitei
a viver como os outros.
E se morrer a vosso lado, combatendo, morrerei feliz,
consciente que tudo fiz para ser diferente e conseguir...
Os Homens que virão muito depois de nós podem não saber isto,
mas todos vós, hoje, farão destas palavras o ensinamento dos vossos
filhos:
Coragem, força, medo vencido, amor,
persistência,
é assim o guerreiro da vida, o guerreiro que Deus deu à terra...
"Tirem-lhes TUDO!, mas não lhes dêem NADA!"
Pela chama da vida!
O rei aponta em direcção ao inimigo, e todos avançam
na certeza que o coração é o que mais vale,
e que as suas espadas, são a vida.)

E nem sempre o que resta é o silêncio frio...
Por vezes é apenas um coração gelado.

(frase entre aspas: 300 - filme)

domingo, 13 de março de 2011

(sem título)


Como posso não amar
o cheiro a queimado?!
Quando saboreio intensamente
pegar fogo às tuas palavras?
E vê-las sofrer, morrer
vezes sem conta, e voltar a morrer,
até não sobrar força ou sofrimento
que sustente um suspiro mais.

O que mais quero é ser destruído
por todos os erros que cometi
e por todos onde fui incluído.

Como podes ser absolvido
ou perdoado se não existiu crime
ou se não existe culpa?
É fingir não se estar ferido
escondendo a ferida
com um sorriso fingido
aguardando pelas carícias da vida...

Silêncio...nada se move,
nada respira...é como se o
infinito fosse sempre igual,
dormente e adormecido.

E somos esse lobo solitário,
escolhidos pelos outros
para proclamar a benção
de quem não caminha sozinho.

Rasga-me já as palavras.
Não te quero ver sofrer mais.

( Imagem : Metro do colégio militar - sete horas , silêncio e "paz"...)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Até quando?

"It's not a matter of luck, it's just a matter of time.." (Edge of the earth - 30stm)

Até quando se deixa arrastar o tempo...
Queria acreditar que a sorte
é tão forte como a morte, capaz de alterar,
mas esperá-la...E ensinam-me, e ensina-me a experiência,
ensina-me este silêncio frio, que tudo o que resta é esperar.
E queremos que tudo mude, e queremos mudar,
e queremos mais, e exigimos uma vingança qualquer,
mas contra quem? E porquê?

Vou guardando pedaços...e quando descubro
que talvez alguma coisa faz sentido
os pedaços separam-se...E não importa sentir que
já foram um só...porque nada disto interessa...
E nada disto tem valor, nem história, nem futuro.
E quando nada faz mudar nada
de que vale viver?

É no tempo que mais não consigo esperar
ou nessa ausência de sorte ou fanatismo de azar
que me apercebo
que estou trancado por dentro
sem que consigam por mim entrar...
Até quando?

domingo, 6 de março de 2011

Fragância a ópio



Uma poeira de sonhos que dança pelo ar...
Mas um vento diferente de tudo o que antes
foi sentido acalma a poeira, e ela suavamente
como que por magia, deixa-se repousar.
E é então que tudo brilha!,
tudo parece fazer sentido,
o passado desaparece e o futuro torna-se
inofensivo, e o presente é agarrado,
saboreado, e tornado único como um presente
à muito querido.
E os sonhos deixam de ser poeira,
passam a ser uma máquina a vapor sem limites
na procura da sua realização.
E todos à nossa volta parecem anjos,
e tudo é belo,
e tudo é de louvar...
E a nossa força é total.
E o nosso sono sorridente e tranquilo.
Desejo que tudo isto seja para...

Algo mudou. A minha saliva está quase seca,
e sobra-me nos lábios um gosto amargo;
Os meus olhos habituam-se agora a esta escuridão,
depois de tanto tempo forçarem luz.
Não consigo dormir!, não da forma calma de outrora,
os sonhos são desiguais, tristes, medonhos,
na maioria dos casos pesadelos...
E os anjos que comigo viviam?
Perdi-os? Já não mais consigo vê-los, para onde foram?
Tudo parece sombra, sombras,
ou fantasmas ou demónios,
e por muito que tente
nada desaparece mesmo quando fecho os olhos...
Perdi a força em cada membro do meu corpo,
e o meu coração bate por algo que nem sequer
é meu, que nem sequer é de ninguém.
E a minha razão já não pensa com clareza.
Desejo que tudo isto acabe já!

Não se deixem enganar pelo perfume,
porque nada disto vicia
e nada disto mata..

sexta-feira, 4 de março de 2011

Alucinação da verdade

Frases que não são nossas...mas é como se fossem:

- Talvez seja outra coisa que teme?
- Que quer dizer?
- Tenho que explicar?
- Seria possível impedi-lo?
- É óbvio que não é o avião que teme. Conheço o seu tipo.
- E que tipo é esse?
- Tem medo de viver. Viver realmente.
- Oh, meu Deus.
- Tem medo da vida. Tem medo do amor. Tem medo do sexo.

Carlos da Maia e Ega contemplam Lisboa passados dez anos...parece impossível, e demasiado triste para ser verdade, mas é: está tudo na mesma, nada mudou. Os edíficios projectam no chão a mesma sombra, as pessoas caminham iguais nas pedras da calçada que parece que nada acrescentaram à sua história nestes dez anos que passaram. Lisboa ao contrário do mundo em redor que fez por evoluir (com sucesso) está na mesma. Carlos acende uma cigarret. Reflectem de forma melancólica...sempre se disseram realistas, cientístas, racionais...mas a verdade? A verdade é são realmente românticos. Mesmo depois de tudo o que viveram, de tudo o que sofreram, devido a outrem, o amor talvez valha sempre...sobre tudo. E é isso que o homem é, na sua verdadeira essência, não obstante as máscaras ou os valores que cultiva, um romântico...

-Já sentiu que se tornou a pior versão de si própria? Que uma caixa de Pandora com todos os seus defeitos...está aberta.

Vou compreendendo que máquina que comanda a vida é o sentimento...

Quem tem vergonha do que sente perde sempre e nunca ganha...


[Filme: French Kiss; Reconstituição d'Os Mais; Filme: You've got a mail; Música: Fado Vadio (2)]

quarta-feira, 2 de março de 2011

Mais perto

Quem és?
Alguém que não queria ser.

Uma gota de esperança cai amortecida
nesta existência.
Esta era uma terra que já esperava anciosa
por sementes; esta terra sossegou
e sonhou, estava preparada para ser fértil.
A terra repousa mais um pouco...
Um pouco mais árida.
É demasiado sol, é muito calor,
e é a chuva, e o vento,
destruição total de uma colheita
de sementes que ainda nem sequer foram plantadas
nem cresceram.
Mais próximo do que aquilo que eu queria
mais longíquo do que aquilo que esperavam
uma semente é lançada aos ventos
na esperança de aterrar em solo tão esperado.
Podem esperar...
Continuem a esperar.
Um dia tudo morre
e nada mais resta que o silêncio
preenchido de ecos que ficaram por gritar.
Mas esperem mais um pouco...
Continuem a esperar.