quinta-feira, 21 de maio de 2009

Levado pelas palavras que nada significam

Possivelmente o poema mais triste que alguma vez escrevi. Porquê? Apeteceu-me.
São palavras que nada significam até serem sentidas. Não o desejo a ninguém.


I am just the worst lier...I am just an imbecile.

Nada significo na minha vontade, no suspiro que te revelo,
Significado pobre nas palavras que escrevo,
Asas brancas, sorriso brando tornado pesadelo.
Não posso ser mais, quero e consigo, mas não vou fazê-lo...
Não queria dizê-lo, e por isso o silêncio é o meu selo.
Selado por chaves que não me pertencem,
Esperado por pessoas que me desconhecem e que aguardam
O erro mais básico, a resposta mais sensata, a mentira.
Firo o meu ser com ideias de dor, pedaços que quebram
Este retiro tão saudável...
Já não espero, já não sonho, espero-vos num lugar bem diferente.
Quero o que quero e nem tudo posso ter,
Nem o nada, o que mais quero ninguém me pode dar,
É uma alma que não tem sossego.
Já deixei de ser cego aos sinais dos caminhos,
E aprecio cada pôr do sol, como se não existisse o
Próximo levantar do sol...

Não guio rebanhos, mas tão pouco sou guiado.
Descobri que as doenças nos fazem dar valor à vida,
Que a partida dos outros nos faz lamentar,
Que vivemos enquanto todos morrem e ao vê-los morrer
Queremos viver mais, dizer mais, ser muito mais.
Triste destino que nos aguarda, esperar até que aconteça algo.
Porque até lá nada fazemos.
Olhos fechados, de criança adormecida,
Numa pausa dormente, à espera da pessoa assim escolhida.

Sim, eu gosto de viver.
Sim, eu gosto de viver.
Ao escrever reflicto para outros as palavras de ninguém.
Enquanto as escrevo, estou vivo.

Não sou circulo, não sou aresta, não sou ciência.
Não sou romântico espelho da antiguidade,
Não sou ideia renovada a cada passo,
Sou aquilo que sou e aquilo que faço,
E aquilo que faço para mim não tem preço.

Gostava de poder sonhar mais alto.
Não uso o rancor como uma coroa,
Tão pouco procuro ser igual.

Com olhos de quem teme, é assim que olho o mundo,
Eterno vagabundo entre linhas, frases que me merecem,
Louco prosador até a hora da demora,
Sou louco, poeta que escreve, até ficar rouco.
E se penso em voz alta é porque quero partilhar,
E que dá o que pode, à sua maneira, já é de louvar.

Acabo estas linhas de forma quase desesperada,
Quero dizer tanto mas a lingua está parada,
E fico mudo nesta realidade aparente,
Fingindo que sou pessoa, fingindo não ser gente,
Olhando o mundo nos olhos
Mesmo nele já não sendo crente.
Fingindo amar, mas amar como quem mente,
Mentindo de maneira fácil, muito facilmente,
Querendo chegar mais longe e arrebatar sensações
Quando esta alma já nem sequer sente...

Aqui jaz ninguém.

23:19

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