sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"Us"

Ter-se consciência é demência...
Ter-se esperança é ingenuidade.
Louvados os que sabiam que o fogo queimava sem ter que se queimar primeiro...

Já deram por vocês a falar ou a pensar no plural? Nós isto, nós aquilo? Depois dá-se um momento parado no tempo, desenvolve-se um silêncio, e chegamos à conclusão certa de que estamos sozinhos. Apenas sozinhos. Não interessa se foi passado, se é um inventado presente, ou um desejado futuro...Somos nós e uma palavra: "nós". Não interessa o sentimento com que é dito ou pensado, porque a razão é esmagadora e sincera: não há um "nós". Sou eu sozinho. És tu sozinho. Já repararam como as músicas e os filmes que ouvimos e vemos atingem-nos apenas por duas razões? Ou por reflectirem a triste verdade da nossa vida, ou porque fazem crescer em nós uma nostalgia de vontade e de sorrisos por algo que não temos...é um sonho acrescentado, que é alimentado durante esse tempo apenas, porque depois, acordada esta consciência, tudo o que sobra é uma pequena ou imensa tristeza.
No que toca ao sentimento nada se vai alterar...e na nossa maneira de agir também não. Por momentos queremos acreditar que sim, e em casos mais belos, tenta-se até...Até que nada mais se avança ou se modifica. Estas espirais entram na nossa vida. Em casos raros entram e deixam cá dentro alguma coisa. E essas coisas quando de facto entram fazem com que exista modificações multi-sentidos. Mas é tão raro...Meu Deus, como é raro.

Por favor vê o filme...Sim já sei. Pela narração que me fizeram depressa cheguei à conclusão que não o queria ver...Aquele filme era demasiadamente parecido com a minha vida. E isso, tristemente, não me agradava. Mas vai fazer-te bem, vais ver. Sim já sei. Ganhei "coragem", como se tentasse vencer algum tipo de fantasma que não só me afectava por fora mas também por dentro...Sim, vou ver o filme. E o filme começa a dar...e uma das primeiras frases, logo assim para matar qualquer esperança de um final feliz (pelo menos um final feliz como a maioria das pessoas deseja ver - pelas razões infantis e sonhadoras de ser o que desejavamos se fossem aquelas as nossas vidas, a nossa história): Esta não é uma história de amor, é uma história sobre amor. E eu estava certo. Por muito que às vezes tentemos forçar gargalhas ou lágrimas elas não aparecem, e depois, quando menos se espera, quando chega aquele momento "certo"; que todos dizem que acabará por chegar, as coisas apenas acontecem...mas não se iludam, isto dá-se tanto para as coisas boas como más. Portanto, sem querer, mesmo que muito ao de leve, uma lágrima, muito pequena, apareceu no canto superior esquerdo e direito...Se vissem um filme com outras personagens, que não com vocês, com uma história muito próxima da vossa, como se sentiriam? Sentiriam aquilo que todos sentimos...noutros filmes, noutras músicas, noutros livros...
Aprendemos algo? Umas vezes sim, outras não. Estas coisas todas fazem-nos bem? Outras vezes sim, outras vezes não.
Talvez neste mundo não valha de nada tentar ir mais longe, perfurar solos até se encontrar algo; talvez procurar respostas seja só uma desculpa para se fazerem perguntas, e fazerem-se perguntas uma forma de se parecer interessado em viver. Não importa o que eu diga neste momento sobre todos estes assuntos, e tão pouco importa estar certo ou errado...porque a verdade é que todas estas "coisas" que mexem ou fingem mexer connosco são contagiosas...são viciantes, e até chegar a altura de as deixarmos de ouvir e ver pelas razões "erradas" (sonhar com elas, sendo elas alheias) e começarmos a ver nelas um reflexo belo daquilo que somos e daquilo que fazemos. É assim, isto tudo, um pouco disto, um pouco daquilo, um pouco de nada e um pouco de tudo...a capacidade para abraçar o abstracto e o concreto ao mesmo tempo; é saber que somos seres humanos, mas reflectir quantos são os momentos em que realmente agimos como tal.
Uuuhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh uhhhhhhhhhhhhhhhhh...
Alguns viverão felizes, como poucos outros: Poderiam ter feito uma estátua nossa; poderiam, mas aqui estamos, NÓS, sem ela, no apogeu do sentimento e da razão da vida. Outros viverão na tristeza do sonho, cantando: Fizeram uma estátua nossa...de "nós".
E mesmo fingindo aspirar mais longe, e entrar em sítios impossíveis, a verdade é que tudo o que eu sou é decadência, a curto e a médio prazo, e deixo-me ser assim, para já nada posso mais fazer; no entanto, não queria de deixar passar esta frase que todos os dias se depara à minha frente, e pela qual ainda vou nutrindo sentimentos, da mesma forma que todos vós ao ver filmes, ou ouvindo músicas, ou lendo livros. E a frase é:

Ser tudo o que podemos ser. Porque não? (Publicidade Oliveira da Serra - azeite)

Porque não?