quinta-feira, 28 de junho de 2012

domingo, 24 de junho de 2012

omnisciência



Saberão os deuses, saberá Deus, mais um pouco,
perante toda esta minha arrogância.
Mais um dia, mais uma noite, 
num relógio com ponteiros que rodam parados,
momentos contados num calendário.
Toda esta minha ignorância.
Um movimento acelerado de quem se arrasta,
um sorriso de louco para quem se aproxima
e para aquele que se afasta. 
Por mim não basta. Nesta simplicidade em decomposição
nesta complicação vasta; onde os sonhos trocam
noites e as noites são divagações; rangendo 
pensamentos, crucificando escolhas.
Quem se lembrará destes nomes? 
Mais ninguém. Omnipresente, preso em dois lugares,
tão diferentes, comuns naquilo que fazem sentir,
e num perfume partilhado que não volta.
Perante toda a minha arrogância,
afinal que sei eu?
Quando penso saber, saber mais do que outros,
tudo se torna engano. E a certeza era tanta..
Nada. O nada é o denominador comum.
E as palavras começam a ser como incógnitas,
não se percebendo deixam de fazer sentido.
Não que me importe, não que precise, 
apenas queria. Não que me importe, mesmo
que precise, apenas queria. 
Afinal que sei eu? Nada. E nada
vale tanto como nuvens no céu nocturno. 
O medo de estar enganado consome tudo,
o sentir e o pensar, lutar ou recuar,
já não alimentam o ar forçado que respiro.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

argumentos de uma maldição


Doce despertar de uma loucura...
Amargo adormecer numa noite
sem sonhos, numa conclusão escura.
O que pode ser tolerado
até que as costuras da alma
se rasguem, deixando vísivel
o medo, o falhado, o adormecido?
Não era preciso ter acabado assim.
Grita a tortura - que não se consegue calar
por muito que doa.
São nuvens negras que iluminam o caminho,
mesmo nos que procuram a luz,
fogem e voltam, e se voltam a fugir
é porque pretendem voltar.
Já não consigo sentir dessa forma.
A frieza acompanha um gesto que agora já é puro,
Aceito esta herança humana, como aceito
a esperança divina. Consegui admitir
que neste momento parado nada tem de fazer
sentido, que neste barulho completo
tudo pode estar distorcido - mas o mais importante
é saber que é tudo isto assim, sabê-lo e senti-lo.
Não era preciso ter acabado assim.
A sede - acordar de saliva seca, rodeado
de um mar exageradamente salgado,
E na fome de quem se vê no pedaço de carne
que pende do bico de um abutre que se distancia ao longe.
Este mundo é d'outrem, e este mundo não é de ninguém,
Mas tudo isto, mais tudo o resto, continua sem chegar,
porque o tudo não basta, o mundo é pouco, o amanhã
é outra coisa desinteressante e sem valor...
...argumentos de um demónio, assentes no dorso de um anjo
Sentado na cabeça do Homem, olhos brilhantes de ironia
olhando nos olhos de um monstro.
Talvez ainda não tenha acabado. E não deveria acabar assim.