domingo, 29 de julho de 2012

depois da Madrugada

' Há algo de desesperante na solidão, na dormência.
Algo de inevitabilidade no vazio que ecoa cá dentro.
Nas palavras que ardem como se o sol me ferisse o
Coração. Que nunca vão, porque são a realidade
. ' JH

estrelas que retiram ao céu a monotonia das trevas,
céu esse, reflexo interior de almas negras
sem estrelas que lhes dêem brilho.
na noite o único conforto é o sonho
e o desejo do milagre humano ou divino
trazer um sentimento diferente no dia seguinte.
E o dia vem, vem sempre, até deixar de vir,
mas nada muda, tudo está igual, tudo está pior,
a rotina crava-se na coluna vertebral -
controlando todos os gestos, todos os movimentos,
Cala o cérebro, cala os pensamentos, os ditos
e não ditos. E o vazio não chega, porque já cá estava,
e fica, continua a ficar, porque a madrugada
é calma. Um pesadelo que dura até ao noite cair
só para que haja espaço para o sonho sonhar - ilusões.
O avanço poderia ser cego, mas não há avanço,
os ponteiros rodam, acrescentando sempre mais tempo,
o tempo que já não volta; mas não faz mal, nada se perdeu,
porque durante todo esse tempo nada se ganhou.
Uns avançam, para não recuar, uns recuam só para
ganhar balanço. Todos olham o sol que se esconde,
de esperança na mão. Amanhã será um novo dia,
mas um dia igual. Espera, escuta e olha, ouve
e fala, deseja e faz...a mentira do resto ficará responsável,
pelas feridas, suores frios, silêncios frios, espaços vazios
dentro de algo que devia estar sempre a evoluir.
O dia nasce...vive, morre ou perde-te.