sábado, 30 de maio de 2009

Sentado no desespero ( dois )


Continuo a acreditar que sim.

Às vezes vejo cores que não me interessam,
Como rostos que brilham nas ruas por onde passo,
Evitá-los seria desassossego, confrontá-los seria
perder o medo.
Vida única, fisicamente falando, tentando elevar
a minha pessoa, à procura de tudo aquilo que não vem,
Esperando quem me ama e quem me odeia também.

O som do frio aparece devagar,
Vejo-o ao longe, sentado no seu desespero,
Tão belo, tão melancólico, tão profundamente inútil.

Agarro a esperança como se nao me restasse mais nada,
E vivo feliz nesta procura que se vai dissipando.
Agarro a verdade como se não existisse mentira,
ou desilusão, ou perfeição...
Grito, porque não me basta sussurrar,
Não me basta escrever ou falar, ou fingir que estou calado,
Grito porque tenho de gritar,
Enquanto grito sinto que estou vivo
Que estou onde posso, que sou eu no meu devido lugar.
E porque enquanto grito tu ouves-me
e mesmo já rouco, sem voz, é algo pelo qual
vale a pena lutar.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Black angel, terceira e última parte, o vôo


I know the pieces fit cause I watched them fall away...(Tool)

Tudo o que sempre te faltou, pequeno pedaço de céu,
Foi a coragem pequena e mais do que suficiente,
Para cortar a corda que te amarra as asas,
Sentires o vento na cara, e sem pressa de viver tarde de mais,
Abrires asas, e finalmente, voar.
Mas às vezes a força é tão pouca, mesmo quando devemos
ser mais fortes, e foge-nos a vida, o destino, a certeza,
Feitos de pó, eterno pedaço de poeira, à procura...
Porque tu sabes que as peças encaixam, que tudo tem um sentido,
Mas não neste momento, viste-as separarem-se, cairem no chão...
E tu olhas para mim, triste olhar sem amor, na espera da calma,
Sorrindo na esperança vã que te peça para me soltares,
Para me mostrares cores ainda não absorvidas pelo meu ser,
Filosofias tão futéis que me saberiam tão bem...
Cansas-te finalmente da espera, dessa chuva de ilusão
que te escorre pela cara, quando o doce das lágrimas
se mistura com aquilo que o mundo te devolve...
Sabes que és bela e que tens espaço para voar
Apenas te falta algo...Mas esse algo volta sempre,
Possivelmente quando menos se espera.

Soltas finalmente as asas, destróis os grilhões que
te prendiam e que já faziam parte de ti,
Esmagas o pesadelo, vives o teu sonho,
E finalmente, passado tanto tempo, começas...a voar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um ano de blog - Agradecimentos e tudo o mais

Psicologicamente posso considerar um ano de blog. Só o criei em Julho mas muita coisa já estava escrita antes disso, esperava apenas uma oportunidade para a divulgar.
Nesse ano que passou mudou muita coisa. Os textos acabam por acompanhar parte dela. Influências exteriores de todos os genéros moldaram a minha escrita. Uns melhores, outros piores, mas a vida é isso mesmo, e o que se pode tirar desses momentos é o melhor, e o melhor que tirei deles foi passa-los para o papel. Dessa forma tentei dar ao mau uma cor mais bela.
O que posso dizer mais? Foi um ano produtivo em termos de textos, espero que o próximo seja ainda melhor. Que nunca me falte a inspiração, e, se faltar, que volte depressa. Agradecer a quem fez parte dela, nas coisas boas e más, agradecer às músicas que me inspiraram a fazer algo melhor ( Tool, A Perfect Circle, Nirvana, e sons mais solitários).
E agora dois especiais agradecimentos:
Em primeiro lugar agradecer a quem me colocou neste mundo aberto a todos. Obrigado. Se algo fizer de belo que possa ser contemplado e reflectido foi graças a ti.
Em segundo lugar, agradecer a três pessoas que têm lido e comentado este blog:
Joana Garcia (minha querida irmã, que também tem um blog interessante), Ana Sofia Covas (amiga de longa data, agora mais afastada devido às condicionantes da vida, detentora também ela de um blog genialmente belo e interessante) e à Liliana Girão (também ela com um blog muito bom). Agradeço também a todos os que leram mas que não comentaram. Não preciso de ser comentado, apenas lido. Se sentirem algo, já é menos algo que me atormenta.
Por fim deixo aqui os links dos meus poemas preferidos de 2008. E não querendo ser arrogante, a verdade é que queria colocar muitos mais, mas esta lista possivelmente já não muita lógica de ser, portanto, ficam apenas estes.

http://versologista.blogspot.com/2008/07/auto-destruio-descritivaa-questo.html
http://versologista.blogspot.com/2008/07/pequenos-deuses.html
http://versologista.blogspot.com/2008/09/coisas-pequenas.html
http://versologista.blogspot.com/2008/10/humanador.html
http://versologista.blogspot.com/2008/10/fragmento-do-ser.html
http://versologista.blogspot.com/2008/10/psicanlise.html
http://versologista.blogspot.com/2008/11/desprezo-minucioso.html
http://versologista.blogspot.com/2008/11/cano-do-tempo.html
http://versologista.blogspot.com/2008/11/cocktail.html
http://versologista.blogspot.com/2008/12/sentado-ao-lado-de-um-fantasma-teu.html
http://versologista.blogspot.com/2008/12/balada-ao-segundo-sentido.html
http://versologista.blogspot.com/2008/12/rush_22.html
(é engraçado perceber porque só escolhi poesias...ainda estou para perceber o que tenho eu contra a prosa...mas a resposta é simples: simplesmente não tenho jeito, mesmo tentando fingir ter.)

Não podia acabar este texto em tom de comemoração sem dar um ar de sábia graça, muito ao estilo de frase cliché, de mestre de cabelos brancos dos filmes:
Nunca guardem para dentro!Nunca...Cuspam, vomitem, chorem, falem ou escrevam. Nunca guardem para dentro, mesmo quando parece que pertence ao interior. Engolir engorda. Deitem tudo cá para fora. Falem com uma pessoa, com várias, ou escrevam...mas não guardem.

Mais uma vez, obrigado,
Diogo Garcia Tavares Henriques

sábado, 23 de maio de 2009

Aquilo que somos...ou não?

Esta música é para mim uma espécie de monstro revelado. Algo que reflecte o sentimento mais triste que penso ser muitas vezes comum aos ser humanos. Odiar e amar ao mesmo tempo, sem se saber porquê. Seguir o amor até às últimas consequências ou ser-se para sempre frustado. É uma letra que me faz sorrir como me faz ficar deprimido, que me chega a dar vontade de chorar. Por outro faz-me pensar, querer ser diferente.
As músicas são assim...outras vezes não.
Por isso partilho, aqui no meu blog, uma música dos Tool. Já os tenho usado como ajuda para justificar pensamentos, hoje uso-os para tentar justificar uma natureza humana. Que sirva de reflexão para o que estão no escuro, que seja uma salvação para quem procura sair dele.
Sei que não quero dormir para sempre, mesmo sabendo que muitas vezes não me sinto totalmente acordado.
Esta música eleva-me a alma, assim como me coloca debaixo do desespero.
Espero que gostem...

(Sober - Tool)

Theres a shadow just behind me. shrouding every step I take.
Making every promise empty. hurting everyone around me.
Waiting like a stalking butler, who upon the finger rests.
Murder now the path of must we, just because the son has come.

(...)

Why cant we not be sober? I just want to start this over.
Why cant we drink forever? I just want to start this over.

I am just a worthless liar. I am just an imbecile.
I will only complicate you. trust in me and fall as well.
I will find a center in you. I will chew it up and leave.
I will work to elevate you, just enough to bring you down.

(...)

I want what I want...
I want what I want...
I want what I want...
I want what I want...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Fisionomia de algo sem corpo


Um dia viro-te as costas, como se não sobrasse mais nada.
Pedra sobre pedra, pó na luz, olhos que pairam no ar
Sem corpo, sem rosto, sem luz no olhar.
Deixei o meu antigo eu numa caixa sem lugar,
Vivida por alegres melodias tornadas agora obscuras,
Um sismo na minha alma, uma revolução quase iluminada.
Sou servo da poesia como sou da morte,
Rei no meu próprio reino, enquanto respiro
Agradeço à sorte, enquanto reinar agradeço aos céus.
Transpiro necessidade como transpiro sensação,
A vida é para mim uma ponte
Entre aquilo que quero e aquilo que não me dão.

Um dia viro-te as costas, como se não restasse mais nada!
E serei eu mesmo aquilo que sou! Forte fraqueza sem receio!
Corpo que arde debaixo de àgua! Uma vida humana!
Fusão de animal ou deus e sou criado!
Olhos cor-de-raiva faícas na vossa luz escura, palavras são
Palavras, cabe me a mim colocá-las no lugar certo!
Durmo enquanto estou acordado, para vos poder seguir
Com o meu olhar!
Confia em mim enquanto aqui estou, mais cedo ou mais tarde
Todos se cansam, todos se desiludem, todos morrem, agarra-me!
Agarra-me! Vives tu debaixo de que céu pesado?

Cansei-me...Estou à espera de ser criança.
De acordar sorrindo, convecencido que a minha vida
Será para sempre brincar...
Estou cansado...E o meu sonho acaba tarde...
A luz do teu sol nunca mais se aproxima,
E por isso mesmo a moleza por mim dentro invade.
Não quero que tudo isto acabe,
Quero que tudo isto simplesmente continue...
Às vezes peço tão pouco que recebo mais nada.
Fisionomia de algo sem corpo...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Levado pelas palavras que nada significam

Possivelmente o poema mais triste que alguma vez escrevi. Porquê? Apeteceu-me.
São palavras que nada significam até serem sentidas. Não o desejo a ninguém.


I am just the worst lier...I am just an imbecile.

Nada significo na minha vontade, no suspiro que te revelo,
Significado pobre nas palavras que escrevo,
Asas brancas, sorriso brando tornado pesadelo.
Não posso ser mais, quero e consigo, mas não vou fazê-lo...
Não queria dizê-lo, e por isso o silêncio é o meu selo.
Selado por chaves que não me pertencem,
Esperado por pessoas que me desconhecem e que aguardam
O erro mais básico, a resposta mais sensata, a mentira.
Firo o meu ser com ideias de dor, pedaços que quebram
Este retiro tão saudável...
Já não espero, já não sonho, espero-vos num lugar bem diferente.
Quero o que quero e nem tudo posso ter,
Nem o nada, o que mais quero ninguém me pode dar,
É uma alma que não tem sossego.
Já deixei de ser cego aos sinais dos caminhos,
E aprecio cada pôr do sol, como se não existisse o
Próximo levantar do sol...

Não guio rebanhos, mas tão pouco sou guiado.
Descobri que as doenças nos fazem dar valor à vida,
Que a partida dos outros nos faz lamentar,
Que vivemos enquanto todos morrem e ao vê-los morrer
Queremos viver mais, dizer mais, ser muito mais.
Triste destino que nos aguarda, esperar até que aconteça algo.
Porque até lá nada fazemos.
Olhos fechados, de criança adormecida,
Numa pausa dormente, à espera da pessoa assim escolhida.

Sim, eu gosto de viver.
Sim, eu gosto de viver.
Ao escrever reflicto para outros as palavras de ninguém.
Enquanto as escrevo, estou vivo.

Não sou circulo, não sou aresta, não sou ciência.
Não sou romântico espelho da antiguidade,
Não sou ideia renovada a cada passo,
Sou aquilo que sou e aquilo que faço,
E aquilo que faço para mim não tem preço.

Gostava de poder sonhar mais alto.
Não uso o rancor como uma coroa,
Tão pouco procuro ser igual.

Com olhos de quem teme, é assim que olho o mundo,
Eterno vagabundo entre linhas, frases que me merecem,
Louco prosador até a hora da demora,
Sou louco, poeta que escreve, até ficar rouco.
E se penso em voz alta é porque quero partilhar,
E que dá o que pode, à sua maneira, já é de louvar.

Acabo estas linhas de forma quase desesperada,
Quero dizer tanto mas a lingua está parada,
E fico mudo nesta realidade aparente,
Fingindo que sou pessoa, fingindo não ser gente,
Olhando o mundo nos olhos
Mesmo nele já não sendo crente.
Fingindo amar, mas amar como quem mente,
Mentindo de maneira fácil, muito facilmente,
Querendo chegar mais longe e arrebatar sensações
Quando esta alma já nem sequer sente...

Aqui jaz ninguém.

23:19

Anjos e demónios - pequena segunda parte

Vi hoje nas noticias da RTP1 uma noticia deveras interessante. E fez-me "sorrir" na altura por uma simples razão, as brincadeiras (sinais para alguns, sorte para outros, coincidência ainda para outros) que Deus tem para comigo.
Disse uma vez a uma pessoa, que para mim, Deus manifestava-se em coisas mininusculas, pequenas ondas num lago, que mais cedo ou mais tarde acabam por chegar à margem. Claro está que cada um vive à sua maneira e possivelmente nestas conversas de assuntos mais complexos e subjectivos temos sempre vários resultados possiveis. Mas o que realmente teve graça foi ter escrito há apenas alguns dias um texto anti-católico-fanático-hipócrita (e na minha opinião mais de noventa por cento da Igreja Católica) e logo hoje, no conforto da minha refeição encontro esta noticia:

http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=20&visual=9&tm=7&t=Abuso-de-criancas-na-Irlanda.rtp&article=221229

Trata-se pois de milhares de crianças irlandesas que viviam em colégios de apenas padres e freiras, que foram abusados fisicamente e psicologicamente durante anos.
Dir-me-ão : Diogo, então mas isso nada tem haver com a Igreja Católica, essas pessoas não fizeram isso em nome da Igreja... Pois não. É verdade. Também mau seria se assim fosse. Seria engraçado tentar processar o Vaticano. Mas no entanto, eram pessoas que seguem a mesma religião, pessoas que batem no peito e que pedem perdão como a maioria da vossa gente, que diz seguir os mandamentos de um homem que foi genial à sua maneira, quando fazem exactamente o oposto. O perigo desta gente é ter mais de duas caras e fingir ser algo quando na verdade, ao virar-mos as costas mostram a sua verdadeira identidade.

Como é óbvio, e só para terminar este desabafo, o Vaticano não se quis pronunciar sobre o assunto.
"Esforça-te que eu te ajudarei..." Vocês em nada se esforçam, mas mesmo assim ainda conseguem alguma ajuda.
Estranha é a vida. Estranhos são vocês.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Aproximação - Apologia inventada

Raramente escrevo dois textos no mesmo dia...a menos que exista necessidade em contrário. Quando assim é, que mais podemos fazer? Escrever. E às vezes tendo o sentimento no auge e uma música que puxa por ele...Está tudo encaminhado para tal.
Já tentei várias vezes coordenar poesia com prosa, não sei até que ponto tive sucesso, mas vou tentar outra vez.


Na vida são inúmeros os momentos que valem a pena ser recordados e vividos. Dizer infinitos seria exagerar, dado que não somos eternos (pelo menos fisicamente). Eu diria incontáveis.
Sorrio entre eles, os muitos que são...Concordaram comigo, nalguns com certeza:
Fazer sorrir outra pessoa, conseguir ajudar outros, amar e ser-se amado, rir muito e muito, dizer o certo e o errado.
Um dos momentos mais interessantes é a aproximação de duas pessoas. Duas pessoas, que por alguma razão, forçada ou não, se conhecem, cara-a-cara e que se começam a descobrir mutuamente...Tamanha novidade...

Estranho é o caminho que persigo, como se corresse atrás do tempo
Num labirinto sem saída e sem inicio,
Longe de todos por estar tão perto, onde o frio e o calor
Brincam juntos enquanto sorriem...
Mas descubro-te numa esquina qualquer, a vida podia tornar-se
muito mais simples...Mas descubro-te.
E o mundo gira em torno de algo diferente, o sol esconde-se
atrás de ti...porquê?Porquê?

A procura incessante de conhecer a outra pessoa, os seus segredos, as suas caracteristicas: as boas (no inicio) e depois as más (que também fazem parte do ser humano). Os problemas, os pontos de vista, as sensações, as experiências. A necessidade de se estar junto, de saber mais, de contar mais, de sorrir, de estar mais próximo de algo, de uma verdade sem contexto mundial, sem lógica cientifica, apenas a verdade de duas pessoas que se conhecem...Para quê? Não sei. Mas todos nós precisamos.

Não fugi, nunca fugi. Mesmo quando me distanceio é porque
estarei mais perto, mesmo não me vendo...Fecha pois os olhos
e sente-me. Todas as sensações ao mesmo tempo,
Sonhos, força de fazer e sorriso de acção feita.
Se te encontrei para quê fugir? Eu não fugi, eu nunca fugi.
Não tenho de esperar mais, o agora começa cedo.

Agora que tento lembrar-me não sei porque comecei este texto. Às vezes penso de mais. Ou então penso de menos e isto é uma resposta ao meu mediocre tédio. Mas quando escrevo, mesmo estando à secretária, num computador, com a janela do quarto aberta, sinto-me melhor do que nada disso. E porque preciso de explicar tudo, para seguir mais um passo em frente.

Dizia eu, é das melhores coisas da vida, descobrir alguém e conhecer essa pessoa, desvendá-la, trata-la como se fosse a última pessoa com quem vamos estar antes de morrer, e encontra-la por dentro. Este é um processo que se repete muitas vezes na nossa vida. Umas vezes levada mais profudamente, noutras mais ao de leve.
É importante é gozar esses momentos, agarrá-los com força, mas muita muita força.
É assim...

Sentimento de salvação, nas folhas da tua vida,
Lágrimas puras caiem de um rosto exausto de chorar,
Posso chora-las contigo, tentar limpa-las...
Seria diferente, por isso não as choro, não as limpo.
Desejo apenas, concretizo nunca.
Não me chega, não me basta, não sou ninguém...
O que quero detesto depois, porque sei que não devo.
Devagar, quanto mais próximo mais longe,
Por muito que tente ficar perto.
Aperto-te as mãos depois de te ver chorar.


22:35 - 19\05\09

Repercussão

It's not enough.
I need more.
Nothing seems to satisfy.
I don't want it.
I just need it.
To feel, to breathe, to know I'm alive. (Tool)


Desligado estás, sentado, meio perdido no centro do vazio,
Corpo dormente, coração cansado, alma refugiada no frio.
Esperas algo que não vem, sofres por querer sem saber porquê.
Jogas aos dados com o universo, na ilusão que a sorte te dê
Uma réstia de solução, até que ponto jogas tu em vão?

Perdi a gravidade, como uma criança que está a começar a caminhar,
E ao cair, levanto-me, consciente de que sei onde é o meu lugar.
Loucura é palavra louca, ignorada por toda a gente,
E eu vou escrevendo, tentando na minha semelhança ser diferente.

É com um olhar perturbado que vos escuto, rosto oculto
Nas ideias que me mantêm vivo.

You all feel the same so... why you can’t just admit it?! (Tool)

domingo, 17 de maio de 2009

Anjos e demónios - Desabafo


“O reino de Deus está dentro de cada um de vós…” (Jesus Cristo)

Para todos aqueles que pensam conhecer-me melhor, tenho uma coisa para vos dizer, possivelmente estarão quadradamente enganados. Alguns, nos dias que correm, poderiam até, num acto de loucura, declarar-me um anti-cristo, algo contrario a mim mesmo.
Em tom de desabafo, fui baptizado há 3 anos, e digo já que defendo a ideia de se ser apenas baptizado quando se tem idade e maturidade para tal, vejo com algum desdém crianças serem coladas num mundo que nem elas conhecem e muito menos percebem. O resultado por vezes é tristemente visível, católicos ressequidos, mentes cabisbaixas, rostos desolados e sorrisos amarelos para todas as criaturas de Deus. (mas não só, não são só estes pequenos prodígios que se tornam pessoas secas, e que, apesar de dizerem espalhar o amor e comunhão, espalham na verdade: uma vontade indesejada de verdadeiro bem…)
Confesso, que o filme Código Da Vinci e o filme mais recente Anjos e Demónios me deram uma secreta felicidade… Sim eu sei, e passo a citar: este filme é bom de se ver, porque é todo ele ficção. É engraçado, como as pessoas, não percebem por vezes que lhes estão a fechar os olhos, mesmo quando sentem mãos alheias e sagradas sobre os mesmos e nada vêem.
Por momentos, no lançamento do Código Da Vinci, pensei que tínhamos voltado à Inquisição… “Se virem o filme serão queimados…”. Não digo em tom de ironia. Ainda bem que matar alguém já não está, hoje em dia, nas mãos de poderosos sem medo e culpa. Recordo-me, mesmo em Portugal, de um livro como o Padre Amaro (de Eça de Queirós) ter sido proibido. Porquê? A mim parece-me demasiado óbvio. Mesmo não frequentado a Igreja nos dias que correm, conheci algumas boas pessoas lá dentro. Algumas. Pessoas de verdadeira fé, sem ponta de hipocrisia, honestas, e mais importante ainda, serviam a Deus, e não há Igreja. Mas conheci muitas, e outras que não é preciso conhecer, basta observar com bons olhos, desde da sua postura perante os outros, as suas atitudes, os seus juízos de valor, a ilusão de serem diferentes e mais poderosos (seja lá no que for) do que todos os outros comuns mortais. Sempre fui muito aberto neste sentido. Mesmo nos tempos em que frequentava a Igreja já o era. E por isso mesmo era julgado… E esta é uma verdade, que tenho muito em conta, ter fé é ter capacidade de acreditar e de interrogar também. Ter verdadeira fé é tentar agir bem e tentar corrigir o que está realmente errado. Ter fé é ter coração e olhos abertos, e não estar-se fechado num mundo restrito, onde a luz só entra através de RITUAIS CRIADOS PELO HOMEM.
É importante realçar que nada tenho contra os católicos, aliás, eu ainda sou, apesar de já não o sentir. Neste momento sou aquilo que penso ser a atitude mais pura, sou cristão. E respeito quem acredita e quem não acredita. Só não respeito a hipocrisia, nem respeito os erros passados e presentes de quem pensa estar mais próximo de Deus, quando na verdade, na mais pura das verdades, está tão preso à terra, e aos seus verdadeiros defeitos.
Mas Jesus também o disse, sejam felizes. Pois então sejam. Seja lá a fazer o que for. Mas sejam.
Só me custa a mim, ver tamanho povo dito crente, rodeado de lúxuria suficiente para ajudar toda uma África, todo um poder para por o mundo a funcionar bem melhor e bem mais justo. Tudo…desperdiçado.
E eu não teria nada contra vós, se apesar de terem os vossos rituais inventados por vós (mesmo que inspirados em Jesus) colocassem as coisas na sua devida ordem. Já o disse, e fui olhado com desdém por isso, mas volto a dizê-lo:

Primeiro está Deus, e só depois, apenas depois, está a Igreja. E nunca confundam a verdade que vos pode guiar o coração, com o poder criativo do Homem.

Estou exausto, obrigado por ouvirem o meu desabafo.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Reflection - Reflexão - Reflection - Reflexão


(ouço ao longe, em som crescente, pequenas batidas de tambor, que vão aumentando...quando dou por mim já não as ouço...porque comecei a fazer parte deles, do som, da força, sou eu marcha em movimento...)

Sou fome nula, num banquete sem pessoas ou alimentos,
Desculpa óbvia para toda a falta de vontade,
Sou punho fraco sem força nos tendões,
Sou tudo aquilo que mais odeio nos vossos defeitos,
Lágrima firme em rosto triste...

Amor é dose de loucura, nem todos o conseguem desenvolver,
É preciso alterar regras, deslocar obstáculos, ser-se melhor,
O amor não está ao alcance de todos...

Loucura é dose de amor, fazer o imprevisto, agradar ao outro,
A loucura tão pouco está ao vosso alcance...

Nesta maré de calmaria, onde ruge o trovão da lembrança,
A memória inexistente, onde vejo as mudanças do céu,
Onde paro e apenas observo, onde me deixo render ao tédio,
Vendo o tempo mudar...
Precisava mais de ti, do que de qualquer...

A cada dia que passa, pé ante pé, vou-me afastando de pequenos
Abismos, e estou grato por isso.
Renascimento na minha pele, na minha pessoa.
Por enquanto, estou assim, assim estou no meu momento.

Mas solto-te para longe, a vida será bela sempre,
E deixo-te pois, na brisa que nos rodeia,
Que ela te leve para longe, para muito longe,
Tão longe quanto possivel, até saires do meu pensamento...
Quando assim for, seremos duas pessoas finalmente soltas.


17:50

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fight Club - o tributo



The first rule of fight club is, you do not talk about fight club.
The second rule of the fight club is, you DO NOT talk about fight club.
If is this your first night…you have to fight.


Se me perguntarem qual é o filme da minha vida, não penso duas vezes para responder: são muitos os filmes que me preenchem e que me sabem bem ver, muitos mesmo, aliás são mais os filmes que gosto do que aqueles que de facto não me dizem nada ou mesmo que detesto. Mas a verdade é que só um filme me marcou realmente até hoje. Este filme representa para mim um triângulo, em que nos vértices inferiores escreve: originalidade e informação útil, no vértice de cima: perfeição (que advém dos outros dois e não só).
O senso comum, do qual na maior dos casos faço parte, irá perdoar a minha honestidade bruta, mas este filme é de tudo menos sobre lutas livres, lutas mortais, sangue e acção fútil (sobre a qual respeito, e muitas vezes gosto). Não é. Tão pouco representa o típico filme que estamos acostumados a ver, com histórias similares, em que apenas mudam os nomes das personagens e as maneiras de se dizer “amo-te”. Não estou aqui a escrever críticas, respeito todo o tipo de filmes, mesmo quando estes nada me dizem (pois gostos não se discutem, conversam-se), mas acho que um filme deve de facto reunir fortes argumentos, algo que é subjectivo como podem calcular.

Este filme poderá contar a história de qualquer um de nós. Quando digo isto, não o digo da mesma forma que a maioria dos filmes nos tentar passar, é impossível neste filme não existir um fragmento de tempo no qual não digamos: eu sei o que isso é, eu sinto da mesma forma. Considero este filme uma dádiva da criatividade, e seria um enorme prazer apertar a mão ao seu criador. Este filme processa uma evolução, na minha modesta opinião, de um ser, um crescimento pessoal, algo que roça tanto o lodo, como roça o belo. Claro está que conta ainda com excelentes performances de Brad Pitt e de Edward Norton.

E é engraçado como facilmente conseguimos definir um ou dois estilos para um filme, mas neste caso é muito complicado. Como se chama um filme que nos faz pensar na nossa maneira idiota de viver a vida? Não sei o nome. Este filme entretém-me : comédia (conforme os casos), acção; tem de alguma forma uma espécie de romance, algo subtil; não é de terror, mas pode-se considerar um thriller; não é sem dúvida um musical.

É um filme magnifico, para mim, e até hoje, o melhor filme da minha vida.
Aconselho qualquer pessoa a vê-lo! De tempos a tempos passas na TVI, podem facilmente arranja-lo na internet (através dos programas usuais) ou mesmo num BluckBuster junto de vocês.
A vossa vida poderá não mudar, mas ficam com a certeza que gostavam de mudá-la. Eu ainda tento arranjar forças para tal.

Até que ponto fazemos aquilo que não queremos só por parecer melhor? Porque somos cooperativos e escravos da hipocrisia? Porque somos consumidores viciados? Porque compramos coisas que de facto não necessitamos? Porque desperdiçamos a vida no que não nos realiza? E isto e muito, mas muito mais…

Diogo Garcia , 14h31, 13 de Maio.

domingo, 10 de maio de 2009

Black angel, terceira e última parte, o vôo


I know the pieces fit cause I watched them fall away...(Tool)

Tudo o que sempre te faltou, pequeno pedaço de céu,
Foi a coragem pequena e mais do que suficiente,
Para cortar a corda que te amarra as asas,
Sentires o vento na cara, e sem pressa de viver tarde de mais,
Abrires asas, e finalmente, voar.
Mas às vezes a força é tão pouca, mesmo quando devemos
ser mais fortes, e foge-nos a vida, o destino, a certeza,
Feitos de pó, eterno pedaço de poeira, à procura...
Porque tu sabes que as peças encaixam, que tudo tem um sentido,
Mas não neste momento, viste-as separarem-se, cairem no chão...
E tu olhas para mim, triste olhar sem amor, na espera da calma,
Sorrindo na esperança vã que te peça para me soltares,
Para me mostrares cores ainda não absorvidas pelo meu ser,
Filosofias tão futéis que me saberiam tão bem...

(este texto ainda não está acabado e talvez a sua conclusão não seja feita por mim. Esperemos.)

domingo, 3 de maio de 2009

Black angel, segunda parte


Feed my will to feel this moment...(Tool)

Vejo-te assim, levantares-te, a ergueres as costas
e com um sorriso quase doce, com a maior ternura, sem pestanejares,
abrires as tuas asas negras...apesar do anjo que és.
Mas enganei-me, como me engano outras vezes,
Na minha vaidade de acreditar, de querer mais, acabei iludido,
Numa ilusão que rebaixa, que nos faz fazer parte do chão.
Imaginei-te, força brava, algemas rasgadas,
A cara iluminada apenas pela felicidade, num momento honesto.
Se por vezes és espiral de fogo que me leva ao céu
Também és espiral de rocha que me leva ao confins do inferno.
E eu nunca fujo à verdade, por muito que esta me mutile,
Em pequenas dores ferozes que depressam se tornam pesadelo.
Não te consigo alimentar a vontade, o desejo, para que
Sintas este momento verdadeiramente, sendo assim
Não sou capaz de fazer melhor, e sofro, nesta frustação
Tão perigosa que me destrói a alma tão ao de leve...
Mas a amargura acabará por chegar, e depois, acabará por desaparecer.
A paz do mundo refugia-se de mim, mesmo correndo atrás dela,
E tu, pequeno pedaço de céu, não sei para onde corres, mas corres sem parar.
Faço-me à vida, com o que resta de mim.
As possibilidades apodrecem a cada dia que passa,
Deixando-me um nó na garganta, afugentando a minha vontade de gritar
Preferindo guardar tudo cá dentro, amaldiçoando a falta de companhia.
Mas sei que não estou sozinho...Pelos menos até ficar.
No fim respiras angústica, queimas o tempo através do ódio,
Criando imagens infiéis da verdade para te sentires melhor...
Não quero isso para ti, não quero isso para ti, não quero.
Tudo o que sempre te faltou, pequeno pedaço de céu,
Foi a coragem pequena e mais do que suficiente,
Para cortar a corda que te amarra as asas,
Sentires o vento na cara, e sem pressa de viver tarde de mais,
Abrires asar, e finalmente, voar.

03\05\09 – 19h36
Este poema está mais próximo de quem precisa de facto dele. E está menos longe de mim. Mas agradeço por tudo o que possa transparecer nele de real. Sendo verdades ou não. Agradecer a tudo o que faz parte dele, em cada linha.