sábado, 1 de junho de 2013

Há dias à noite

Há dias em que vos apetece aceitar a derrota,
Virar as costas ao desejo, virar as costas ao
que faz bater o vosso peito.
Há dias em que a vontade já nasce morta,
e é mais fácil fechar uma ou outra qualquer porta,
Deixando o vosso anjo caído satisfeito.

Não é agora o momento, será sempre depois,
Agora não - jamais e em tempo algum.
Esta distância psicológica separa-vos em dois
quando quase tão perfeitamente poderiam ser um.

Não aguentam mais a luz - não hoje, não agora,
Abrem os braços ao céu escuro,
Mudar hoje não, hoje não se prepara o futuro,
Um passo, dois passos, já estavas tão perto
quando começaste a ir embora.
O desejo transforma-se numa família de nuvens cinzentas,

Que chova toda a água dos lagos, dos rios 
dos mares e dos oceanos
Que cada trovão fira os ouvidos humanos
E deixe os deuses sentirem medo pela primeira vez...

Lutam tanto para sair das trevas
mas é tão fácil para lá novamente voltar...

Neste recuar cansado
tudo o que se deseja é o quebrar das regras
das previsões certas, do que já se conhece;
por tudo aquilo que continua a faltar.
Estar-se completo como os cinco continentes antes de se terem separado...