sábado, 31 de março de 2012

sacrificial lamb

Um grande sacrifício por um bem (tão) menor.

Tanto por tão pouco, envelhece o sol
só depois de muito tempo;
As memórias foram rasgadas,
escolhidas para serem perdidas,
talvez alguém as esqueça.
Dança a dor, em forma de serpente,
serpenteando cada membro do corpo humano,
até chegar à boca...
a Morte é o fim, e nada mais resta,
só por hoje, só para sempre.
Chega à boca, finge fugir para fora
do alcance, Porque o controlo dos
pensamentos não é nosso,
porque o coração engana
o inocente e o culpado.

Poderás deixar tudo para trás? Porque
não podes lá voltar, nunca mais...
Tem de ser deixado, mesmo não se
podendo voltar.
Existirá desta vez uma terceira
face da moeda? um Terceiro olho?
uma aresta na esfera?

Porque é só isso,
pequena obra prima, como tantas outras,
só que única, desde sempre até sempre
perfeita... e Não é só agora, depois
de tanto e de tão pouco, sem felicidade aplicada
à realidade, que penso assim.

Mais perto, onde o perfume magoa
os olhos de tanta loucura,
onde o sangue atinge a seiva
da árvore com a raiz mais profunda.
a faca desce, - verdades dessas,
certezas pouco provadas ou incompletas,
são um ferir rápido, são um ferir fácil,
estou onde estou, não onde devo estar,
como outro, como outrora,
Preciosa Criatura Sacrificada - Por Um Bem - Menor.

sábado, 17 de março de 2012

o Outro deus


a felicidade acaba agora e nunca.

um machado rasga os céus,
talvez ainda seja cedo para chorar
pelas ruínas que tardam em ruir.
Esse dia em que o sol encaixa
perfeitamente na lua,
em que o ego é moldado
à força dos outros,
esmagado por um martelo
tão diferente...como se tudo isto
fosse obra das mãos de outro Homem.
Mas não há outro Homem.
Uma fonte brota os fluídos mais puros,
desde o suor ao sangue, à água,
escasseia o odor da esperança,
pela fome de um último suspiro
semeiam à pressa sentimentos em terras
áridas, em terras mais verdes,
mas a tempestade levará tudo.
É a luz, é o medo,
é a criatura mais tímida a dar
os primeiros passos,
de um lado uma espiral
do outro uma Caixa,
qual é a escolha final?
Entre ter tudo o que sempre se quis,
Ou vacilar sobre a verdadeira conquista.
Até que o tempo congele
é marcado a lâminas
uma frase na pele
que nos faça lembrar:
amar é errado caminho.
Queremos ser mais pequenos,
de alma resguardada, rosto escondido
à sombra da escuridão.
os olhos nada dizem, já se habituaram
a este ambiente.
são titãs e deuses numa luta de Eras,
com Homens a brincar
na mesma força de Deus.
Tanto engano. Tamanho engano.
Tanto empenho por nada. Que se esgote
a vida por tanto nada; que se festeje a morte,
São as nossas vidas, é a nossa vida,
é o ranger, é o rugir, da verdade que paira
à nossa volta, tudo reflexo
de um deus de dentro.

quarta-feira, 7 de março de 2012

do Sol

na dura entrega à luta
pelo nascimento da criança,
foi o despertar das trevas;
donde sonhos e expectativas
passaram a derrotas e apatias,
sem nunca dar luta, oferecendo sempre tréguas.

na dura balança,
onde a evolução não avança nem cresce,
onde a frustração pesa de mais
pois a perfeição é algo que não se alcança.
E o movimento fica preso e parado,
o medo sufoca o possível, o que sempre foi possível,
por uma lava que corre nas veias de cada orgão
por uma alma que não tem descanso
mas que nunca se cansa.

Não importa o calor que aquece as três faces
da moeda; o frio que invade por de baixo da pele
que penetra carne e atinge o imaterial,
é um amar sem verdadeira entrega
nem sequer é amor,
é um matar sem consciência mas com rancor,
nem sequer é morte.
Afastar o sol ou abraça-lo
é tudo o mesmo;
é escolher entre o horror sincero das trevas
ou o verdadeiro queimar intenso
que para com a destruição não dá tréguas.
Nasce o dia.

terça-feira, 6 de março de 2012

a Chuva

Uma tempestade mental faz
pensamentos embaterem em pensamentos,
No céu as nuvens combatem por encontrar
um espaço onde possam viver sozinhas,

mas as nuvens não foram feitas para estar sozinhas,
e os pensamentos combatem, gritam até que um e só um
se eleve, se torne melhor que todos os outros...mas todos
gritam.
E no céu é libertado o trovão e o relâmpago,
anunciando todo um silêncio, uma paz ansiosa
que se propaga...

Uma gota de lágrima rasga o olho.
E esse frio cresce, estás deveras vivo,
demónios tocam a mão esquerda, tentam subir
e os anjos acariciam os dedos da mão direita.
Todos ao mesmo tempo, no presente,
do futuro ao passado, do que foi ao que podia ter sido,
ao que é.
O olho rasga-se. Escorre pela face.
Desce do céu até ao chão, até à janela
até ao cabelo.
Começa a chover.