quarta-feira, 4 de junho de 2014

monstruosa fome honesta

...insaciado,
a pancada da mão na parede áspera
deixa a ilusão num estado de espera
Réstias de pele deixam-se ficar na mármore,
E pequenas gotas de água escorrem por entre os dedos.
Miserável injustiça, o ser humano diz-se em constante evolução,
Mas a gargalhada fria e castiça é a minha resposta a essa errada afirmação;
Essa honesta falsidade destroí-me as mais profundas entranhas,

Por entre ruas, das mais puras às mais imundas,
Tudo o que consigo respirar são cheiros de características estranhas.
Interrogações, por entre aspas e pontos finais; a exclamação é o pão
diário que alimenta as mentes banais...
Sempre preferi reticências, silenciosas entre gritos de euforia e tristeza,
abalando as caves escondidas desta terra.

Este terceiro olho não dorme,
Incansável, indestrutível, inabalável,
Horrível é a voz que desarma os que mais têm fome,
Sacode-s'alma por entre pesos e sacríficios,
atritos infindáveis em espirais que fingem sofrer mutações,
São as mais belas tristezas gravadas em canções.

Feras obrigadas a viver entre grades,
Criaturas embora mais mortas, soltas por essas pedras da calçada,
Que vivem apenas para não estarem mortas...
A gargalhada morre por entre olhares vazios de quem se julga acima, de quem
só pensa bem julgar,
E a fome não termina,
E os monstros ficam por se saciar.